sexta-feira, 28 de maio de 2021

[Aparecido rasga o verbo] Um breve pulo no passado recente

Aparecido Raimundo de Souza 

SERÁ QUE AS SENHORAS e os senhores ainda se lembram de alguns fatos antigos que estiveram ligados à episódios que vitimaram o nosso Brazzzil em termos de corrupção? Fazemos referência, logicamente, aquelas barbaridades que aconteceram nos famosos ‘altos escalões do governo’. Acreditamos que ninguém mais se recorde. O país não tem memória e o seu povo, via comum, nunca ouviu falar nesta palavrinha desusada que poucos (fazemos referência à alguns gatos pingados) conhecem, ou se tomaram conhecimento alguma vez, não saberiam explicar seu verdadeiro valor. 

Vamos lá. Voltar ao ‘ontem’, às vezes faz um bem danado. Revigora os neurônios e afasta um pouco a imbecilidade galopante que assola os humanos. Perdão, os ‘umanos’. Partindo, pois, deste princípio, vamos dar um giro na enorme roda gigante de um ido bastante recente. Sete de fevereiro de 1995, ou exatos vinte e seis anos esquecidos, onde Judas (que nem era assim tão conhecido), perdeu as botas. O estuário da consagração do maior dos crimes praticados pelo Congresso Nacional, em toda a sua existência. Nesta data, Fernando Henrique Cardoso possuído de íntima amargura, amedrontado com a perspectiva de o Senado e a Câmara exercerem represálias contra o seu programa de reformas estruturais, sancionou a ‘lei de anistia’. 

Com ela, FHC, como ficou conhecido o ‘Chefe do Governo’, decretou a impunidade daqueles espertalhões (como ele) que se apropriavam descaradamente do dinheiro público, em obséquios e galhardearias de seus próprios interesses. Os nossos presumidos representantes (embora naquela época não usassem máscaras na fuça, levando em conta que a Covid-19, nem a 18, menos ainda a 17 não havia chegado da China, nem da Índia, em nossas terras) da recém-encerrada legislatura, surrupiaram, com a esperteza de uma chaga conhecida em Brazzzilia como ‘corporativismo’. 

Por assim, com a velocidade estonteante de uma semifusa, a lapidar e a sanear, sem muitas delongas, a sentença do Excelso Pretório, que castigava os pilantras e os mercenários do Tesouro, a galera que ‘comia por debaixo dos panos’, fez a bagunça. Desgraçadamente, eles, homenageadas as deficitárias regras de um padrão convencionalmente aceito, dilaceraram o vínculo da seriedade a que estavam obrigados perante os eleitores, de envolta, ainda, com a quebra do juramento constitucional, deram vida e forma a um caos maior que o esperado. De repente, o Zé Povinho se viu tomando no meio do rabo com força... e o que é pior: sem o uso da vaselina. 

A sociedade, tapada e amordaçada, como sempre, através das solenidades cívicas das urnas, assinalou, na ingenuidade das cédulas, a plenitude da total e irrestrita confiança em seus candidatos. No mesmo saco de putarias, aplaudiu a vitória daqueles trapaceiros que iriam ser os mandatários de seus ideais. Via outra, acreditava piamente nos compromissos persistentemente ‘assumidos’ no pirotécnico entusiasmo dos palanques, nas vozes das emissoras de rádio, nas imagens ‘mantrosas’ dos canais de televisão, repetindo as caras e bocas de picaretas e aventureiros recém saídos do armário, bem ainda, nas colunas da imprensa e nos peregrinos contatos engenhosos no ‘corpo a corpo’ com as comunidades mais carentes. 

Decorridos menos de quatro anos, surgiu e passou a prosperar a desilusão, quando, cerca de noventa por cento (90%) dos escolhidos, deu com os burros n’água. Por assim, a ética daquelas promessas mirabolantes que pareciam estar sob o brilho charmoso das estrelas, mudou de endereço: foi envolvida pelo coaxar dos sapos. Mesmo tabefe, o anunciado ‘trabalho moralizador’ caiu em cacos de seu pedestal e se espatifou pelo chão da arquitetônica Assembleia, eis que (citando aqui o poeta Castro Alves), a patacoada, em si, ‘se assemelhou ao orvalho que a noite tecia nos canteiros e que o sol da manhã, desmanchava inapelavelmente’. 

A partir deste entrave inesperado, se consolidaram abruptamente a decepção e a tristeza do povinho fodido, da plebe sem eira nem beira, o que redundou por desaguar tudo, sem tirar nem pôr, num enorme pântano medonho e tremendamente escuro, aguaçal que fez surgir, no arrependimento e na revolta e, o mais importante, dentro dos fatos sentidos na pele: sem um remédio aliviante e eficaz que levasse os infelizes e coitadinhos à uma terna e piedosa consolação. De contrapeso, adoeceram a democracia (já meio capenga) e o verde da ilusão se orfanizou de suas folhas. 

E o outono, que deveria ser da boa e auspiciosa colheita dos frutos promissores, se transformou no inverno interminável de um amontoado de gastos alucinantes. Diante daquele quadro - tão nebuloso de cenário, alguém jurou que ‘não cometeremos novamente mais exageros e identificaremos os crimes de lesa-pátria, ou de lesa-sociedade, ou ambos’. O fato é que ‘Eles’, lotaram de falcatruas e embustes, as mercadorias de suas campanhas à custa do proletariado, parodiando Churchill, no seu eterno ‘sangue, suor e lágrimas’ advindos dos contribuintes, que, talvez, inspirados no mau exemplo, se julgaram com o indesejável direito de sonegarem impostos, invocando, sofisticadamente, o histórico preceito acima mencionado. 

