
Confesso que dá até um pouco
de preguiça ser mais cético em um país como o Brasil, afeito a soluções mágicas
e utópicas. O mesmo povo que votou na reeleição de Lula logo depois do
mensalão, que depois elegeu seu “poste” acreditando que se tratava de uma
incrível gestora e “faxineira ética”, do nada despertava para a realidade? Só
por aqui mesmo…
Mas quem ousava apontar isso
era espinafrado pelas redes sociais: “Como ousa ser um preguiçoso pessimista
que não tira a bunda da cadeira?”, eles bradavam com letras garrafais no
Facebook. Então era assim: se você tinha passado os últimos dez anos de sua
vida se dedicando dia e noite para expor os escândalos do governo, apontar os
erros de rumo da economia, derrubar cada mito inventado pelo marqueteiro
petista, você não passava de um preguiçoso acomodado, tudo porque não saía às
ruas com uma bandeira verde e amarela para protestar, sabe-se lá exatamente
contra o quê.
Já muitos que até o dia
anterior só queriam saber das novelas e de seu time de futebol, de repente
viravam grandes patriotas que combatiam o Mal e construíam um “novo mundo”,
onde tudo seria diferente. Estudar para que, se basta surfar a onda em uma
“micareta política” para posar no “Face” como soldado das boas causas?
Peço perdão pelo tom de “eu
avisei”, mas garanto que não há ressentimento de minha parte por ter apanhado
tanto dos “neopatriotas”. O importante é aprender com os erros. Por isso falo
do assunto agora, quando a ficha de muitos parece já ter caído. Se não usarem a
experiência para tirar lições úteis, então vão insistir no erro na próxima
ocasião que surgir, quando a psicologia das massas contagiar a multidão
novamente.
Não se constrói uma democracia
sólida da noite para o dia, com jovens nas ruas. Mas poucos mantiveram a
sobriedade diante daquela euforia. Meu vizinho virtual Reinaldo Azevedo foi um
deles, assim como Guilherme Fiuza. Ambos também sofreram duros ataques nas redes sociais, até mesmo
dos alinhados ideológica e politicamente. Era o “fogo amigo”, de gente que se
deixou levar pelas emoções, encantando-se com o suposto despertar do gigante.
Eu até cheguei a explicar os
motivos pelos quais, com o passar do tempo, as manifestações tendiam a virar
monopólio da esquerda. Quem pode bancar a “profissão” de revolucionário? A
Mídia Ninja pode, pois conta com verba estatal. Os anarquistas do Black Bloc
também, pois muitos são desocupados. Mas o cidadão médio, correto, trabalhador?
Piada…
E eis que até o principal
argumento utilitarista, daqueles que cederam ao slogan típico da esquerda, de
que os fins justificam os meios, também corre o risco de ir por água abaixo.
Sim, a presidente Dilma sofreu enorme queda de popularidade. Mas já ensaia uma
recuperação, sem falar que o ex-presidente Lula venceria as eleições no
primeiro turno! Gigante acordado? Só se for um gigante chinês.
Então, quantos daqueles
ultra-empolgados em junho com as manifestações, alegando que o gigante
finalmente acordara e que aquela gente toda nas ruas iria mudar finalmente o
país para melhor, ainda insistem naquele exacerbado otimismo infantil?
É hora do gigante realmente
acordar, e compreender que o processo do desenvolvimento, econômico e político,
não pode pular etapas impunemente. Vamos acordar para a realidade e deixar as
utopias bobinhas de lado?
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino, 12-8-2013
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