sexta-feira, 16 de junho de 2023

Revista Oeste nº 169: Carta ao Leitor

Os segredos do Planalto sobre o 8 de janeiro e a prisão do cacique Serere estão entre os destaques desta edição

Nesta semana, a equipe da Revista Oeste em Brasília ganhou reforços consideráveis. Sob o comando do editor do site Silvio Navarro, deslocado para a capital, foram produzidas dezenas de reportagens que abasteceram diariamente os leitores com notícias exclusivas. A reportagem de capa desta edição também é resultado dessa incursão pelo coração do poder. Navarro acompanhou de perto os malabarismos políticos feitos pelo Planalto na tentativa de varrer para debaixo do tapete a atuação de Marco Edson Gonçalves Dias, ex-chefe do GSI, nos atos de vandalismo do 8 de janeiro. O governo está com medo.

“O senador Randolfe Rodrigues recebeu ordens de Lula e do ministro Flávio Dino para puxar o freio na CPMI do 8 de janeiro”, revela Navarro. O general conhecido como G. Dias, que trabalha ao lado de Lula desde o primeiro mandato do chefe petista, não só adulterou documentos para apagar alertas recebidos na véspera do 8 de janeiro (que mostravam que Brasília poderia sofrer ataques) como tentou esconder do Congresso essas informações. “As digitais do GSI têm potencial para implodir a tese absurda de que o país esteve diante de um iminente golpe de Estado sem tropas nem fuzis”, resume Navarro.

Ainda no Congresso, a repórter Rute Moraes, correspondente de Oeste em Brasília, entrevistou o senador Hamilton Mourão. Ex-vice-presidente da República, Mourão enxerga Brasília com rara clareza: o governo Lula é ultrapassado e não tem nenhum plano para o país, o Congresso Nacional só tem olhos para as emendas de deputados e senadores e, enquanto isso, o Judiciário ocupa os espaços. “A Suprema Corte está navegando na inconstitucionalidade”, afirma.

Paralelamente, o editor-assistente Cristyan Costa investigou a situação angustiante de um indígena esquecido no cárcere há seis meses. Meio ano. Mesmo atormentado por dores constantes, diabetes e depressão, José Acácio Serere, o cacique Serere, da etnia Xavante, não sabe quando (ou se) vai recuperar a liberdade. Tampouco faz ideia do crime que cometeu. No Brasil deste 2023, isso pouco importa. Quem determina o que é crime ou não, o que pode ser dito ou escrito, até quais piadas podem ser contadas é Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). E foi ele quem mandou prender Serere.

“A cada dia temos um novo capítulo de descalabro e abuso de poder”, afirma Rodrigo Constantino. Na quarta-feira, por exemplo, Moraes tornou a bloquear as contas do influenciador digital Monark nas redes sociais. Nesta quinta, com autorização do ministro, a Polícia Federal invadiu e devassou o gabinete do senador Marcos do Val. “É puro arbítrio inconstitucional, mas o medo já se espalhou”, observa Constantino. “E assim a tirania vai avançando.”

“O Brasil, dia após dia, está se transformando num país soviético”, afirma J.R. Guzzo. Cada vez mais gente mede as palavras ou se pergunta se qualquer manifestação do que pensa pode ou não causar problemas. Ou se algo impedirá que um vídeo continue exposto na internet. Quando alguém se pergunta se alguma opinião poderá provocar punições, algo de muito errado anda acontecendo. Este é o Brasil governado por Lula sob o comando de Alexandre de Moraes.

Boa leitura.

Branca Nunes, Diretora de Redação, Revista Oeste, nº 169, 16-6-2023 

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