João Lemos Esteves
Mais uma vez, os jornalistas que se reputam
como os guardiões da galáxia da moralidade, da intelectualidade superior e da
decência para os outros povos, nunca praticando, no entanto, tais valores cá
dentro – queriam escrever à força a notícia da derrota absoluta de Donald Trump
1. A comunicação social portuguesa continua sem perceber (ou
melhor: não quer ou não lhe convém perceber) a realidade política
norte-americana – e designadamente a força política e eleitoral do presidente
Donald J. Trump.
Mais uma vez, os jornalistas
que se reputam como os guardiões da galáxia da moralidade, da intelectualidade
superior e da decência para os outros povos, nunca praticando, no entanto, tais
valores cá dentro – queriam escrever à força a notícia da derrota absoluta de
Donald Trump.
Gostariam de anunciar hoje, urbi et orbi, que Donald Trump sofrera
uma derrota esmagadora e embaraçante – que os resultados de ontem anunciariam o
fim político do atual presidente dos Estados Unidos da América. Mais uma vez, a
vontade dos jornalistas não foi concretizada – antes, foi negada – pelos fatos.
Pela realidade.
Pela vontade do povo
americano.
Recordamos aqui que há cerca
de duas semanas, a CNN anunciou que, ontem, haveria uma “blue wave”, uma onda
democrata que iria varrer a nação americana – atribuindo, por conseguinte, uma
maioria aos democratas, quer na Câmara dos Representantes, quer no Senado.
2. Dito isto, avancemos, desde já, com a primeira conclusão, na
perspectiva daquilo que é a preparação para as eleições presidenciais: o presidente
Donald Trump registrou mais uma noite de sucesso, melhor do que as expectativas
mais otimistas (dentro do realismo) e quebrando, definitivamente, a ideia de um
impulso, de um “momentum” democrata avassalador que iria em crescendo até 2020.
Tal não sucedeu – e não irá
suceder.
Expliquemos, mostrando os fatos
sobre a noite eleitoral de ontem que a comunicação social portuguesa, caríssima
leitora e caríssimo leitor, lhe esconde.
3. Primeiro fato: a história, nas eleições intercalares, é
largamente favorável ao partido opositor do Presidente em exercício de funções;
criou-se uma espécie de “costume político-constitucional” que, pelo menos, uma
das Câmaras do Congresso passe a ser dominada pela força política contrária
aquela que apoia a administração.
Aliás, historicamente, a
intenção original dos “pais fundadores” da Constituição dos EUA ao estatuir uma
eleição intercalar, as “midterm elections” (intercalares, entenda-se, porque se
realizam a meio do mandato presidencial), foi precisamente a de instituir um
mecanismo adicional de freios e contrapesos à atividade do poder executivo,
garantindo a plena efetividade do princípio da separação de poderes.
De onde, o povo americano – na
sua imensa sabedoria democrática – ao longo da história, tem revelado uma
apreciável fidelidade ao texto e à teleologia constitucional. Portanto, o
normal seria o Presidente Trump (o GOP) perder as eleições intercalares por uma
margem apreciável – e os democratas clamarem vitória absoluta.
Mais: as “midterms” seriam, em
tese, particularmente delicadas para um presidente que é verdadeiramente um
“outsider”, como é Donald Trump, que não domina a lógica própria da organização
e articulação dos aparelhos partidários – e que, adicionalmente, contou, ao
longo dos últimos dois anos, com alguma oposição, mais ou menos sibilina, de
membros do seu partido.
Já para não referir
contrariedades políticas que mesmo alguns dos seus aliados da máquina
partidária (como a talentosa Embaixadora Nikki Haley, que anunciou a sua
demissão em período crucial da campanha para as “midterm”, criando ruído
desnecessário) provocaram.
Não obstante todas estas
circunstâncias adversas, o presidente Donald Trump logrou perder a Câmara dos
Representantes por uma margem inferior àquela que se antecipava – e manteve o
Senado por uma margem superior àquela que até o mais fanático republicano julgava
possível.
E, perante tal resultado, o presidente
Donald Trump ficará na História como o presidente que obteve um resultado mais
favorável, em termos de eleições intercalares, do que o próprio presidente
Ronald Reagan, do que o presidente Bill Clinton e… do que o Deus da esquerda,
esse ícone mundial do estrelato televisivo, que é o Barack Obama!
