J.R. Guzzo
Não demorou; nunca demora. Eis
aí o presidente da República, mais uma vez, se atirando de cabeça em sua
obsessão preferida como homem de governo – viajar para o exterior, no jato
presidencial, onde tem quarto de casal e sala privativa, com tudo pago pelo
governo. (Pelo governo não: tudo é pago por você e seus impostos.)
Vai agora ver o papa em Roma,
além de um sociólogo, e participar de um evento em Paris; não há, nem em Roma e
nem em Paris, nenhuma possibilidade de acontecer alguma coisa que possa
interessar, mesmo de longe, o cidadão que está pagando a conta. É a sétima
viagem em menos de seis meses, coisa que nenhum outro presidente do planeta
conseguiu fazer no mesmo período. Já deu o equivalente a duas voltas inteiras
ao mundo.
Ficou 28 dias fora do Brasil,
mais do que viajou aqui dentro. Já tirou foto com 30 líderes estrangeiros –
embora só tenha recebido nove deputados dos partidos de sua “base”. Não
conseguiu nada de útil para o Brasil e para os brasileiros com essas viagens
todas; ao contrário, só criou problema, basicamente porque nunca falou tanta
bobagem na vida quanto no desfile permanente que faz pelo exterior desde que
assumiu a presidência.
Eis aí o presidente da
República, mais uma vez, se atirando de cabeça em sua obsessão preferida como
homem de governo – viajar para o exterior.
As viagens em massa servem para Lula se ausentar do exame, debate e solução de qualquer questão de governo, num momento em que o Brasil está atolado até a cabeça em questões que não são sequer entendidas por ele, e muito menos resolvidas; sem resolver nada por aqui, escapa para o exterior, onde prejudica o interesse nacional e impressiona os jornalistas fazendo o papel de “líder mundial”. É uma piada, a cada vez que decola – e uma piada muito cara.
Em Londres, Lula foi capaz de
ocupar 57 quartos de um hotel onde a diária da suíte “master” custa quase 40
mil reais. Como é possível alguém ocupar 57 quartos de hotel com uma comitiva
oficial? Ele foi lá assistir à coroação do rei Charles III, só isso – por que
raios precisaria levar esse mundo de gente? Só em aluguel de carros, gastaram
250 mil dólares, ou cerca de 1,3 milhão de reais, uma quantia que a maioria dos
brasileiros não conseguirá ganhar durante todas as suas vidas. A conta, no fim,
passou dos 3 milhões de reais.
No Japão, pouco tempo depois,
já gastou o dobro – foram 6 milhões, turbinados pela maior fixação do PT e
arredores, o cartão de crédito “corporativo”. É extraordinário, para um país
que segundo o próprio Lula, tem “33 milhões” de pessoas “passando fome”, ou
mesmo “120 milhões”, nas contas da sua ministra do Meio Ambiente.
Lula finge que está fazendo
“política externa”. Mas o que faz, na prática, é o mais alucinado programa
turístico, com despesas de sultão, que um primeiro casal brasileiro já foi
capaz de montar. Agora, por exemplo, vai fazer de conta que fala com o
presidente Emmanuel Macron. Macron vai fazer de conta que fala com ele. O
intérprete vai fazer de conta que traduz. Tem sido isso, e mais disso, desde a
sua primeira viagem – quando foi à Argentina e prometeu construir lá o gasoduto
de “Vaca Muerta” (é isso mesmo), a única obra pública de porte que o seu
governo anunciou até agora.
Lula, na verdade, não faz
diplomacia. Apenas repete, em termos gerais, o que ouve do comissário para
assuntos externos, o ex-ministro Celso Amorim – que vive mais ou menos uns 70
anos atrás e, reproduz, nas instruções que dá ao presidente, o programa de
política exterior de um centro acadêmico estudantil. Não pode sair nada de bom
dessa salada.
Título e Texto: J.R. Guzzo,
Gazeta do Povo, 19-6-2023, 14h41
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