quinta-feira, 22 de maio de 2014

Educação... Como formar um Gentiluomo?

The Complete English Gentleman (1630), de Richard Brathwait, que mostra a qualidade exemplar de um Gentiluomo

Jonathas Filho
Ontem, estava sentado à mesa, almoçando, quando um pensamento me colocou dentro destas perguntas:
– O que está havendo conosco? Por que estamos tão hostis atualmente? Por que nos destemperamos e elevamos o tom de voz? Por que discutimos e brigamos?
– Parece que após acordarmos do sono de uma tranquila noite, nos travestimos de monstros e nos preparamos para que, ao abrir a porta da nossa casa para sairmos, estejamos prontos para enfrentar os leões cruéis e esfomeados na arena da vida. Precisamos nos policiar para não nos embrutecer e a receita para isso ser remediado e extinto ainda é a Educação.

Continuei refletindo, considerando que apesar de não ser Pedagogo, tenho a certeza de que o ensino escolar, em determinadas situações, pode sobressair mais do que a educação de “berço” ou complementá-la, otimizando o aprendizado e resultando em atitudes educadas, típicas de um ser humano civilizado.

Entretanto, continuaremos sendo hostis por um único motivo: a competição. Devido à competição, só o melhor é consagrado e os demais esquecidos, tratados com indiferença e até desrespeitados.

Comecei a divagar querendo entender e poder me dar as respostas quando relembrei uma conversa que tive há alguns dias com um colega de trabalho, o kirido Mario Joaquim, que conhecia de passagem, mas que não tinha tido o privilégio de poder intercambiar pensamentos. Dizia-lhe eu que se a sorte a mim se apresentasse e, consequentemente, eu tivesse o poder, construiria uma grande escola para ensinar algumas disciplinas bem diferentes das atuais que compõem o conjunto de matérias escolares, utilizadas para o 1º Grau ou Ensino Elementar para as crianças de 7 a 12 anos. Concomitantemente seriam ensinadas outras disciplinas comuns ao ensino básico, consideradas elementares tais como Língua Portuguesa e Matemática.

Um ser humano bem-educado e doutrinado para escolher o argumento ao invés do embate, sempre será um pacifista.

Depois que foi definitivamente instalada a “Sociedade de Consumo”, onde todos temos de “TER” o melhor, até a melhor classificação dos alunos se tornou uma obrigação e não um ideal. Nos meus tempos de aluno do Primário, numa Escola Pública, na Lapa, Rio de Janeiro, vi inúmeras vezes as professoras apontar para um aluno com melhor aproveitamento e dizer: “Fulano obtém sempre a maior nota; vocês deveriam seguir o exemplo pois... estão muito aquém!” Todos ficavam calados, mas na hora do recreio desabafavam suas mágoas, pois também tinham estudado, mas uns ficaram nervosos, outros tiveram o famoso “branco” para as respostas. Isso é comum até em adultos considerados calmos e comedidos. Considero que não é pedagógico enaltecer um, em detrimento dos demais. Considero que todos se orgulhariam se a Professora, ao invés de proceder de forma excludente como mencionei, dissesse que todos foram excelentes, que ultrapassaram a média, que eram muito inteligentes, mas que precisavam somente ler atentamente as perguntas e interpretá-las, e respondendo sem pressa e assim, com todo o cuidado, errariam menos. Resumindo: um elogio vale muito, e quanto mais verdadeiro for mais valioso será. O elogio da massa, sempre será um grande fortalecedor de egos, nivelando todos pela linha mais alta, ao mesmo tempo.
Concluí que a seria uma escola do tipo liceu, com a pedagogia adaptada e aplicada às crianças de 7 aos 12 anos.

