Alberto José
Alguns inventores fizeram
experiências que ajudaram a desenvolver a aviação. Na França, em 1906, o
brasileiro Alberto Santos Dumont construiu balões, aviões e pilotou o avião 14
- Bis, que voava impulsionado por um motor de 50 HP. E como um avião pode voar?
Quando o motor empurra o avião
para frente o ar que passa pela asa (que tem formato de aerofólio), se divide
em dois fluxos: o fluxo que passa por cima da asa provoca uma turbulência que anula
a pressão atmosférica que empurra a asa para baixo. Quando essa pressão é anulada,
a asa fica mais leve e o fluxo de ar que passa por baixo, cria a sustentação
necessária para elevar a asa fazendo o avião subir.
A fuselagem do avião e as respectivas asas são construídas em alumínio e fibra de carbono, que são materiais muito resistentes. Na fuselagem estão alojados os pilotos, os passageiros, estão fixadas as asas, sistemas de controle, rodas e a estrutura da cauda que é composta pelo estabilizador vertical e pelas duas asas menores que são os estabilizadores horizontais, que controlam a subida e a descida do avião.
O Douglas DC 10 30, de 1974, pesava 109 toneladas e voava a 982 km., transportando 241 passageiros |
O leme de direção é a
superfície vertical, existente no estabilizador da cauda (espaço onde as empresas
aéreas destacam a marca da empresa). Quando o piloto aciona o pedal direito ou
esquerdo, localizados no piso à sua frente, o leme se move na direção comandada
pelo piloto. Em deslocamento no solo, os pedais controlam os freios e um dispositivo
hidráulico permite ao piloto comandar a roda nas curvas. O piloto usa o manche
(similar a metade do volante do automóvel) para controlar a subida, a descida e
a inclinação; ao puxar o manche para trás o avião sobe, ao empurrar para
frente, o avião desce. Nos aviões modernos, o manche foi substituído por um
“joystick”, existindo um para cada piloto. O movimento coordenado do leme de
direção com o aileron, permite ao piloto executar uma curva suave.
Na parte de trás de cada asa, há superfícies denominadas flaps, que aumentam a área da asa e permitem que o avião voe em baixa velocidade sem perder altitude. Na frente de cada asa, há superfícies denominadas slats que ao serem acionadas auxiliam a decolagem ou a aterrissagem. Sobre as asas há superfícies denominadas spoiler e freio aerodinâmico, que ao serem acionadas se abrem e reduzem a velocidade durante o voo ou auxiliam na desaceleração do avião, quando as rodas tocam a pista.
Devido ao tamanho dos aviões
comerciais a subida, a descida das rodas e o acionamento das superfícies de
controle é executado por motores elétricos ou hidráulicos.
Atualmente, todos os aviões
são equipados com o winglet, que é uma pequena asa localizada na extremidade da
asa principal e serve para diminuir a resistência do ar, o que economiza
combustível e aumenta a velocidade do avião.
Devido ao desenvolvimento
tecnológico, a partir da década de 60 os motores à gasolina foram substituídos
pelo reator, que é composto por turbinas feitas de material muito resistente, que
comprimem o ar e o combustível (querosene de aviação), gerando a reação que
empurra o avião para frente, possibilitando o voo em grande altitude e alta velocidade.
Na década de 80, somente aviões com quatro
motores eram autorizados a sobrevoar os oceanos. Hoje, esses voos podem ser
feitos com segurança pelos aviões com dois reatores.
As milhares de peças do avião são
codificadas pelos fabricantes e pelas empresas de aviação, que controlam a data
em que as peças serão obrigatoriamente substituídas. Quando o avião chega de uma
viagem, é submetido à uma inspeção externa e o livro de manutenção existente a
bordo é examinado para verificar se o piloto anotou a ocorrência de algum
defeito. Nos pernoites, o avião passa por inspeção mais detalhada e, a cada 3
ou 4 anos, o avião é totalmente desmontado para a inspeção de todos os seus
componentes!
Os pneus do avião são fabricados
com borracha e lonas de alta resistência, reforçados com fios de aço. Conforme
o nível de desgaste, eles são substituídos entre 30 e 90 dias e são
pressurizados com nitrogênio, para evitar aumento de temperatura durante
decolagem ou aterrissagem.
