quinta-feira, 11 de abril de 2013

Dialética da desconstrução

Vallfrido M. Chaves
Desorganizai tudo que existe de bom nos país inimigo. Tentai envolver as mais altas esferas dirigentes, em empreendimentos criminosos, comprometendo-lhes as posições. Isso feito, conforme a oportunidade, dai publicidade às suas prevaricações. Entrai, igualmente, em contato com os indivíduos mais baixos e perigosos. Molestai, por todos os meios e modos, a ação do governo; promovei discussões e discórdias entre os cidadãos. Lançai os velhos contra os jovens. Perturbai o abastecimento e o aprovisionamento das Forças Armadas” (Mao Tsé Tung).


Em tempos de bruxas e paranóias, da enlutada Noruega aos Ministérios brasileiros onde tardia  degola engatinha, com  rabos e ratos se fazendo de desentendidos , pois todo mundo era santo desde o Tratado  de Tordesilhas,  peço vênia ao leitor para indagar-lhe se  conhece alguma República ou país hermano onde as lições de Mao pareçam exemplarmente levadas à prática visando a dissolução de suas instituições. Os fatos até nos remetem a Spinoza (1927) : “À medida que as gerações passam, vão-se tornando piores. Tempo virá em que se mostrarão tão perversas que passarão adorar o poder; o poder será para elas o direito, e a reverência ao bem deixará de existir. Finalmente, quando nenhum homem se mostrar mais irado perante as más ações ou não se sentir mais envergonhado na presença do miserável, Zeus também as destruirá. E, não obstante, mesmo assim alguma coisa deveria ser feita, ainda que fosse a sublevação dos humildes para derrubar os governantes que os oprimem”.
Isso posto, leitor, indagaríamos  não ser  delírio  ver entre nós uma lógica maoísta de fatos e ações no sentido da desconstrução das estruturas pessoais e coletivas que mantêm qualquer tribo, feudo ou nação integrados. Pior: grande parte dos fatos desestruturantes emanam, direta ou  indiretamente, do poder estatal vigente, quase sempre sob o manto adocicado de discursos politicamente corretos. Citaríamos aqui  a inocente publicação do Ministério da Educação onde corrigir “nós vai” seria uma expressão de “preconceito linguístico”;  também a fala de elevada membro do MPF, em nossa Assembléia,  afirmando diante de 200 pessoas, inclusive indígenas, que “ retomada não é invasão”, quando realizada por índios. Lição  bem dada e melhor ouvida, pois, uma semana após, detona-se o terror em Japorã.
 Todos guardam quando o Presidente de país hermano   antecipa-se ao seu STF afirmando que “Mensalão não existiu, foi um golpe das elites preconceituosas contra mim”. Ou quando, no infeliz PNDH-3, que o presidente assinou mas não leu, e a presidenta atual rubricou mas não assinou, determinava que um proprietário invadido só poderia buscar sua reintegração de posse após discutir, com o invasor, os direitos humanos deste. Outra pérola, o presidente da Funai vir a Campo-Grande afirmar que a questão indígena não  se resolve por causa da “judicialização”, ou  seja, porque o proprietário turrão, impatrioticamente, entra na Justiça em busca de seus direitos. E a cortesia com chapéu alheio de   membro de MPF de país hermano, afirmar que, na questão indígena, o fazendeiro teria que ter mais sensibilidade para com o índio e ceder.  Como pérola entre pérolas de desconstrução anti-civilizatória e antidemocrática, interpreto ser a prática dogmática e estereotipada de membros do MPF, pela qual inexiste a figura de restituição de posse pelo legítimo proprietário, de qualquer área invadida por índios. Sim, pois, religiosamente, a restituição de posse é contestada pelo MPF. Noutros termos, a violação de direitos constitucionais de uns, quando promovida por grupos indígenas, ganha um “salto dialético-qualitativo” e passa a ser fundante de direitos fantasmáticos. Desconstrutora, diabólica, ainda, leitor, é essa “práxis dialética”, enquanto lição pedagógica para a promoção da falta de limites e desrespeito aos direitos alheios. Não sei se compartilho uma visão arcaica, o que nos remete a certa jocosidade: antigamente fumar era bonito, motivo de orgulho, enquanto “tal coisa” era feio. Hoje fumar é feio e “tal coisa” é bonito. Integrar a Nação já foi bonito, vide o Marechal Rondon, exemplo também pessoal de miscigenação e integração étnico-cultural. Coisa antiga e ultrapassada pela “práxis da desconstrução”, não? Hoje é feio integrar e ter orgulho de nossa integração étnica e cultural. Bonito é desconstruir.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves – Um brasileiro ultrapassado, 10-04-2013

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