Do currículo atual retiraria a Geografia, pois a meu ver, a sua utilidade poderia ser postergada para aqueles que se inclinassem a ter tal conhecimento mais aprofundado. No seu lugar, colocaria NUTRICIONISMO e ensinaria à petizada, o verdadeiro compromisso do nosso organismo com a alimentação e vice-versa, fazendo dessa matéria o melhor conhecimento do nosso corpo e como ele funciona mal alimentado, fazendo com que sejam prevenidos todos os problemas causados pelo que chamam de “alimentos”, mas que, na realidade, são “venenos e tóxicos”, muitas vezes colocados à venda nas gôndolas dos supermercados sem quaisquer restrições e informações sobre o mal que causam por serem consumidos por décadas consecutivas. Este seria o maior e o melhor investimento em Saúde para o futuro.

Ensinaria RELAÇÕES HUMANAS dando ênfase especial à Diplomacia, pois indivíduos ainda com a personalidade em formação teriam acrescentado esse enfoque humanista, passando a ter uma abordagem comportamental sem tendências ao ataque verbal, à hostilidade e à agressividade, que são criados pelo antagonismo gerado pela competição ou rivalidade. Nessa área cultural prevaleceria a colaboração, a cooperação e a solidariedade.

Trocaria Religião por FILOSOFIA, pois significaria aprender, desde a infância, o amor à sabedoria, com estudos fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores culturais, morais, éticos e estéticos, à mente e à linguagem. Seria inserido na Filosofia o estudo da nossa LÍNGUA MATER, priorizando o efetivo saber e em particular, a interpretação e entendimento do que se lê e do que se ouve.

Ao invés de Ciências ensinaria ARTES. Todas elas: Música, Literatura, Pintura, Escultura, Dança, Poesia, Representação. Assim possibilitaria a fruição de mais beleza para as vidas futuras. Todos sabem que o ser humano que lida com arte é mais harmonioso, mais sensível e mais observador. Todo artista, seja da arte sonora, cênica ou plástica, encontra-se à frente daqueles que não têm contato com o objeto estético. O artista não é belicoso; é pacífico e se recria a todo instante sendo um amante da Paz.

Manteria a HISTÓRIA, mas com uma modificação substancial. O início da História, para as crianças, teria características peculiares contidas nas informações de hoje, mas objetivando em primeiríssimo lugar a verdade dos fatos. O ponto de partida seria o Big Bang e daí toda a História Universal seria mostrada.

Aos doze anos de idade, este ser humano, mesmo que ainda em formação, terá conhecimento suficiente em número e em grau, compatíveis para ser chamado respeitosamente de CIDADÃO BRASILEIRO e, consequentemente, será um indivíduo pacifista, ético e honrado, ávido pelo saber e que, certamente, terá as escolhas bem-feitas, para a complementação dos seus estudos para a devida formação destinada ao ofício desejado.

Parece utópico, entretanto, não é, pois a aproximação dos indivíduos se dá pelo entendimento e pelo relacionamento harmonioso que é gerado pela paz. Um olhar atual nos mostra um mundo em que todos nós estamos com pressa, dispostos a atacar para nos defender, explodindo com destemperança, com medo de dobrar uma esquina e sermos abordados pelo perigo à nossa integridade física ou ao nosso patrimônio. Tenho a certeza de que essa Escola produziria efeitos substanciais para a erradicação da agressividade individual e do medo ao desconhecido.
Pode levar algumas gerações, mas, com certeza, mudaremos pouco a pouco, efetivamente, para um mundo melhor.

Nota: O NUTRICIONISMO ao lado da DIPLOMACIA precede tudo isso, pois quando estamos adequadamente alimentados, pensamos melhor e nos comportamos mais humanamente.

Creio que, se todas as situações de crises fossem antecedidas com uma boa refeição entre indivíduos pacíficos, provavelmente não teriam acontecido tantas guerras e sim mais divisões dos alimentos, dos conhecimentos e das artes, o que geraria o entendimento entre os povos deste nosso planeta azul.
Título e Texto: Jonathas Filho, 22-05-2014

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