Deputado do Solidariedade votou a favor
do teto de gastos, mas sua central quer greve contra a reforma da Previdência,
sem a qual não há teto de gastos
Reinaldo Azevedo
Não pensem que a
inviabilização de um país é tarefa de um dia. Como se sabe, o
subdesenvolvimento é uma construção que demanda o esforço de gerações e pede a
colaboração de muitos atores, não é mesmo?
Líderes de todas as centrais
sindicais, incluindo a Força Sindical — e já digo por que o destaque — se
encontraram nesta terça e decidiram que é hora de fazer, ora vejam, uma “greve
geral” contra a reforma da Previdência. A proposta foi aprovada por
unanimidade. Há um novo encontro marcado na CUT — sim, na CUT — nesta quarta
para, digamos, afinar a proposta. Suponho que seja um dia nacional de
paralisação para, vamos dizer assim, testar o poder.
Pois é…
O deputado Paulinho da Força
(SD-SP) [foto], que manda de tal sorte na central que resolveu incorporá-la a seu nome
fantasia, está nessa mobilização contra a reforma da Previdência.
Ora vejam que graça! O homem
votou a favor da PEC 241, que estabelece o teto de gastos do governo federal.
Trata-se de uma evidência matemática o fato de que, sem a reforma da
Previdência, não há efetividade possível para o teto de gastos. É simples
assim. Querer um e não querer a outra corresponde a advogar a quadratura do
círculo.
Bem, agora dá para entender
com mais clareza por que o país foi à breca, não é mesmo? Dilma e o PT eram
reféns desses grupelhos e movimentos que não estão nem aí se o país vai ou não
quebrar. Não é problema deles, desde que seus privilégios sejam mantidos e
desde que o estado seja um poço sem fundo para financiar suas ações.
Sabem por que há mais de 12
milhões de desempregados no Brasil?
Sabem por que há uma recessão
de quase 4% no país?
Sabem por que os juros estão
em 14,25% ao ano?
É simples! Porque tivemos, por
13 anos, um governo que decidiu gastar sem perguntar de onde vinham os
recursos. Que a reunião para debater uma greve geral seja realizada na CUT, eis
o emblema maior da impostura, não é mesmo? A central foi a grande sabuja e
beneficiária do governo petista nesse tempo.
Assistiu inerme à quebra do
país. Assistiu calada à explosão do desemprego. Assistiu embevecida ao mergulho
na recessão. E seu dirigente máximo, Vagner Freitas, em palácio, ainda prometeu
pegar em armas para defender o governo petista.
Agora, quando se abre a
oportunidade de dar uma resposta para a crise — resposta que terá os pobres
como principais beneficiários —, os nababos do sindicalismo anunciam a
resistência. E é claro que considero Paulinho o retrato da contradição: ele
quer teto de gastos, mas não abre mão de que a Previdência continue a sangrar o
país.
A política, com efeito, pode
ser um ambiente bem pouco salubre.
Greve geral? Santo Deus!
Trata-se de uma daquelas cafonices de esquerda que o mundo moderno sepultou.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, VEJA,
19-10-2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-