quarta-feira, 21 de setembro de 2022

França: o que sobra da nossa soberania?


EK

A França ainda é uma nação soberana e independente, ou já é uma nação vassala? A atualidade política, econômica e internacional nos ajuda a responder

A França não é mais soberana

A soberania significa o povo agrupado na nação decidindo ele mesmo o seu destino e o seu futuro.  A independência supõe que a nação não depende de ninguém, sobretudo de uma outra potência para a sua sobrevivência e que é totalmente livre para escolhas nacionais e internacionais. Ora, nestes dois casos a França não é mais nem soberana nem independente:

· Ela está amarrada politicamente às diretrizes da UE (União Europeia) que a Assembleia Nacional transpõe para o direito francês (80% das leis votadas pelo nosso parlamento vêm da UE).

· Ela não tem mais competências comerciais próprias, pois tudo é decidido pela Comissão de Bruxelas e a OMC (Organização Mundial do Comércio).

· Não mais emitindo moeda, ela se submete ao Banco Central Europeu que nos impôs uma moeda não adaptada à nossa economia, o que é uma das maiores causas da nossa desindustrialização, e de uma política de austeridade que provoca o desmanche de todos os nossos serviços públicos e soberanos.

· Pelo Acordo de Schengen, ela não tem mais a possibilidade de controlar a circulação de populações estrangeiras no seu solo, pois nos é imposta a livre circulação total de qualquer pessoa circulando pelos países signatários.

· Ela não pode mais proibir a vinda de populações, poque o reagrupamento familiar, primeira fonte de imigração, é uma diretriz da UE, nem proceder a expulsões legítimas pois que são cassadas pela Corte de Justiça da UE ou pela Corte Europeia dos Direitos do Homem.

·  Ela não pode proibir a propaganda LGBT declarada valor consubstancial à pertença à EU.

· Sarkozy tendo nos reintegrado ao Comando Integrado da OTAN, nós somos, portanto, solidários a qualquer aventura militar pilotada pelos EUA, mesmo que nossos interesses não tenham sido arranhados, muito menos violados.

Todas estas opções supranacionais originárias de opções ideológicas operadas por uma classe política, tanto de direita como de esquerda, totalmente alinhada com os ideais de livre-comércio e do globalismo que considera que a era das soberanias nacionais está ultrapassada, as identidades enterradas, os determinismos sexuais coercivos.

Um exemplo de suicídio

Jean-Claude Martinez lembra no seu Matin des paysans (Godefroy de Bouillon). A agricultura francesa, e consequentemente a nossa independência alimentar a médio prazo, foram sacrificadas quando dos acordos secretos de Blair House assinados em 20 de novembro de 1992 por três comissários europeus dentro de um carro no trajeto entre a Casa Branca e o aeroporto de Washington. Esses acordos estipulam a redução de nossas exportações agrícolas, a abertura de nosso mercado e a obrigação de comprar 5% de nossa alimentação no estrangeiro, mesmo sendo autossuficientes!

Em 1994, estes acordos foram incluídos na Ata final da Rodada do Uruguay (OMC), que Alain Juppé assinou em Marraquexe, proíbem os agricultores europeus de produzir além de cinco milhões de hectares de oleaginosas para alimentar nossos rebanhos, o que significa que em caso de retorções comerciais da parte dos EUA, em 60 dias, não podendo mais alimentá-los, teriam então de abater todas as nossas criações.

Eis como as nossas “elites”, todas alinhadas ao livre comércio planetário e ao globalismo vendem uma nação, e poderão nos condenar à fome…

Título e Texto: EK, Réfléchir & Agir, nº 75, Automne 2022 
Tradução: JP, 21-9-2022

2 comentários:

  1. Boa definição
    A correspondente do Figaro (18-6-2022) informou: «Em Kiev, na letra M do dicionário da guerra recentemente publicado, encontramos o verbo “macroner” que significa “falar sem dizer nada”.»

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  2. A velha e saudosa recordação.
    Aparecido Raimundo de Souza
    da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.

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