O ex-jogador Ronaldo, que é membro
do COL (Comitê Organizador Local da Copa), foi alvo, mais uma vez, da fúria da
rede petista na Internet. Na sexta, ele já havia dito que sentia “vergonha” dos
atrasos nos preparativos para o Mundial. No sábado, tanto o ministro dos
Esportes, Aldo Rebelo, como a presidente Dilma reagiram. Mal citando Nelson
Rodrigues, a soberana disparou: “Não temos por que nos envergonhar. Não temos
complexo de vira-lata”. Ora, o complexo de vira-lata a que se referia Nelson
era um sentimento injustificado e atávico de inferioridade. Ronaldo, ao
contrário, se referia a problemas que estão aí, à vista de todos. Nesta
segunda, a fúria dos petistas atingiu o paroxismo: o Fenômeno declarou seu
apoio à candidatura de Aécio Neves, do PSDB, à Presidência.
Indagada se estava brava com o
ex-jorador, a presidente se limitou a um monossílabo: “Não!”. Alguns petistas
graúdos expressaram um muxoxo de desagrado, mas a fúria mesmo se espalhou nas
redes sociais, sob o comando dos patrulheiros de sempre. Que gente curiosa, não
é?
Andrés Sanchez, ex-presidente
do Corinthians, hoje filiado ao PT, futuro candidato a deputado federal pelo
partido, foi diretor de Seleções da CBF em 2011 e 2012. Tornou-se a face da
inauguração do Itaquerão, um dos principais, vamos dizer, “legados” da Copa do
Mundo, ainda que apenas para uma fatia (imensa) dos brasileiros. Na inauguração
do estádio, lá estava ele como uma espécie de grande mentor.
Muito bem! É claro que os
petistas não veem nada de errado na atuação de seu provável futuro deputado
federal. Ao contrário até: devem considerar até muito natural que ele dispute a
eleição e que tenha se filiado ao PT com todo o estardalhaço a que teve direito.
Então o petista Sanchez pode ter sua posição política — e ser candidato! —, e
Ronaldo não? Só porque este é membro do tal Comitê Organizador Local? Não
consta que os que integram essa instância estejam proibidos de se manifestar
sobre qualquer assunto.
Chega a ser engraçado: alguns
cobram enfaticamente que, depois da declaração de apoio a Aécio, Ronaldo
abandone o tal “Comitê Organizador Local”. Ora, e por que ele deveria fazê-lo?
Não consta que estivesse lá porque petista, mas porque Ronaldo. E pertencer ao
tal grupo não exclui os seus direitos de cidadão, que é dar seu voto a quem
quiser, proclamando a sua escolha. Ou será que o tal COL deveria exigir teste
de fidelidade ao governismo?
Pertença ou não ao tal comitê,
Ronaldo tem o direito de emprestar seu apoio a quem bem entender. Ele não deve
nada ao governo, ao estado, aos políticos. O que ele tem foi conquistado com o
seu trabalho. Só faltava agora virar alvo de patrulheiros malsucedidos e
amargos.
Título, Imagem e Texto: Reinaldo Azevedo, 27-05-2014
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