sábado, 17 de setembro de 2022

Carta ao Leitor

A ditadura do Judiciário, a militância da imprensa e a verdade sobre os incêndios na Amazônia estão entre os destaques desta edição 


Operações de busca e apreensão em casa de cidadãos de bem, que em seguida têm suas contas bancárias e redes sociais bloqueadas. Proibição de veiculação de imagens de eventos públicos. Ameaça de prisão para quem se recusar a entregar o celular antes de entrar na cabine de votação. Prisão de deputados e jornalistas. Recusa de acesso aos autos do processo para os advogados dos réus. Censura.  

Esses eventos poderiam ter ocorrido em países como Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, entre outras ditaduras. São apenas algumas das mais recentes determinações de ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. O levantamento, feito por Cristyan Costa e amparado na opinião de respeitados juristas brasileiros, sublinha o artigo de Augusto Nunes.  

“Desde o parto do inquérito das fake news, vulgo inquérito do fim do mundo, abjeções que deixariam ruborizado o pior advogado da Coreia do Norte ganharam o status de ‘medidas necessárias à preservação de instituições ameaçadas por atos antidemocráticos'”, afirma Nunes. Para salvar a democracia, os ministros agem como se chefiassem uma ditadura — eliminam leis, direitos e liberdades para impor suas vontades ao Brasil. 

A onda do “tudo é permitido, desde que seja para criticar o atual governo” atravessou o Atlântico e aterrissou na revista inglesa The Economist. Com o título “Bolsonaro prepara a sua Grande Mentira no Brasil”, a publicação informa que o presidente planeja um golpe de Estado, está municiando com armas seus eleitores e ameaça a Floresta Amazônica, entre outras insanidades.  

“O artigo não menciona o inquérito policial aberto pelo STF contra um grupo de empresários pró-Bolsonaro cujo crime foi falar de política num grupo de WhatsApp — nem da clara e sistemática violação das leis e da Constituição pelo ministro Alexandre Moraes, há mais de três anos, na sua perseguição política a aliados do presidente”, observa J.R. Guzzo. “O leitor só lê que o presidente destrói a Amazônia. Fica sem saber que o Brasil reduziu em 25% o total das suas queimadas nos dois últimos anos.”  

O ranking dos governos brasileiros que mais registraram queimadas e desmatamentos na Amazônia é o tema da reportagem de Edilson Salgueiro. Num levantamento exclusivo baseado em dados oficiais, o texto destrói a falácia repetida por ideólogos, militantes e jornalistas engajados e mostra que o governo Lula lidera com folga o número de incêndios na Floresta Amazônica. “Entre 2003 e 2010, quando esteve na Presidência da República, o Brasil registrou 2,4 milhões de focos de incêndio”, afirma. “Na média mensal, os números ultrapassam a marca de 25 mil.”  

Se continuar com a média dos primeiros 44 meses, Bolsonaro chegará ao fim do mandato registrando pouco mais de 780 mil focos de incêndio, uma média mensal de cerca de 16 mil. Com relação aos desmatamentos, o atual governo está com a medalha de bronze, atrás de Fernando Henrique Cardoso e Lula. Essas e outras verdades podem ficar escondidas por um tempo. Mas acabam escancaradas pelos fatos. 

Boa leitura.

Branca Nunes

Diretora de Redação, Revista Oeste 

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