domingo, 10 de novembro de 2013

Negociar é preciso - Parte IV Varig/Aerus: Táticas Escusas e os Truques Sujos

Marcelo Lins
Roger Fisher que é professor de Direito e leciona Negociação na Universidade de Harvard e Willian Ury que é Conferencista sobre negociação e mediação fazem um alerta sobre táticas escusas e truques sujos em uma negociação e que podem ser divididos em três categorias: fraude deliberada, guerra psicológica e tática da pressão posicional.

A fraude deliberada costuma ser a mais comum trapaça utilizada com a deturpação dos fatos, da autoridade ou das intenções. A apresentação de dados falsos que podem ser valores ou alguma declaração falsa nos obriga a checar as informações para ter a certeza de que são verdadeiras. A autoridade ambígua faz crer que um dos negociadores tem autoridade para assumir compromissos quando de fato não tem. Depois de ter pressionado o máximo possível e você ter acreditado de ser um acordo firme, a parte anuncia que precisa submetê-lo a uma outra pessoa para aprovação que vai dar uma “segunda mordida na maçã”. Não pressuponha que o outro lado tem plena autoridade pelo simples fato de estar negociando com você! Intenções duvidosas geralmente são acompanhadas de cláusulas de cumprimento no próprio acordo.

Guerra Psicológica é uma tática que se destina que uma parte se sinta constrangida, de modo a levá-la a ter um desejo inconsciente de encerrar a negociação o mais rápido possível. Nesta categoria podem ser colocadas diversas situações tensionantes além de manipulação do ambiente físico. Ataques pessoais verbalizados ou não e de forma direta ou indireta. Fazê-lo esperar, interromper a negociação para entender-se ou atender outras pessoas. Atender telefone, se retirar da sala alegando que algum chefe ou autoridade está lhe chamando com urgência etc… A sequência do “bom sujeito” e “mau sujeito” também é uma velha trapaça da forma mais crua dos antigos filmes policiais.

Por fim, as ameaças são uma das táticas mais abusivamente empregadas na negociação. Tática de pressão posicional é uma tática de negociação que destina-se a estruturar a situação de tal modo que apenas um dos lados possa realmente fazer concessões. Ou é isso ou nada, por exemplo. “Pegar ou largar!“ “Está é a última oportunidade!” Normalmente são acompanhadas de exigências extremadas, de impedimentos e atrasos calculados. Muitas vezes um dos lados tenta adiar a tomada de decisão até o momento que considerar favorável. Término do ano, mandato, encerramento do período legislativo ou judiciário, bem como data limite para que se entre no orçamento. Reconhecer estas táticas ajuda a se prevenir para não ser enganado e contar com uma boa MAANA (Melhor Alternativa à Negociação de um Acordo) pode ajudar a negociar com base nos méritos. Desenvolver a MAANA não apenas permite determinar o que seria um acordo minimamente aceitável, bem como também eleva este mínimo. Uma boa MAANA talvez seja o mais eficaz curso de ação que se pode tomar ao lidar com um negociador aparentemente mais poderoso.
Extraído da obra Getting to Yes.
Título e Texto: Marcelo Lins, ex-vice presidente da Apvar, atualmente expatriado, 09-11-2013

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