quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Gooood moooorning, Aerus

José Manuel
Em 1987, o inesquecível Robin Williams foi protagonista de um dos seus melhores filmes em que encarnava o "DJ" Adrian Cronauer, piloto da força aérea americana, recrutado para comandar o programa de rádio Good Morning,Vietnam, das forças armadas estado-unidenses estacionadas naquela área de conflito. Irreverente, ele agradava aos soldados, mas enfurece um colega de tropa que tinha uma necessidade enorme de provar que era superior. 



O humor de Adrian contrasta com praticamente tudo no Vietnam. O cara faz piadas rápidas e inteligentes, até com assuntos diversos. Na rádio, transforma os chatos boletins de notícias e da previsão do tempo em torrentes de piadas imprevisíveis.

Bom, algo aqui me parece muito semelhante em vários aspectos começando pelo próprio inferno vietnamita no qual ocorre a estória. Se Adrian, que também era piloto, à sua moda tentava amenizar os efeitos trágicos da guerra, nós também do Aerus vivemos um Vietnam particular nestes quase dez anos, tentando amenizar as mazelas, com as nossas "irradiações".

Por coincidência o nosso inferno também tropical é intensamente escrito e "falado ao microfone" por tripulantes. O script é o mesmo, as mortes são as mesmas, as feridas são as mesmas, apenas não começamos ainda a fazer gozação com a nossa própria tragédia.

Quem seria de nós o Adrian ?

Seria o Jim, o Bolognese, talvez o Habiztreuter, o Jonathas, o Paulo Resende, o Alberto José ou mesmo eu? Acho que só mesmo quem nos poderá julgar são aqueles que continuam "diuturnamente", palavra em voga, a nos "escutar".



Por ironia do destino, todos são tripulantes como o Adrian, mas por que só esses falam sempre diretamente ao "microfone"? A grande maioria, os mesmos "soldados" de um pelotão imenso, apenas escuta, como se a paz e a vitória fossem ainda uma visão distante, inalcançável.

Será que os culpados foram os céus por onde sempre andamos? Será que nós somos os "DJ" escalados para levar ao ar as notícias e os reclamos de toda uma infantaria? Quem sabe? Será que também como Adrian estamos enfurecendo alguém que se julga superior?

Se for o caso, então chegamos à conclusão que o nosso programa está atingindo o objetivo e levando informação variada e com conteúdo ao mais longínquo dos fronts.

Talvez tenha chegado a hora, uma vez que a infantaria anda meio silenciosa, meio apreensiva, temendo até a nova ofensiva internacional, de passarmos, a exemplo do Adrian, a irradiar com mais irreverência e mexer de vez com essa tropa que anda meio por baixo.

Matéria-prima para essa irreverência é o que não nos falta, pois quando começarmos a  "irradiar" sobre os poderes e a relação ao nosso problema, as coisas engraçadas serão em tal volume que a tropa toda vai morrer de rir e esperar todos os dias por uma apresentação nova.

Então agora, que conhecemos uma nova rota nesse front de luta, vamos esquecer os chatos boletins de uma guerra tão suja como a outra e passarmos a irradiar novidades como por exemplo a última novidade do front:


 Rir ainda é o melhor remédio. 

Título e Texto: José Manuel, Goooooooood Mooooorning, Aerus, 12-8-2015

2 comentários:

  1. É, meu amigo J Manuel, está difícil encontrar fôlego para suportar esta via-sacra de infindáveis estações de martírio. Talvez, devamos transformar esse martírio em humor, como vc sugere, e tentar adquirir ânimo para que a vida ainda se apresente como arte de rir. Há algum tempo ausentei-me do assunto aposentadoria/Aerus por puro desgosto e ojeriza aos nossos políticos e representantes que deveriam dar uma solução definitiva ao caso, mas não querem. Suas prioridades são outras: aquilo que lhes é de interesse pessoal. Eu estou desiludido, e com toda esta crise econômica e política pairando sobre a sociedade brasileira, por incompetência desse governo petista, a reativação de nossos salários dificilmente vai acontecer a curto prazo... Quem sabe, até lá o humor nos conceda um pouco de alívio...
    Um grande abraço e tenha minhas considerações pelo teu empenho nesta luta...
    Habitz

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  2. José, agradeço a generosidade da menção.

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