segunda-feira, 19 de junho de 2023

Professores

Fausto Zamboni

(…)

Os filósofos gregos e os profetas hebreus constituem modelos de ensino como um apostolado. Poderíamos perguntar: com quem se parecem os melhores e mais honestos professores do ensino institucionalizado? Com Sócrates ou com os sofistas? E o professor preocupado constantemente com as lutas salariai e a ampliação da máquina do ensino?

Não há nada de anormal que os professores não sejam todos Sócrates, pelo contrário. O mais preocupante é que não se lembrem dele como modelo, e se contentem, na maior parte dos casos, em agir como um burocrata (cumpridor de uma obrigação imposta e regulamentada pelo Estado), como um técnico (que prepara mão-de-obra para o mercado de trabalho) ou como um militante político (que usa o ensino para difundir a sua causa). Não raro, o professor desempenhas esses três papéis ao mesmo tempo.

Numa sociedade que pouco valoriza os professores, mas os produz em abundância, o objetivo da maioria é o salário e o emprego estável. A alternativa mais comum a esse destino não é mais nobre: os professores de instituições particulares são empregados de um negócio cuja finalidade é o lucro; devem ser, sobretudo, comunicadores, animadores de auditório, procurando cativar os clientes para não perder o emprego.

Texto: Fausto Zamboni, in “Contra a escola”, VIDE Editorial, 2016, páginas 19 e 20.
Digitação: JP, 19-6-2023

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