Portanto, o presidente Trump
alcançou melhor resultado nas eleições intercalares do que Obama alguma vez
conseguiu!
4. Aliás, o presidente Trump obteve o resultado mais favorável para
um presidente em exercício de funções nas eleições intercalares das últimas
décadas, com a exceção de Bill Clinton no segundo mandato (a novela do
impeachment devido a “underground activities” na Sala Oval jogou a favor do presidente)
e do presidente George W. Bush, no seu primeiro mandato (e no rescaldo dos
atentados terroristas do 11 de Setembro).
Ou seja: o presidente Donald
Trump obteve o melhor resultado em eleições intercalares das últimas décadas,
sem o trauma de um atentado terrorista em território nacional e sem uma Monica.
E com uma comunicação social
totalmente desonesta, parcial a favor dos democratas e com alguns republicanos
a alinharem no jogo dos democratas para salvar o “swamp”, o pântano.
Conclusão: no confronto
Trump-Obama, Donald Trump arrecadou mais uma vitória.
5. Segundo: o Presidente Trump focou a sua estratégia – como
demonstram as suas aparições em campanha – na manutenção do controlo do Senado.
Por quê? Três razões:
a) o Senado permitirá ao Presidente Trump prosseguir uma das suas
prioridades políticas, já a pensar no seu legado mais perene – o realinhamento
do poder judiciário, substituindo uma visão mais liberal por uma visão mais
originalista da Constituição;
b) do ponto de vista da Constituição informal, a prática tem
revelado que frequentemente o impulso legiferante sobre matérias politicamente
mais candentes resulta da pressão dos Senadores sobre os membros da Câmara dos
Representantes, e não o inverso;
c) uma vitória no Senado tem uma simbologia política, em termos de
indicação da popularidade do Presidente e de antecipação da sua reeleição,
muito mais significativa do que a Câmara dos Representantes.
De fato, os resultados para o
Senado mostram que Donald Trump conserva a sua popularidade, a sua aprovação e
o seu “appealing” político eleitoral intactos.
Acaso esta fosse uma eleição
entre o presidente Donald Trump e outro candidato democrata (e não há nenhum
suficientemente forte que se perfile para 2020), o presidente Donald Trump
teria facilmente sido reeleito.
E a história torna as
possibilidades de reeleição de Trump ainda mais reais e verosímeis. Por quê?
Porque se Bill Clinton e
Barack Obama – com resultados bem piores do que aqueles que o presidente Trump
obteve ontem – acabaram por ser reeleitos, então o Presidente Trump (com um
resultado bem melhor) será, com grande probabilidade, reeleito em 2020.
6. Terceiro: nos designados “swing states” – os estados oscilantes,
que são decisivos para a eleição presidencial – o presidente Donald Trump
assegurou a eleição de Governadores que lhe são próximos.
Assim foi no New Hampshire, no
Ohio (que muitos antecipavam que iria cair para os democratas, após a saída de
John Kasich, um republicano crítico de Trump), no Arizona, na Geórgia (uma
excelente vitória de Brian Kemp), no Iowa – para além da grande vitória na
Flórida.
Ora, estes resultados
evidenciam que, nos casos em que o lugar de Governador nos estados oscilantes
foi verdadeiramente disputado, o candidato de Donald Trump venceu.
Tal dá ao presidente um
balanço deveras positivo para 2020 – o apoio e o trabalho dos governadores revelam-se
sempre importante para a vitória de qualquer candidato presidencial nestes
estados.
7. Quarto: os candidatos a senador que mais receberam o apoio
entusiástico e a presença do presidente Donald Trump em iniciativas da campanha
saíram, globalmente, vitoriosos.
O que permitiu ao GOP alcançar
o resultado positivo, muito auspiciosa que poucos esperavam.
Atentemos, a este propósito,
no caso paradigmático da Flórida.
Ora, neste estado, os
democratas apostaram tudo – largos milhões em anúncios e propaganda,
mobilizaram as estrelas de Hollywood (com destaque para Oprah Winfrey, que
também interveio na Geórgia) e utilizaram o que (julgam eles) é o seu principal
ativo/arma eleitoral: o presidente Barack Obama.
Resultado: os democratas
perderam quer a eleição para Governador, quer a eleição para o Senado.
