Orlando Braga
“Se
obervarmos, por exemplo, a mudança de opinião que vem ocorrendo na sociedade,
em relação a comportamentos que antes eram tidos universalmente como
reprováveis, como é o caso do homossexualismo, do divórcio, do aborto etc., é
difícil acreditar que tais mudanças aconteceram espontaneamente, e não como
reacções provocadas por um meticuloso trabalho de engenharia social.”
Eu, que vivi (adolescente) o fenómeno da revolução
marxista-maoísta em Moçambique da segunda metade da década de 1970, sou de
opinião de que o que se está a passar hoje na Europa e no Ocidente é uma
revolução marxista em que as Kalachnikov foram substituídas pela acção dos
me®dia. Os meios de comunicação social desempenham hoje o papel dos
guerrilheiros que, naquela época, obrigavam, pela ponta da baioneta, toda a
gente a levantar o braço e com o punho cerrado, gritando vivas à revolução.
A revolução marxista é hoje o pensamento único politicamente
correcto.
Os guerrilheiros revolucionários marxistas-maoístas, em
Moçambique, faziam rusgas discricionárias em locais públicos e privados.
Ninguém estava seguro na intimidade do seu lar: a qualquer momento poderia
entrar pela sua casa adentro uma rusga dos guerrilheiros com intuito de
revistar e intimidar os alegados “relapsos da revolução”. Os me®dia actuais
desempenham uma função e um papel semelhantes, embora sem a Kalachnikov:
utilizam a infâmia, o insulto, a mentira dissimulada em meias-verdades, a
desinformação, a pseudo-informação, a sub-informação, e beneficiam do apoio
explícito ou implícito das elites políticas e judiciais. A lei em vigor, por um
lado, e por outro lado a maior parte dos juízes, dão cobertura à acção dos
me®dia: são raros os processos em que jornalistas são condenados por difamação
ou prevaricação.
Os guerrilheiros marxistas são hoje jornalistas.
Qualquer pessoa que não “alinhe” com o pensamento único
politicamente correcto, é hoje sujeito a tentativas de enxovalho irracional na
praça pública pelos novos guerrilheiros marxistas — os “jornaleiros”
politicamente correctos. A lógica dos argumentos é mandada às malvas, tal como
não existia qualquer hipótese de argumentar com um guerrilheiro semi-analfabeto
munido de uma Kalachnikov. Grande parte dos jornalistas actuais
são analfabetos funcionais munidos de uma ideologia política.
O relativo sucesso dos novos guerrilheiros marxistas acontece
porque as elites plutocratas internacionais (os muito ricos de todo o mundo)
concordam com algumas das posições ideológicas revolucionárias: por exemplo, o
aborto e o comportamento homossexual, alegadamente entendidas pela plutocracia
como formas de redução da população mundial. As
famílias numerosas sempre causaram o pânico entre os poderosos. Existe, portanto, uma aliança tácita
entre a plutocracia internacional e os novos guerrilheiros marxistas. Em termos
práticos e objectivos, e no que diz respeito à cultura antropológica, por
exemplo, Bill Gates é aliado de Francisco Louçã.
O que nos resta é a resistência, tal qual existiu a resistência
que derrotou o marxista-maoísmo em Moçambique. Uma ideologia política não pode
definir a natureza humana, e por isso, os novos guerrilheiros estão condenados
ao fracasso; é uma questão de tempo.
Título e Texto: Orlando Braga,
Editor do blogue “perspectivas”,
16-03-2013
Via Maria de Fátima Santos (Resistência Democrática)
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