1. Bastou que no primeiro
turno das eleições presidenciais o pêndulo político brasileiro se movesse
alguns centímetros da esquerda para o centro, para que a atual hegemonia
esquerdista ficasse em uma situação psicologicamente instável no Brasil, no
Uruguai (onde este mês também haverá eleições presidenciais e onde a oposição
tem possibilidade de ganhar da esquerda), assim como em outros países da
América Latina atualmente com governos esquerdistas.
2. Trata-se de uma
hegemonia que se mantém desde longos anos pela inação dos líderes do centro e
da direita, é verdade. Porém, que sobretudo conseguia se impor mediante uma
misteriosa anestesia psicológica que as esquerdas foram capazes de injetar, em
doses graduais, nos públicos dos respectivos países latino-americanos que
atualmente governam.
3. Sabe-se que
para finalidades cirúrgicas, as anestesias, sejam locais ou totais, possuem um
tempo limitado de duração, dentro do qual a respectiva equipe de cirurgiões
consegue ou não realizar operações, muitas vezes de alta complexidade em órgãos
vitais do corpo humano. No que diz respeito aos corpos sociais, no campo da
psicologia social, pouco ou quase nada publicou-se sobre as anestesias
psicológicas que podem ser aplicadas — e que se vêm aplicando — em nações
inteiras e até a blocos regionais de países.
4. Um dos melhores
estudos críticos que se escreveu até o momento a respeito das anestesias
sociais, é um livro publicado em 1988 em Madri, intitulado “Espanha,
anestesiada sem perceber, amordaçada sem querer, extraviada sem saber – A obra
do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE)”, redigido por um
conjunto de investigadores da escola de Plinio Corrêa de Oliveira — intelectual
brasileiro que teve um papel fundamental na explicitação das delicadas teses de
psicologia social desenvolvidas nesse livro [1].
5. A
“psico-cirurgia” do PSOE é analisada lá em câmara lenta, e mostra-se como
através de uma estratégia de gradualidade, e não de enfrentamento aberto como
faziam os velhos revolucionários, foi-se anestesiando as forças vivas da
Espanha, deixando-as inertes durante anos frente a uma ofensiva socialista
“pacífica”, consensual e gradual. Tratou-se de uma revolução “tremenda”,
“assombrosa”, embora “silenciosa” e “tranquila”, que se operou na profundeza
das mentalidades e das tendências mais que nas estruturas sociais, um novo tipo
de revolução incruenta que transformou a Espanha quase inadvertidamente. É o
que se descreve em câmara lenta, passo a passo, na referida obra.
6. Oferecemos aos
leitores brasileiros e latino-americanos que se interessem pelo tema, um resumo
em espanhol de 54 páginas do livro “España, anestesiada sin percibirlo,
amordazada sin quererlo, extraviada sin saberlo – La obra del Partido
Socialista Obrero Español (PSOE)”, em formato PDF. Basta clicar no link que
se transcreve no final deste editorial [2]. Boa Leitura.
7. É possível que
o leitor brasileiro encontre analogias entre a psico-cirurgia que o Partido
Socialista Operário Espanhol (PSOL) aplicou na Espanha e a desconstrução mental
do Brasil ao longo de três governos do Partido dos Trabalhadores (PT), que até
o momento leva 12 longos anos no poder. Assim como também o leitor argentino,
boliviano, chileno, uruguaio, venezuelano, equatoriano, etc., poderá
eventualmente tirar também suas próprias conclusões e traçar suas próprias analogias.
8. Faltam ainda
vários dias para o segundo turno eleitoral no Brasil, que se realizará no
próximo dia 26 de outubro. Não sabe-se o que pode acontecer até a data da
votação e é realmente difícil prever o resultado final, entre outros motivos,
porque o público brasileiro, do mesmo modo que o público de países da região
atualmente sob governos de esquerda, está ainda bastante anestesiado, instável
e volúvel, o que torna difícil fazer previsões. 12 anos de hegemonia
esquerdista não transcorrem em vão.
9. De qualquer
maneira, é desejável que esse movimento pendular iniciado no Brasil sirva para
infringir uma derrota eleitoral ao atual governo, assim como um debilitamento
da hegemonia política esquerdista nesse país e em outros países da região. Uma
eventual vitória da oposição no Brasil, dependendo da evolução dos fatos,
poderia chegar a ter um efeito similar ao que teve a queda do muro de Berlim
sobre as esquerdas europeias. Esse resultado não seria pouca coisa. Sobretudo
se consegue-se um antídoto eficaz contra as anestesias e as psico-cirurgias
sociais que ameaçam conduzir-nos sem perceber ao abismo da desconstrução
mental, política e cultural mais espantosa. Uma eventual derrota do governo do
PT (Partido dos Trabalhadores) no Brasil e o consequente debilitamento de sua
hegemonia, não pode nos levar a dormir nos lauréis de uma vitória apenas
eleitoral.
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Apontamentos de Destaque Internacional. Sexta-feira, 10
de outubro de 2014. Responsável: Javier
González. Para encaminhar sua valiosa opinião, pedido de subscrição ou
cancelamento, etc., envie um e-mail para destaque2016@gmail.com. Obrigado.
Notas do autor:
1. Biblioteca
on line muito completa com escritos de Plinio Corrêa de Oliveira:
Tradução: Graça
Salgueiro
Agência Boa Imprensa, 12-10-2014
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