As responsabilidades dos empresários
aumentaram com a reforma laboral
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Foto: DR |
Acabaram-se as discussões
cíclicas e intermináveis sobre as leis laborais. Acabaram-se as promessas eleitorais
sobre a matéria, os debates, as queixas e as lamúrias sobre a rigidez da
legislação, o seu impacto negativo nas empresas, no emprego e na
competitividade.
Acabaram-se também as queixas
e as lamúrias dos saudosistas das leis de 1975, os ataques permanentes sempre
que alguém ou algum governo decidia retocar as leis do trabalho. Os tabus
caíram na madrugada de terça-feira e o movimento sindical, que sempre se
mostrou reaccionário e contrário a qualquer mudança, por pequena que fosse, e
tentou sempre impedir a livre negociação entre empresários e trabalhadores ao
nível das empresas, sofreu obviamente uma enorme derrota. E se os sindicatos
sofreram um enorme revés nessa madrugada, o mesmo não se passa com os
portugueses que ainda têm emprego e trabalham por conta de outrem.
A velha e caduca contratação
colectiva, que os sindicatos não largavam de mão para não perderem poder e o
dinheiro das quotas dos seus associados, tem os dias contados. Agora, mais que
nunca, vão funcionar os acordos empresa a empresa, em que patrões e
trabalhadores fixam objectivos, direitos e deveres em função das situações
concretas do mercado, da concorrência e, essencialmente, da viabilidade
económica e financeira das empresas. Esta nova realidade vai pôr à prova as
qualidades de gestão dos empresários que investem em Portugal. É comum dizer-se
que a formação da grande maioria dos empresários portugueses é abaixo de
medíocre.
Com toda a razão. Os maus
exemplos abundam e muito do que se diz sobre a produtividade e a competitividade
das empresas é culpa única e exclusiva de pessoas com uma visão troglodítica da
economia, do lucro e da responsabilidade social. É por isso também que as
crises violentas, como a que Portugal está a viver, servem para limpar o tecido
económico de muito lixo empresarial.
Mas com formação ou sem ela,
com mais ou menos visão para os negócios e para a economia, os empresários
portugueses só se podem queixar de si mesmos se não conseguirem potenciar o
acordo assinado na madrugada de terça-feira.
Se optarem pelo caminho básico
e estúpido do despedimento sem justificação, do ataque cego e brutal aos
trabalhadores, têm a falência como destino certo e seguro, Se, pelo contrário,
envolverem os seus colaboradores na vida das empresas a todos os níveis, dos
prejuízos aos lucros, se conseguirem que cada trabalhador lute e trabalhe para
o êxito ou a sobrevivência do seu trabalho, as crises podem ser superadas e
encontradas soluções que minimizem os
dramas sociais.A bola está decididamente do lado dos empresários. Ainda se
podem queixar da burocracia do Estado, do preço elevado da taxa social única e
dos custos exorbitantes de alguns factores de produção, como a energia. Mas não
podem, a partir de agora, queixar-se da legislação laboral, dos custos do
trabalho ou das dificuldades em reestruturar e adaptar as empresas às condições
do mercado. Se o fizerem, então são maus empresários e merecem desaparecer
rapidamente da face da economia.
Título e Texto: António
Ribeiro Ferreira, jornal “i”, 20-01-2012
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