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D. João IV, imagem: DR |
José Luís Nunes Martins
Tratar os mortos como se nunca
tivessem sequer nascido é um princípio do ateísmo moderno que ameaça fazer-se
moda em Portugal. O que somos ou não somos, e temos ou não temos, devemo-lo aos
que antes de nós por aqui passaram, a muitos pela positiva, a alguns pela
negativa. Uns e outros merecem ser chamados ao presente.
Se numa determinada família se
esquecem os mais velhos, ela é um ajuntamento, mas não uma família. Se uma
nação passa por cima da história em favor de um qualquer benefício imediato,
estamos, mais uma vez, a falar de um aglomerado de seres humanos, mas não de
uma nação.
São índices da nossa
identidade colectiva enfraquecida: não termos bons políticos, não sabermos
falar de uma pátria, não termos ideia do que podemos prometer aos nossos filhos.
Portugal merece ter bons
líderes, que, sem se preocuparem com popularidades, apontem os caminhos e sigam
adiante; que, persistentes na humilde teimosia do amor, sem ofensas nem
imposições, façam o que tem de ser feito para bem de todos. Que nos lembrem quem
somos, sem paternalismos nem esquecimentos.
Custa-me que haja tantos
portugueses preocupados com um acordo ortográfico, e assim esquecidos de que a
nossa identidade não são vogais nem consoantes, que se prestam, noutros fóruns,
ao desplante de teorizar soluções que passam por ouvirmos os nossos netos e
bisnetos falar castelhano. Somos Portugal. Devemos todos, sem excepção, sentir
o dever de respeitar quem antes de nós por nós morreu. Senão que emigrem.
Título e Texto: José Luís Nunes
Martins, Investigador, jornal “i”, 21-01-2012
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