sexta-feira, 8 de agosto de 2014

[Estórias da Aviação] Treinamento no DC-8

Alberto José
Era uma tarde de sol em 1973, eu havia terminado a minha programação e resolvi fazer um "treinamento" no teletipo da sala de "rádio", anexo ao D.O., no barracão do GIG, a 200 metros do então Aeroporto do Galeão.

Como muitos sabem, o teletipo era uma máquina de escrever Olivetti onde o operador escrevia um texto, que era gravado em fita perfurada; depois, ele colocava a fita, inseria o endereço do destinatário e a fita corria transmitindo o texto em alta velocidade! Na recepção da mensagem a fita também era rapidamente e automaticamente gravada (perfurada)!

Voltando ao assunto principal: ao passar pelo DO, vi nas listas de apresentação que estava programado um treinamento no DC-8 (PP-PDS) com os comandantes Pinto, Bungner e Geolar e Segundo Oficial, FE e Navro dos quais não lembro o nome. Assim, fiquei "ciscando"por ali!

Quando a tripulação chegou para o treinamento, me apresentei ao Comandante Pinto, cumprimentei aquele Comandante "fora de série", competente e companheiro de verdade perguntando "se tinha lugar para mais um"! Como já tínhamos conversado sobre aerodinâmica, voo à vela (ele ganhou campeonato voando planador) e, anteriormente ele havia recomendado que eu fosse voar planador com o seu filho Fernando Pinto, que era instrutor em Nova Iguaçu, prontamente concordou que eu fosse de extra no voo de treinamento GIG/VCP/GIG! Foi autorizado um passe extra, que dava direito à minha caixa de lanche!

Foi uma experiência maravilhosa participar de um voo de treinamento com o melhor comandante e uma das melhores tripulações de DC-8 da Varig! O Comandante Pinto me mostrou como ocorria o "stickshake" quando a pesada aeronave entrava no envelope de "stall"; fez perdas de sustentação e, imaginem vocês, acionou os reversos das quatro turbinas a uma altitude de mais de 20 mil pés! O interessante é que nas quatro perdas comandadas eu soltava o cinto e chegava a flutuar no meio da cabine! Essa era a Varig que valia a pena conhecer, com colegas maravilhosos, amigos como o Comandante Pinto e alguns poucos da sua linhagem! Foi uma viagem inesquecível!

Foto: Christian Volpati

Anos depois, em outra situação, assisti no cockpit o instrutor antipático e muito presunçoso dar um soco no braço do seu aluno, que estava na esquerda, por ter atrasado a execução de um comando dado por ele. Esse tipo de atitude do comandante-instrutor, felizmente modificada pelas normas CRM, foi o que causou a tragédia de Tenerife, pois o comandante da KLM não admitia "palpites" ou observações dos colegas!
Título e Texto: Alberto José, 08-08-2014

Delenda est PT!

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