Projeto foi aprovado ontem na Câmara dos
Deputados
Alex Rodrigues
O ministro da Justiça e
Segurança Pública, Sergio Moro [foto], declarou hoje (5), que a Câmara dos Deputados
poderia “ter ido além”, preservando pontos do projeto de lei do pacote
anticrime (PL 10372/18) que o governo federal enviou à Casa, aprovado ontem (4), que ele considera importantes para o
combate à criminalidade, principalmente aos crimes violentos.
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil |
Aprovado por 408 votos
favoráveis, nove contrários e duas abstenções, o PL agora segue para análise do
Senado, onde Moro acredita que parte das propostas defendidas pelo governo
federal podem ser reincluídas.
“Em relação ao que não foi
aprovado [na Câmara], vamos trabalhar para reestabelecer no Senado, ou,
eventualmente, por projeto à parte. Isso faz parte do jogo democrático”, disse
Moro, enfatizando que, apesar das ressalvas, considera um avanço o resultado na
Câmara dos Deputados.
Plenário da Câmara dos
Deputados aprovou por 408 votos favoráveis, nove contrários e duas abstenções o
pacote anticrime. Foto: Arquivo/Agência Brasil
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“Boa parte do projeto
[original] foi aprovada. Vemos com bons olhos o fato do projeto ter finalmente
sido votado na Câmara”, disse Moro, destacando, entre os principais pontos da
proposta aprovada, a possibilidade de execução da pena em caso do réu ser
condenado em tribunal do júri a uma pena superior a 15 anos, parâmetro temporal
estabelecido pelos deputados.
“A Câmara aprovou esse patamar
da pena de 15 anos. Sinceramente, acho que não precisava estabelecer isso, mas,
inegavelmente, já é um grande avanço. Melhor termos essa possibilidade do que
esperarmos 20 anos para termos um julgamento de assassinato finalizado e o
início do cumprimento da pena”, disse o ministro.
Ele ressaltou a aprovação da
atuação de agentes policiais disfarçados e, principalmente, o maior rigor na
concessão de benefícios para presos condenados por envolvimento com
organizações criminosas. “A proibição de [concessão de] progressão de regime
para o condenado que permanecer faccionado é uma norma extremamente importante
que, a meu ver, vai ser um fator extremamente positivo para enfraquecer facções
criminosas. Há uma série de pontos extremamente relevantes e que representam o
endurecimento da Justiça e da Segurança Pública, como a proibição de saída
temporária de quem foi condenado por crime hediondo”.
Moro lamentou, no entanto, a
resistência dos deputados em ampliar o rol de criminosos condenados que podem
ter material genético coletado e armazenado em bancos de perfis genéticos
administrados pelos órgãos estaduais de segurança pública. Desde 2012, quando
foi aprovada a Lei 12.654, há previsão legal para a identificação do
perfil genético de condenados por crimes violentos, tais como homicídios e
estupros.
“Nosso interesse é ampliar o
rol das pessoas sujeitas à coleta do perfil genético. Por isso foi colocado no
projeto anticrime. Infelizmente, houve uma certa resistência a essa parte, que
não foi aprovada. O que não significa que não vamos tentar novamente ampliar
este rol”, disse Moro.
Título e Texto: Alex
Rodrigues; Edição: Fernando Fraga – Agência Brasil, 5-12-2019, 12h47
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