Carlos Guimarães Pinto
Ao contrário do resto do Mundo
ocidental, Portugal é um bom local para ser comunista. Talvez porque, à
excepção do período 74-75, Portugal tem estado sempre distante do perigo
comunista. Chegavam-nos histórias da União Soviética, mas que eram demasiado longínquas
para criar as defesas em relação ao comunismo que foram criadas noutras zonas
da Europa. Os comunistas, ao contrário dos seu congéneres totalitários de
extrema-direita, fazem parte do sistema. A ausência prolongada de cargos
governativos permitiu-lhes ainda excluir-se de qualquer decisão difícil: os
comunistas são sempre o polícia bom do parlamento que exige salários e pensões
mais altas, mais redistribuição, mais emprego público, mais dinheiro para a
cultura e cada um dos lóbis eleitorais, mas com a possibilidade de se esconder
na altura de assumir os custos dessas exigências.
Eles podem sobreviver como
partido longe do governo porque tal não os afasta dos tachos necessários à
sobrevivência no sistema partidário. Os comunistas beneficiam do tipo de tachos
que qualquer partido aspiraria a ter: tachos permanentes não sujeitos ao escrutínio
democrático. São os tachos nos sindicatos, em empresas Municipais e associações
de “cidadãos” (tudo pago com dinheiro público). Eles não têm votos, mas com uma
presença desproporcional nos meios de comunicação social influenciam as
decisões políticas ao manipular a opinião pública e, acima de tudo, ao
manipular a percepção do que é a opinião pública. Eles não têm votos, mas, tal
como no PREC, dominam as manifestações de rua, fazendo crer a muitos (até aos
partidos rivais) que a opinião pública quer aquilo que eles acham que deveria
querer. Os partidos corruptos do centro farão sempre aquilo que acharem que
lhes garante mais votos e são os comunistas, através do domínio da rua, que
manipulam essa percepção. À falta de poder democrático, os comunistas dominam o
maior lóbi do país, a função pública, e têm, através desse domínio, impedido
qualquer reforma, contribuindo como ninguém para o empobrecimento do país. Os
partidos corruptos do centro podem dominar o espaço governativo, mas são eles,
os comunistas, que mais influenciam as políticas.
Mas que não se iludam aqueles
que pensam que os comunistas tendo tanto a ganhar com o sistema actual, não
deitariam tudo a perder em nome da ideologia. Eles são acima de tudo uma seita
que acredita nos benefícios da sua ideologia totalitária, apesar de todas as
evidências em contrário. Não se deixem iludir pela fachada democrática que
assumem durante tempos mais serenos. Eles andam aí, prontos a aproveitar uma
crise no sistema para atacar, prontos para utilizar a insatisfação em relação
ao sistema que minaram por dentro durante anos para nos imporem a solução final
de Cuba ou da Coreia do Norte. Não se iludam aqueles que pensam que bastava
esperar que os velhos líderes morressem: há aí uma nova geração de Miguel Tiagos,
criada entre as seringas da Festa do Avante, pronta a assaltar o país. É
importante não baixar as defesas: o perigo do totalitarismo e escravidão
comunistas não desapareceu.
Título e Texto: Carlos Guimarães Pinto, no blogue “Portugal Contemporâneo”, 15-7-2013
subversão
ResponderExcluirPois é...
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