quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Portugal: um país politicamente GRETAdo

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, o adjetivo gretado significa “aquele que está provido de greta(s), de rachaduras”. Ora, é como está Portugal hoje e nos últimos tempos: um país cheio de gretas, e enchido pela Greta. Pela “gretamania”. Pelo delírio mediático, devidamente amparado e acentuado pelos políticos sempre ávidos de seguir as modas do facilitismo, em torno da Greta.

João Lemos Esteves

Nós julgávamos que o cúmulo do ridículo neste país tomado de assalto pela extrema-esquerda e pelo PS que perdeu a coragem democrática de outros tempos e se rendeu aos interesses especiais – que é o atual, infelizmente, liderado por António Costa  - já tinha sido atingido há muito: no entanto, eis que hoje assistimos a um novo episódio que, dificilmente (trata-se de uma previsão, não de uma promessa ou certeza inabalável: afinal de contas, com esta esquerda – e alguma direita que lhe faz todos os fretes, à espera que o poder lhe caia no regaço – nunca se sabe…o ridículo é o seu modo de ser e estar…) será ultrapassado: a loucura pela chegada de Greta a Lisboa.



As televisões dedicaram horas e horas, desde muito cedo, à cobertura da chegada, acompanhando minuto a minuto, desde o percurso da menina no mar até à desembarcagem em Lisboa. Atribuíram à menina Greta um estatuto superior a um Chefe de Estado ou a um alto representante diplomático: parecia que estava a chegar a Lisboa o Papa, senão mesmo o Profeta ou o próprio Deus, tal o aparato mediático…

Ora, perante uma comunicação social que hoje vai voltar a pedir ao Presidente Marcelo que promova ajuda financeira pública aos média (ou seja: que os pobres dos contribuintes sejam obrigados, na prática, a comprar jornais, mesmo contra a sua vontade), os órgãos de comunicação social portugueses não pouparam recursos, humanos ou financeiros, para executarem megas operações de acompanhamento da menina Greta. Ver o declínio intelectual, político e até moral de um país desta forma dói. É triste. Muito triste. 


Houve até uma estação televisiva que anunciou a chegada de Greta, a “cientista ambiental”. A cientista ambiental! Está, pois, inaugurada a nova comunidade científica: os cientistas do Chocapic… Basta comer uns cereais ao pequeno-almoço, ter feito uns anos de escolaridade obrigatória, assistir a dois ou três episódios do “Ecoman” (ou equivalente) e…voilá! – é-se admitido na verdadeira comunidade científica que pode mudar o mundo!

Engraçado notar que há poucas semanas, um jornal português publicou um artigo de um jovem, que se assumia sem medo de direita, estudante do ensino secundário – ora, a máquina mediática esquerdista mobilizou-se toda para vilipendiar, sem qualquer pejo moral ou ético, esse jovem. Como é possível um jornal português, que quer ser credível, publicar um artigo de um jovem, menor de dezoito anos? Que crime! Que indecência!

 Ora, esta mesma máquina esquerdista mobiliza-se hoje para louvar a Greta, para beijar a mão à Greta, para dizer à Greta que não cometeu qualquer pecado ambiental e logo merecem entrar no seu “céu livre de CO2” – louvando o facto de ser uma menina com…dezesseis anos, que falta à escola e dá a cara por causas! Que hipocrisia – no entanto, pelos vistos, hipocrisia não é pecado que seja impedimento de entrada no “paraíso eco friendly” da Profeta Greta…

Que haja jovens que admirem Greta, é natural – no fundo, trata-se do mesmo fenómeno de adoração a outros jovens pop stars, como os “One Direction”, o João Félix, os Damas ou o canal Panda; há um elemento de identificação entre os jovens e estas estrelas. Agora, que Ministros, que responsáveis governativos de topo, se ajoelhem e dediquem cartas de amor e veneração à menina Profeta dos “mares e dos hippies” Greta, descendo ao nível de uma adolescente num concerto pop…está tudo dito sobre o nível da classe política e da falência deste regime.

Não é, pois, por acaso que o CHEGA está subindo nas sondagens e continuará a crescer, ultrapassando o CDS (e o PSD ou arrepia caminho ou também sofrerá…) – é que o André Ventura é o único que tem coragem, naquele Parlamento, para desafiar o politicamente correto absolutamente ridículo…É o único que se atreve a dizer o óbvio! Não se trata aqui de esquerda ou de direita; trata-se de ser sério intelectualmente ou desonesto. A maioria dos políticos e da comunicação social portuguesa prefere o lado da desonestidade.

O Parlamento português, na sua subserviência à Profeta dessa religião que é o “ambientalismo”, portou-se ao nível do clube de amigos do Canal Panda. Já agora, estamos a ponderar propor a substituição da JSD pelo ISD – Infantário Social-Democrata.

Assim, preparamos já uma Greta para as finanças (o Tomás, quando perfizer doze anos, poderá explicar ao Centeno as suas técnicas de equilíbrio da semanada e do dinheiro que leva para almoçar na escola), uma Greta para as questões da natalidade (a Mariazinha, quando tiver treze anos, poderá explicar-nos como aumentar o fluxo de cegonhas para a costa portuguesa, trazendo bebês para garantir a renovação das gerações…), uma Greta para a economia (a Joaninha, de seis anos, irá explicar ao tio Costa como fazer para aumentar os recursos nacionais, como ela faz quando consegue converter um dentinho caído em várias surpresas, dadas pela Fadinha dos Dentes…) e o Pedro, quando tiver treze anos, ensinará o Ministro Cabrita a lidar com os problemas da criminalidade, explicando-lhe os seus truques de despistagem dos rufias no pátio da escola…

E, já agora, quem é que se indigna com este populismo bacoco? Este populismo, de utilização-manipulação de uma jovem para a causa que o globalismo encontrou para fazer avançar a sua agenda, já é tolerado? Enfim…hipocrisia ridícula!


Note-se ainda que tudo isto acontece no mesmo dia em que é divulgada a visita do Secretário Mike Pompeo para reunir com António Costa, e do Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na presente semana – curiosamente, o Governo português está a esconder estes encontros, com vergonha e medo de incomodar os seus aliados da esquerda (e há quem diga, a China); tivemos de ficar a saber da sua ocorrência por via das autoridades americanas… Isto admite-se num país decente, que se entre em histeria pela chegada de uma menina que luta pelo ambientalismo – e se esconda a vinda de decisores de elevada responsabilidade de Estados aliados e amigos? Isto é grave. Muito grave!
Título e Texto: João Lemos Esteves, SOL, 3-12-2019

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