
(Como?! Vitória em quê? Esse
sujeito deve ser débil mental!)
Não, caro leitor, estou apenas
exercendo e aperfeiçoando a minha função de observador. Depois de renunciar ao
posto de candidato a goleiro da seleção, decidi agir de acordo com minha versão
pessoal do provérbio cada mau caco no seu galho. No galho em que me instalei,
desenvolvo observações para esclarecer meus 28 leitores sobre assuntos em que
quase ninguém pensa. Procuro entender, por exemplo, por que o governo prefere
divulgar negativamente os índices negativos — como o susto da Bolsa depois da
fuga dos eleitores — ao invés de comemorar índices em constante ascensão. Como
não sou negativista, apontarei sinteticamente alguns desses índices grandiosos,
grandiloquentes, e convido-o a examiná-los comigo.
Começo pelos altos índices da
inflação, que vem pondo as manguinhas de fora discretamente há alguns anos.
Agora se desinibiu, e já avança desembaraçadamente, descaradamente, nesse
caminho conhecido e sem retorno.
Os impostos já consomem 5
meses do nosso trabalho anual, sempre crescendo em ritmo de marolinha. Como o
número máximo é de 12 meses, brevemente só nos restará o 13º salário para
nossas despesas.
O déficit da balança comercial
cresce em ritmo de goleada. É previsível que outros países não queiram perdoar
nossas dívidas, ao contrário do que fazemos com os “companheiros”, e logo
teremos de comemorar também altos índices de vida dura.
O número de obras inacabadas
cresce em ritmo de Brasília, e elas serão uma herança maldita para o sucessor.
O marketing do atual governo deveria acentuar desde já essa grandiosa herança
maldita, para desanimar os candidatos da oposição.
Depois de baixar a pauladas os
juros arrogantes e a conta de luz implacável, a eficiência do governo já os fez
retornar à sua magna estatura.
Poderíamos ir longe nesses
índices invejáveis e de crescimento portentoso: Dívida interna, dívida externa,
criminalidade, ociosidade industrial, saúde pública progredindo de terceiro
para quarto mundo, corrupção galopante, contabilidade criativa. Nada disso é
ponto fora da curva, engrossa um conjunto que sobe em ritmo de avião em
parafuso. Sugiro que você mesmo examine esses índices, pois vou dedicar o
espaço final ao emprego. O fato é que não consigo compreender os marqueteiros,
deixando de enaltecer o “pleno emprego” e esquecendo o índice de desemprego.
(Ótimo! Mas esse índice
baixou, e eu concordo também com isso).
Vamos devagar. Você sabe
explicar por que o desemprego vem baixando há vários anos? É claro que sabe,
até por experiência própria, mas não ligou uma coisa com a outra. Vou fazer
isso agora, didaticamente, para não lhe restarem dúvidas.
Uma condição para receber
bolsa família é não ter emprego com carteira assinada, quem se emprega perde o
direito à bolsa. A consequência inevitável é que muitíssimos beneficiários, não
querendo perdê-la, passam a não procurar emprego, e até recusam empregos que
lhes são oferecidos. Para estes, a situação de bolsista é desejável e até
invejável, muito de acordo com a mentalidade que se exprime numa modinha
conhecida: Se compro na feira feijão, rapadura, pra que trabaiá?
Acontece que o índice de
desemprego é calculado com base em cadastros dos que perderam o emprego ou
estão à procura de emprego. Portanto, se os da bolsa família não procuram
emprego, o índice não os considera desempregados. O índice real teria de
incluí-los como desempregados, mas por esse sistema ele os exclui, e assim os
“diz-empregados”. São imperdoáveis, merecem um colérico piripaque presidencial,
os marqueteiros que ignoram índices tão majestosos e eloquentes.
Considerando que as bolsas são
pagas com impostos de empregados e empregadores, você e eu estamos pagando
diz-empregados para não ter empregados, e alegramos assim um mesmo curral
eleitoral a serviço de espertalhões.
Entendeu agora? Não lhe parece
que esse pessoal todo deve ser posto no olho da rua? Teremos brevemente uma boa
oportunidade para isso. Não deixe de usá-la.
Título, Imagem e Texto: Jacinto Flecha, ABIM,
19-07-2014
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