Reza, até hoje, uma frase tola e vazia, que esclarece para bois e cavalos dormirem: ‘Todos são iguais perante a lei..’. Na dúvida de como fazê-lo, o contador de histórias da carochinha resolveria o lucrativo problema, se para tanto, tivesse ‘engenho e arte’. Mais arte, que engenho. Havia uma corrente de hipócritas que ainda acreditava em balelas, porém, os infindáveis criminosos e usuários (fica aqui uma pergunta bailando no ar) os criminosos e usuários de então, não teriam que ressarcir ao Tesouro o que dele foi esbulhado??!!. Pois bem! Isto está escrito, ou melhor, ficou esclarecido com tinta fosforescente na vergonhosa lei. 

Entretanto, se tratava apenas de um desvão, de uma saída burlesca e finória, na vã tentativa de atenuar a licenciosidade exibida aos olhos da Nação boquiabertada e estarrecida. Decretaram a reposição da moeda poluída, mas o pagamento se fez adstrito aos gastos feitos na campanha de 1994. Com isto, o ‘perdão pela metade’, alcançou dimensões especiais. Exemplo: desde 1970, não seria mais permitida (kikikikikiki) a confecção de impressos para fins eleitorais pela gráfica do Senado. De lá para cá, houve uma enxurrada de encomendas com o mesmo propósito, ou melhor dito, idêntica ao ocorrido nos pleitos de épocas advindas ‘a depois’. 

E os dilates e as baboseiras do Lobo Mau voltaram à tona e à carga. Os ilustres delinquentes devolveriam todo o dinheiro que tiraram dos cofres publico. Assim procedendo, seriam ainda premiados por outro perdão, a famosa ‘prescrição quinquenal’. No todo, foram mais de três décadas de usurpação. Difícil, pois, senão impossível, como ainda hoje é, avaliar objetivamente se a extensão de todo o rombo sofrido pelo erário (desde aquela época) se fez definitivamente estancado. O que se viu naquele tempo, ou melhor, o que ainda hoje vemos e assistimos de camarote, é a sequência desastrosa da torneira aberta, ou do ‘crime continuado’ mais velho e fedorento que o chulé dos pés de Lula, o presidente 'Cachaceiro'. 

Os que hoje punhetam sentados no pau do Poder e da ganância (continuam enganados quem pensa ou sonha, que na casa da Mãe Joana, ou carinhosamente no Congresso Nacional), ou os nossos atuais meliantes de sempre, ou também carinhosamente alcunhados de ‘os anões do orçamento’ tomaram juízo, podem ir tirando o cavalinho da chuva. Na verdade, senhoras e senhores, os 'anões do orçamento' continuam se reproduzindo como larvas, levando em consideração que estas desgraças foram antecedidas pelos seus consanguíneos, os ‘anões da Gráfica’. Ironias e gracinhas à parte, estes vermes impuseram duras condenações aos seus irmãos mais novos. E agora? Aqueles Manés que foram para a cadeia ou se viram processados por ‘peculato’ ou pela ‘apropriação indébita?’. Que fazer com eles? 

Estas figuras surgidas dos quintos, não teriam (perante a lei do ‘Todos são iguais, etc...’ ) o direito a uma anistia, ainda que ‘camuflada rimando com analogia?. Por derradeiro, caros leitores e amigos, uns e outros indefinidamente seguem compondo os vizindários de culpados, embora com uma diferença mínima e quase invisível, qual seja: uns seguem morando em apartamentos e palácios confortáveis. Outros, em cárceres imundos e superlotados. Vamos rir?? No Brazzzil, de 1995, até hoje, nada mudou. Resumindo esta melecalhada toda: pelo barulho da caravana, vamos ter uma série de 'festas de arromba', e ajuntamentos magnânimos regadas a vinhos e champanhes importados, tudo  no belo e confortável Castelo da Dinamarca. 

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. 28-5-2021

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Aparências 
Chute no saco 
Direto ao ponto 
CPI DA COVID-19, até agora, bem longe do fumus boni iuris. Aliás, alguém, por acaso, viu fumacinha por ai??!! 
Subsolo infinito 

Um comentário:

  1. Um grande jornalista começaria por 25 de março de 1824, pelo golpe militar de 1889, pela covardia de expulsar Dom Pedro II, pelos roubos dos fundos de pensões que se iniciam na era Vargas e ajudam o corrupto JK a construir Brasília. A PETRONOSSO, A VALE E A CSN junto com BRASÍLIA forma construídas com dinheiro dos fundos de pensões dos trabalhadores. Na abertura dos retornados do exílio BRIZOLA se elege governador do Rio de Janeiro em 1982 que foi destruído pela corrupção. Em 1986 por voto indireto elegem Tancredo, que morre em fatos até hoje desconhecidos e assume Sarney, fazem uma nova constituinte e cometem o maio roubo de ISONOMIA produzido até hoje, 1988, 100 anos depois da lei Áurea produziram a escravatura do povo brasileiro.
    Permita-me discordar de tudo que escreveu APARECIDO.
    As ações da PETRONOSSO compradas por meu pai e as ações que eu comprei da VARIG são coisas que vou enfiar no rabo.
    Só a última pergunta:
    Quando o governo federal vai restituir os valores roubados dos trabalhadores por Getúlio, JK e Jango?
    FUI...

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