terça-feira, 25 de maio de 2021

O domingo, 23 de maio, no Rio de Janeiro, narrado por quem o viveu

Fernando Canedo

No último domingo, 23 de maio, me juntei com quatro colegas para acompanhar a maior motociata de toda a história do Brasil.

Chegando na Vila Olímpica, de cara, fomos recepcionados por forte esquema de segurança: PF, PM, PRF, GM, além dos agentes de inteligência descaracterizados. Fomos direcionados para um grande estacionamento onde lá já havia uns três mil motociclistas.

O clima era de festa, porém de ordem.

De repente, a festa realmente teve seu início: dois helicópteros sobrevoam a multidão trazendo o Presidente da República. Que cena linda! Milhares unidos não pelo “mito”, mas pela esperança de um país sem corrupção. Posteriormente, um agente nos direcionou para um portão ao fundo.

Lá chegando a popularidade do cara se revela: nós éramos uns dos últimos da fila!

Era uma grande rua interna da Vila Olímpica com cerca de dois quilômetros e não era possível alcançar o início da motociata.

Todos portando sua bandeira verde-amarela, seja pendurada na moto ou abraçada ao corpo. Gente de todas as idades, sexo, classe social. O que imperava era o orgulho nacional.

Voltando aonde estávamos, o clima era emocionante, mas para quem lá estava era impossível dimensionar o número de motocicletas.

No dia anterior a associação de moradores do RIO2 já falava em dez mil, mas lá chegando a CNN já falava em quarenta e oito mil motos. Importante esse número, pois o município do Rio de Janeiro tem frota de apenas 40 811, segundo o atual pai dos burros, Google.

Enfim, começamos a andar.

Passamos os helicópteros ao solo, que coisa linda ver o poder que o povo consegue promover.

Só sei que era gente pra cacete, afinal só para sair das instalações da Vila Olímpica demoramos mais de 30 minutos.

Tinha moto por todo lado. As motos saiam da Vila, outras se juntavam na avenida Abelardo Bueno e a gente mal saiu do lugar. Dava até raiva, já que o “cara” já devia estar longe e com toda certeza a única imagem que teríamos dele foi sua triunfante chegada.

Da Abelardo Bueno, seguimos pela Ayrton Senna (outro que amava a bandeira nacional), e Avenida das Américas.

Segundo uma amiga que estava no canteiro central desta para ovacionar (significado: não é tacar ovo, mas sim aplaudir) os participantes, a motociata demorou mais de quarenta minutos para passar...

Seguimos pela Zona Sul, e no Leblon, surpresa.  No bairro com maior custo imobiliário do Rio fomos xingados, recebidos com água das janelas, e até ovo foi tacado.

Atribuem erroneamente a Voltaire a frase: “Posso não concordar com uma única palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de dizê-la.” – está no livro de coletânea das admiradoras de Voltaire.

Ninguém é obrigado a seguir o “cara”, mas por que não respeitar a opinião de quem o admira?

Justo aqueles com mais oportunidades são os mais obtusos.  Que lástima!

Voltando ao passeio, a coisa era interminável.

Chegando por fim ao Aterro do Flamengo (agora hexa-tri-campeão carioca), não havia mais vaga nos estacionamentos do parque. Era moto pra cacete!

Tudo lotado, e o destino final: Monumento dos Pracinhas ainda estava a mais de dois quilômetros!

Como já dito: a ordem e alegria imperavam.

Mesmo com os estacionamentos lotados todos queriam ver o presidente e ouvir o que ele tinha a dizer.  Impossível!

Mesmo assim, os participantes foram estacionando suas enfeitadas motocicletas ao longo da via, nos seus dois lados da via. Sobrava o meio da rua para os mais ousados tentarem um melhor lugar.

Ocorre que era tanta gente que quando cheguei o Presidente da República já havia agradecido ao povo e partido.  Daí dá para ter noção de quanta gente o “cara” mobiliza.

Não tento aqui convencer ninguém a seguir o “cara”.  Ele é cheio de defeitos, mas, a meu ver, tem amor pelo Brasil e isso já me basta!

Não somos robôs ou Minions que seguem cegamente ordens absurdas. Somos um povo cansado de corrupção e privilégio de alguns.

Infelizmente, o poder mais corrupto, salvo melhor visão, é justamente aquele que interpreta a lei e julga os que as desrespeita.

Nos resta, portanto, a esperança e a força do povo, pois a Justiça Divina é certa, mas devemos exigir a justiça terrena.

Brasil acima de tudo e Deus acima de todos.

Que o povo seja soberano no seu poder ilimitado.

Imagens e Texto: Fernando Canedo, 25-5-2021

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