Um avião do tamanho do Boeing 737 (*) tem 6 rodas. O Boeing 747 tem 14 rodas e o Airbus 380, que é o maior avião de passageiros tem 22 rodas.
O Boeing 747 300, de 1986, pesava 178 toneladas e voava a 893 km., transportando 391 passageiros |
As empresas de aviação
programam a decolagem dos voos à noite porque a baixa temperatura noturna facilita
o abastecimento de combustível. Um avião
de voo intercontinental pode ser abastecido com até 100 toneladas de combustível.
O Airbus 380, que é o maior avião de comercial (capacidade até 800 passageiros)
é abastecido com mais de 250 toneladas. Outro motivo para programar o voo
noturno é possibilitar ao passageiro chegar bem-disposto ao destino, podendo
ainda reservar voos de conexão com facilidade.
Até a década de 60, a equipe
técnica dos voos intercontinentais era composta por até 8 tripulantes. Hoje,
devido aos computadores existentes a bordo, há apenas 2 ou 4 pilotos em cada
avião.
Em avião de linha aérea, antes
da decolagem a empresa informa ao piloto a programação do voo e as condições meteorológicas
na rota. Com essa informação, o piloto usa os manuais para ajustar os
instrumentos e programar o computador do avião.
Quando termina o abastecimento de combustível, o comissário informa que os passageiros já estão a bordo e que as portas foram fechadas (para ocupar assento junto às saídas de emergência, o passageiro precisa falar o idioma nacional da empresa aérea, ser maior de 18 anos e estar apto para abrir a saída de emergência). O piloto pede autorização ao controle do aeroporto para sair da rampa de embarque e levar o avião até a cabeceira da pista, onde irá aguardar a autorização para decolagem.
Durante o deslocamento na pista,
as luzes da cabine de passageiros são reduzidas e os comissários fazem a
demonstração das saídas e do equipamento de emergência. Na cabeceira da pista, mais
uma vez, o piloto verifica o funcionamento do avião e aguarda até receber
autorização para a decolagem. Durante a subida, os passageiros ouvem o ruído
característico das rodas sendo recolhidas e guardadas nos compartimentos das
asas e da fuselagem.
Ao subir, o avião segue em
direção a aerovia específica, reservada para o voo (aerovia é uma espécie de
avenida larga, sem esquinas ou cruzamentos) cuja sua extensão vai do início do
voo até o aeroporto de destino. Nas aerovias, há apenas um sentido de direção e
a separação vertical entre os aviões é muito grande (300 metros), o que garante
a segurança do tráfego aéreo!
Quando o avião atinge a
altitude de voo (altitude de cruzeiro), o piloto liga o “piloto automático” que
é monitorado pelo computador. Normalmente, a velocidade do avião pode ultrapassar
850 quilômetros por hora.
Cada reator do avião produz uma
esteira branca denominada “contrail“, que a 8 mil metros e 40° C, é causada
pelos gases quentes que atingem as partículas de umidade existentes na
atmosfera.
Durante o voo, ocorrem turbulências,
que são fortes correntes de ar que se deslocam verticalmente na atmosfera e são
mais intensas sobre as montanhas ou grandes massas de água. Por isso, durante o
voo os passageiros precisam manter os cintos de segurança afivelados!
Nas grandes altitudes ocorrem jet
streams, que são fortes correntes de ar que interferem nos voos. Se o vento
é de cauda, o tempo de voo diminui; se o vento é de proa o tempo de voo aumenta,
atrasando a chegada. As empresas aéreas programam a rota procurando aproveitar
a incidência dos ventos de cauda!
Por meio do transmissor (transponder)
existente nos aviões os controladores em terra acompanham o voo e,
periodicamente, falam com o piloto para confirmar a altitude, velocidade,
condições meteorológicas e a estimativa da próxima posição do avião.
Devido ao voo em grande
altitude, o avião é pressurizado e sensores controlam a renovação do ar e a temperatura
ambiente.
