sexta-feira, 21 de maio de 2021

230 anjos da guarda

Telmo Azevedo Fernandes

Foi já promulgada e publicada no Diário da República uma nova Lei que determina que o Estado fica obrigado a proteger os cidadãos da desinformação. O que é ou não desinformação será determinado por entidades e estruturas do próprio Estado ou apoiadas pelo Estado. Mas, mesmo que os portugueses passem a ter acesso somente a factos que o Estado certifique como verdadeiros, o Estado fica ainda com a obrigação de garantir que a história e relatos desses factos se faz unicamente de determinada forma, impedindo que se construam narrativas que ameacem a democracia ou coloquem em causa as políticas públicas.

Ou seja, fica claro que os 230 deputados acabam por esta via com a liberdade de expressão no nosso país, para aprovarem por atos ou omissões o que aparentemente é o direito dos Portugueses à Censura. Dantes eram ditadores tenebrosos que limitavam a liberdade de expressão. Hoje a censura reinstaura-se com a aprovação de quase 100% dos beneméritos deputados, e a anuência dos poucos que se abstiveram. Em qualquer dos casos a manobra foi sempre poeticamente justificada em nome do bem comum e de um futuro mais risonho.

Como se sabe, qualquer lei ordinária que limite a liberdade de expressão é inconstitucional. Todavia, como se viu nos constantes e abrutalhados atropelos à Constituição alegadamente justificados pela circulação de um novo vírus respiratório, a lei fundamental não é entendida como existindo para proteger os cidadãos dos abusos do Estado, mas para proteger o Estado da insolência dos cidadãos.

E por isso os nossos 230 anjos da guarda não hesitaram em munir quem está e quem vier a estar no poder de todos os instrumentos e ferramentas que possam vir a ser necessárias para guiar os Portugueses em direção às opiniões convenientes e apascentar todos aqueles que divirjam da narrativa da oligarquia dominante.

Os idiotas úteis e os políticos invertebrados consideram que tudo isto é um tremendo exagero meu e que não estamos sequer perto de uma tirania. São os mesmos que o ano passado, a pretexto da covid-19, venderam a ideia de que as limitações à liberdade das pessoas eram necessárias por apenas 15 dias para achatar a curva.

Os 230 deputados que aprovaram esta aberração da carta portuguesa dos direitos humanos na era digital estão calados que nem ratos e aguardam cobardemente que a polémica passe para não serem de forma nenhuma confrontados com o desastroso e péssimo serviço que prestaram à defesa da Liberdade.

Em vídeo a minha crónica de quarta-feira passada, aqui:

Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 21-5-2021

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