Em ambos os casos, os dois
candidatos apoiados pelo presidente Donald Trump venceram – Ron de Santis (um
jovem político talentoso e com um futuro auspicioso) é o novo Governador; Rick
Scott (apoiante incondicional do Presidente Trump) é o Senador eleito.
8. Quinto: para nós, é o fato mais significativo da noite
eleitoral, o qual tem sido desprezado pela comunicação social – o discurso de
Nancy Pelosi, provavelmente a próxima líder da maioria na Câmara dos
Representantes.
No fundo, a política
californiana, de Beverly Hills, proferiu aquilo que se aproxima de um discurso
de vitória (ou uma sua tentativa) dos democratas. E o que disse Nancy Pelosi?
Que os democratas iniciarão um
novo ciclo de defesa dos trabalhadores norte-americanos, que tomarão todas as
iniciativas necessárias para “secar o pântano” e lutar contra os interesses
especiais, para além de defender as famílias americanas e o respectivo futuro.
Ora, o que é isto?
É Nancy Pelosi – provável
futura líder da maioria democrata na “House of Representatives” – a acolher as
prioridades e a retórica do presidente Donald Trump!
9. Mais uma vez se prova a desonestidade da comunicação social:
quando o presidente Donald Trump clama que é necessário “drain the swamp” é um
incitamento à violência, uma verdadeira ameaça à democracia – mas quando a
mesma frase é proferida por Nancy Pelosi já se converte numa frase brilhante,
num discurso verdadeiramente arrebatador!
Isto é mais uma prova
irrefutável de como a comunicação social é completamente parcial, prosseguindo
a sua própria agenda política. A agenda política ao serviço dos seus
interesses, designadamente dos grupos empresariais aos quais pertencem. Mais do
que nunca, os cidadãos precisam de exercer a sua racionalidade crítica, de
procurar e confrontar fontes de forma a evitarem a manipulação dos grandes
grupos de média.
No entanto, registramos que,
volvidos dois anos, Nancy Pelosi, finalmente, entende que é imperioso acabar
com o discurso de ódio promovido por alguns democratas (com a inenarrável
Maxine Waters à cabeça) e promover a
união – leia-se, de abraçar algumas das medidas do presidente Trump que têm
registado um imenso sucesso, quer na frente externa, quer na frente interna
(vide o crescimento económico histórico e a taxa de desemprego mais baixa desde
há muito, incluindo o desemprego dos cidadãos afro-americanos).
10. Por hoje, terminamos a reflexão sobre as eleições intercalares
norte-americanas com uma derradeira – conquanto a mais crucial – nota: a
democracia americana está de parabéns.
O ato eleitoral,
independentemente das divergências políticas, correu lindamente.
Sem problemas, com a
administração a tomar todas as diligências para evitar qualquer interferência,
interna ou externa, que pudesse falsear a veracidade do ato eleitoral.
Graças ao empenho do presidente
Trump – ao contrário do que havia sucedido sob a liderança do Presidente Obama –,
os democratas, desta vez, não têm argumentos para inventar estórias de
“collusion”, de conluio.
Afinal, caríssimos jornalistas
portugueses, que gostam de ver tudo com olhos cor de rosa, a democracia
americana está mais forte do que nunca.
Mais saudável do que nunca.
O “fascista” (para estes
jornalistas e comentadores, tudo o que não é rosinha, cor de PS, é fascista)
Presidente Donald Trump não só não construiu campos de concentração, como foi
capaz de garantir todas as condições (logísticas, jurídicas e políticas) para
que o ato mais importante da democracia se realizasse sem falhas.
Os EUA, com o presidente
Donald Trump, deram mais uma lição ao mundo de como a democracia, com todos os
seus defeitos, é o melhor sistema político humanamente imaginável – e, por
muito que custe reconhecer a alguns, a democracia na América de Trump está mais
saudável do que, pelo menos, nas últimas duas décadas.
11. Em suma, a noite de ontem teve dois vencedores precípuos: a
democracia americana, que está mais forte do que nunca e é uma inspiração para
o mundo, permitindo até o reforço do sistema de freios e contrapesos, com a
nova maioria democrata (expectável e curta) na “House of Representatives” – e o
presidente Donald Trump que tem o caminho aberto, com inteligência e
insistência na mensagem política principal (economia!), para uma grande vitória
em 2020.
Título e Texto: João Lemos Esteves, SOL, 7-11-2018
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