Depois de uma tentativa de
golpe em Luanda, deu-se início a uma purga dentro do partido, conta a
jornalista Lara Pawson.
Sara Capelo
Em 2000, a jornalista Lara
Pawson estava na baixa de Luanda quando se iniciou uma manifestação: um grupo
de jovens sentou-se no chão em greve de fome contra o aumento de 1.500 por
cento no preço dos combustíveis. Minutos depois, nessa manhã “quente e húmida
de Fevereiro”, chegaram duas carrinhas com polícias armados. Doze manifestantes
foram presos. Dias depois, novo protesto e a mesma reacção das autoridades. À
terceira, um homem apontou-lhe uma kalashnikov e ordenou-lhe que parasse com a
entrevista que estava a fazer e desligasse o gravador. Recusou-se e ao segundo
aviso o homem prendeu o seu entrevistado.
Quando contou o sucedido a um
jornalista com cerca de 50 anos, ele disse-lhe: “A última vez que houve um
protesto digno desse nome (...) mataram muitos dos manifestantes.” Referia-se
ao 27 de Maio de 1977, o dia em que os fraccionistas (liderados por Nito Alves
e José ‘Zé’ Van Dúnem, recentemente expulsos do MPLA) organizaram um ataque a
uma prisão e à rádio nacional.
Na sequência desse dia, muitas
pessoas desapareceram ou foram condenadas à morte. Lara Pawson quis escrever
sobre esse episódio, mas não conseguiu descobrir quantas pessoas morreram,
segundo se lê no livro ‘Em Nome do Povo’ (editado pela Tinta da China e que vai
ser lançado sexta-feira, dia 23).
Num artigo na SÁBADO de 22 de
Maio contamos-lhe o que aconteceu nesse dia. Aqui,
publicamos a entrevista com a autora.
Título, Imagens e Texto: Sara Capelo, Sábado,
nº 525, de 22 a 28 de maio de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-