Todo avião dispõe de máscara
de oxigênio localizada no teto sobre cada assento, para ser utilizada em caso
de despressurização da cabine de passageiros. Há um colete salva vidas debaixo
de cada assento, para ser utilizado em pouso de emergência na água (na emergência,
o colete salva vidas não pode ser inflado dentro da cabine para não dificultar
a saída dos passageiros). A bordo há material de combate a incêndio, para ser
usado pela tripulação.
Em cada porta, há uma rampa
inflável. No caso de emergência, quando a porta é aberta, a rampa é
automaticamente lançada para fora e permanece inflada para facilitar a saída dos
passageiros em terra ou para alojar os passageiros em caso de pouso na água.
Todo tripulante é arduamente treinado para prestar primeiros socorros e para atuar em situação de emergência. As instruções dos comissários devem ser seguidas pois eles são os agentes de segurança preparados para essa finalidade.
O funcionamento do avião é
monitorado pelo computador, que controla os sistemas a bordo e mantem o avião
voando na rota programada. Se o computador detectar algum defeito, emite um aviso,
sugere ao piloto a solução possível e, ao mesmo tempo, envia a informação ao operador
e ao fabricante do avião.
O RADAR é um equipamento importante que mostra
com antecedência as condições ao longo da rota, evitando que o avião voe em
direção a tempestades ou formações de gelo. Se o radar não estiver funcionando
o avião não pode voar!
Ao chegar próximo ao aeroporto
de destino, o piloto fala com o controlador do aeroporto que informa a direção
do vento, a visibilidade, o tráfego aéreo e a pista para a aterrissagem.
Então, o piloto começa a ajustar
os instrumentos para fazer a aproximação e, se por algum motivo não for
possível pousar ele poderá arremeter, isto é, desiste da aterrissagem e vai voar
em círculos, aguardando nova oportunidade ou poderá prosseguir até um outro
aeroporto. Todo avião tem reserva de combustível para executar essa manobra.
Para pousar, as luzes da
cabine de passageiros são reduzidas e quando as rodas tocam a pista, os
passageiros ouvem o barulho dos reatores sendo acelerados para abrir os reversores
(são defletores do reator que invertem a direção da saída dos gases) que, juntamente
com os flaps e as superfícies abertas sobre as asas auxiliam a desaceleração do
avião. Em seguida, os instrumentos do
avião vão sendo desativados até o estacionamento na rampa de desembarque.
Enquanto o avião estiver estacionado, um pequeno reator (APU) instalado na
cauda permanece funcionando para fornecer a energia elétrica e ar-condicionado!
(*) Nota: Em 1967/68 o Boeing 737 foi o avião mais usado pelas empresas aéreas. Ao projetar um novo modelo, denominado MAX, os fabricantes deslocaram os reatores ligeiramente para frente, o que causou instabilidade em voos de teste. Para solucionar o problema, foi criado o software MCAS que, por alguns motivos, interferia na pilotagem e teria causado acidentes que levaram a interrupção dos voos daquele modelo. Após a correção do software MCAS, mais de 1350 horas de testes e novos padrões de treinamento, o 737 MAX foi liberado para voar. No Brasil, a ANAC liberou o modelo 737 MAX em DEZ. 2020!
Título, Imagens e Texto: Alberto José, ex-Comissário da Varig, 29-5-2021 - Texto revisado em 20 de outubro de 2022
Boa explanação, mas com alguns equívocos.
ResponderExcluirO 14-bis de Santos Dumont não tinha o efeito venturi, ela implica que, se um fluido estiver escoando em um estado de fluxo contínuo, então a pressão depende da velocidade do fluido. ... Segundo a equação de Bernoulli, a pressão do ar em cima da asa será menor do que na parte de baixo, criando uma força de empuxo que sustenta o avião no ar.
Depois o !4-bis só voava em linha reta, pois não havia elerões nas asas para para fazer curvas de graus fixos pois com somente o leme seriam impossíveis daí o advento de elerões e leme serem de uso conjugados.
Mach 0.85 correspondem a 1050 km por hora.
Nas altitudes a velocidade do som diminui, assim aviões voam acima de 40 mil pés em torno de 250 nós e a velocidade do som cerca de 300.
Não podemos confundir GROUND SPEES COM TRUE AIR SPEED.
OBRIGADO.