Na segunda, a presidente Dilma
estava batendo papinho no Facebook — desocupação é a morada do capeta — para
atacar os “urubus do pessimismo”, tentando pegar carona até na contusão de
Neymar. Mandou um “É TOIS” e ainda posou fazendo um “T” com os braços, logo
transformado por um gaiato nas redes sociais num “7”, referência ao número de
gols da Alemanha (vejam post). Reportagem da Folha
de hoje informa que a Soberana, que havia decidido faturar com a Copa, agora
busca um modo de se descolar do evento — sempre elogiando, claro!, a garra dos
brasileiros.
Nota à margem: a exemplo do
que fez reportagem do Estadão, também a da Folha incorre num erro, a saber: “O
fracasso aventado pela oposição na logística da Copa não aconteceu”. Pergunta:
quando foi que “a oposição” aventou “o fracasso logístico” da Copa? Quem da
oposição? Que político? Que partido? Que nome? Apontar problemas não é antever
fracasso ou caos. Nesse particular, mais a imprensa tem do que se penitenciar
do que a oposição, não é mesmo? Ou nem tem. Ao apontar problemas, que houve às
pecas, o jornalismo cumpre a sua função. E a oposição também. Jogar nas costas
dos adversários do PT a antevisão do insucesso da Copa é só endossar uma pauta
petista, voluntária ou involuntariamente. Não haveria nada de errado nisso se
fato fosse. Mas não é. A menos que surjam as evidências. Sigamos.
Dilma concedeu uma entrevista
a rede norte-americana CNN e disse coisas como: “Sei que somos um país que tem
uma característica bastante peculiar: nós crescemos na adversidade”. Isso é
peculiar, é? EUA, Japão, Coreia do Sul e Alemanha, para citar alguns países,
sucumbiram às suas respectivas adversidades? De resto, estamos de volta à cascata
de sempre. NÃO ACONTECEU TRAGÉDIA NENHUMA COM O PAÍS. Aconteceu foi um vexame,
um desastre, mas com a Seleção Brasileira, que não é o Brasil. Ela é, sim, uma
das expressões da nacionalidade. E só! A esmagadora maioria de nós se sente
representada por ela, MAS É UMA REPRESENTAÇÃO QUE SE DÁ APENAS NO CAMPO DE
FUTEBOL.
Quem tenta transformar o
esporte em manifestação política é gente como Dilma Rousseff e Lula. Vejam que
curioso: o Brasil venceu uma Copa em 1994. O presidente era Itamar Franco. Quem
ganhou a eleição, como é sabido, foi o Plano Real, representado por FHC.
Pesquisei. Não há textos tratando do binômio Copa-eleição. A nossa Seleção
voltou a vencer em 2002. O presidente era FHC. Quem venceu a disputa eleitoral
pouco mais de três meses depois foi Lula. Pesquisei de novo. Ninguém relevante
se ocupou de especular se o “penta” ajudava o governo ou a oposição.
E é fácil de saber o motivo.
Itamar ficou longe da bola. FHC fez o mesmo. E olhem que este pode se dizer
ainda hoje pé quente, não? Era o homem do Real em 1994 e o presidente em 2002.
O PT estaria mais para seca-pimenteira se fosse o caso de ligar a política à
pelota. Por que isso agora é um assunto? Também essa questão tem resposta
fácil: porque o PT politizou o torneio desde que o Brasil foi declarado a sede
do evento de 2014. As ruas, nunca a oposição, lançaram o “Não vai ter Copa” —
movimentos, aliás, que eram interlocutores de Gilberto Carvalho.
Estava, sim, em curso uma onda
“ninguém segura este país” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Essa gente não cria
“black list” de jornalistas à toa. Isso não quer dizer que o povo cairia na
conversa. Quer dizer apenas que a tentativa de manipulação estava em curso.
Agora Dilma busca pular fora, sob o risco de entregar a taça a Lionel Messi, em
pleno Maracanã.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 10-07-2014
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