Alexandre Garcia
O espetáculo da CPI da Covid continua, desta vez com o depoimento da doutora Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde. Embora muita gente tenha acompanhado o depoimento para ouvi-la, os senadores falaram bem mais. E claro, os parlamentares estavam tentando defender suas próprias teses.
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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado |
Acho que por um ato falho, o
relator Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a dizer “não haverá aqui penas
capitais”. Ora, não é necessário alegar isso. Essa afirmação foi feita em meio
a um discurso sobre o fato de a CPI não ser um tribunal de guerra e alguns
paralelos com o Tribunal de Nuremberg. Essas comparações com o nazismo e o
genocídio dos judeus foram tenebrosas.
Ao final, o presidente da
Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), também cometeu ato falho dizendo que a
CPI não foi instalada para crucificar ninguém. Penso que faltou uma cultura de
cavalheirismo nesse depoimento com a médica Mayra. Em determinado momento, Aziz
chegou a dizer em tom de ameaça: “não queremos ser deselegantes”. Imagine se
isso é jeito de se dirigir a uma senhora.
Apesar disso, Mayra foi altiva
porque tinha a verdade do lado dela. Ela respondeu a todas as perguntas. Um dos
senadores chegou a tentar dar uma rasteira na secretária perguntando se na
viagem dela a Manaus, em que levou onze assessores, algum deles era
intensivista ou atendeu algum paciente na cidade.
Ela explicou que foi à região
para estudar a situação em que se encontrava a cidade e que levou 300 médicos
para Manaus com o intuito de reforçar o atendimento. O parlamentar ficou
balbuciando depois.
Assim foram todas as
manifestações de Mayra Pinheiro. Eu resumiria a atuação dela da seguinte forma:
enquanto médica de criança, ela explicou tudo pediatricamente aos senadores. As
frases dela quase que desenhavam as situações.
Ela foi didática e pedagógica. O médico pediatra precisa ter mais sensibilidade que um profissional que atende adultos. Afinal esses conseguem explicar o que sentem e o que os levou ao hospital; crianças não têm essa habilidade ainda.
A secretária teve esse mesmo
cuidado durante o depoimento porque queria deixar muito clara a mensagem que
pretendia passar. O que eu entendi nas falas dela foi que a vida vem em
primeiro lugar e a ideologia vem depois. Teve momentos de alto significado, mas
ela brilhou sempre.
O senador Luis Carlos Heinze
(PP-RS) foi a voz lúcida da comissão. Ele basicamente perguntou aos demais
parlamentares o que eles estavam fazendo na CPI e que havia entendido que o
objetivo de tudo era salvar vidas.
Ele questionou os caminhos que
os senadores têm adotado para cumprir essa meta. Ele também perguntou o que não
foi feito para tentar impedir a morte de tantas pessoas.
Além disso, o líder do governo
Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) mostrou o desempenho do governo na vacinação e
no andamento dos contratos para compra dos imunizantes. Foi muito positivo,
embora tenha havido novamente ameaças.
Título e Texto: Alexandre
Garcia, Gazeta do Povo, 25-5-2021, 21h32
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