Ao longo do ano, em qualquer
parte do território brasileiro, quando um caminhão tomba na estrada por um
acidente previsto (com as estradas que temos, devem ser uns dez por dia), os
primeiros curiosos que chegam ao local não se preocupam com o estado do motorista
nem avaliam algum risco de explosão do tanque de combustível. A primeira ação é
correr para o compartimento de carga e tentar apanhar o maior número possível
de pacotes agora desarrumados no compartimento acima. Desde latas diversas, até
caixas de eletrônicos ou similares. Os que não conseguem capturar algum pacote
é que tentam trazer ajuda ao ser humano preso (até desacordado) na boleia.
Tal comportamento coletivo
desumano foi plantado no meio da sociedade a partir do império, com a ganância
da realeza que de tudo se apropriava enquanto o povo lascado (e açoitado)
corria atrás dos restos para sobreviver.
Com o advento da república,
implantação da “liberdade democrática” e montagem dos tribunais de justiça para
“defender os oprimidos”, alguns sonhadores imaginaram que nossa pátria passaria
a figurar como nação de destaque no cenário mundial. Ledo engano.
A “proclamação” foi apenas uma
encenação para oficializar as apropriações (de bens e do suor alheio) que os
“senhores dos engenhos” realizavam de forma desproporcional. Afinal, as “leis”
foram redigidas pelos herdeiros dos fazendeiros e industriais que moviam a
economia do país. Ou alguém acha que a “libertação” (apenas retiradas dos
ferros) dos escravos nasceu do bondoso coração da elite?
E assim, passamos décadas
sendo embromados pelos três poderes (que souberam manter o circo para distrair
o “gado”) sem oportunidade de adquirirem estudos para equalizar a distribuição
de renda. O crescimento da nação ficou para segundo plano.
E chegamos ao século XXI com
nossos problemas agravados, cercados pela miséria que evolui com alta
velocidade dentro de um cenário corrompido pelas quadrilhas (partidos – e ainda
querem um novo) que fingem serem antagônicas para que os “eleitários” acreditem
que existe solução em curto prazo (tipo 25 anos).
Pregam os geradores de
manchetes (de todas as mídias): o povo pode mudar isto através do voto,
renovando seus “representantes”.
Na teoria, realmente este é o
caminho. Mas pense bem: no legislativo (onde o coração da corrupção pulsa com
vigor) com quase setecentos inúteis (só na área federal – não contamos com seus
asseclas espalhados nos estados e municípios), a mudança teria de ser
contundente: saem os quase setecentos de uma só vez e entram novos, sendo
proibida a reeleição e candidatos com laços familiares até 5º grau. Nem o
mordomo da casa (com mais de cinco anos de afinidade) pode concorrer.
Mas a troca paulatina, tipo
entram cinquenta novos (que nunca ocuparam lugar em câmaras), não produz
efeito, pois pelo menos uns quarenta já fazem parte de “esquemas” (trabalharam
em alguma secretaria onde as fraudes raspam as divisas públicas) outros cinco
indecisos são “atraídos” pela impunidade que lhes concede liberdade mesmo após
serem condenados em segunda instância.
Os cinco que sobram servem
para “avalizar” a “lisura” da entidade podre e seus projetos honestos serão
engavetados durante vinte ou trinta anos.
Observando os discursos na
campanha de 2018 e comparando com o que já foi feito no decorrer de 2019, temos
o seguinte sentimento:
a) Medidas para cortar direitos antigos,
preservar mordomias dos “mariscos” e libertar os comparsas que foram apanhados
pela Lei, correram com a rapidez de uma sociedade europeia.
b) Medidas efetivas para reduzir contrabandos,
queimadas de florestas, desemprego e crimes contra o erário nacional, vão
ficando para o fundo da pilha até que “caduquem” e percam a praticidade.
Qual a estimativa (anos) de
mudança de nossos futuros?
Alguém disse 366 anos?
Desculpe por ter ouvido mal. São apenas 363!
Ainda bem! O país não aguenta
mais do que isto.
Título e Texto: Haroldo P.
Barboza – Vila Isabel/RJ, 4-12-2019
Autor dos livros: Brinque e
cresça feliz e Sinuca de bico na cuca
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