domingo, 18 de maio de 2014

A democracia ilimitada

Alberto Gonçalves

José Vítor Malheiros (foto), um senhor que escreve no Público, escreveu, um destes dias, sobre as "europeias": "O espectáculo da campanha vai ser triste, mas o que será mais desolador será ver a quantidade de votos que os partidos do Governo vão, apesar de tudo, recolher, ilustrando as limitações da democracia."

De facto, a democracia assim não vai a lado nenhum. Enquanto o povo não for educado ou não se proibir o voto nos "partidos do Governo" (tradução: na "direita"), de acordo com o que aconteça primeiro, nunca atingiremos o "domínio da real alternativa e da construção de uma sociedade mais justa" (decorre do artigo que o PS, cuja prevista vitória será - cito - "desoladora", também não serve).

Bem vistas as coisas, o que é que queremos: uma democracia limitada ou ilimitada? Todos em coro, agora: ilimitada, claro! Ora então é muito fácil. Basta que os cidadãos abdiquem de votar ou pelo menos não votem sem antes perguntar ao Sr. Malheiros em qual quadradinho devem pôr a cruzinha. Parece impossível que ainda ninguém se tivesse lembrado antes de uma solução tão evidente e capaz de, num ápice, acabar com as injustiças, a desigualdade, a corrupção, a propaganda, a dívida, o atraso de vida e, de caminho, a escolha popular, tudo catástrofes que deprimem o pobre Sr. Malheiros, sinónimo do déspota esclarecido. E esclarecedor.
Título e Texto: Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 18-05-2014

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