Filha e viúva de um dos fundadores, além de
herdeiros da panificadora onde o quitute é produzido, travam disputa judicial
por lucros e valor da marca
Altair Alves
Símbolo da gastronomia praiana do Rio de Janeiro, o Biscoito Globo está no meio de uma batalha judicial entre os sócios e herdeiros da Panificadora Mandarino, que desde a década de 1950 é responsável pela produção do quitute, a viúva e a filha de um dos fundadores, João Ponce, que morreu em 2015.
O processo foi iniciado em
2017, quando Roberta Ponce, viúva de João, pediu, em meio ao inventário do
marido, a apuração do valor de mercado da fábrica, da marca e de seus ativos.
Na quarta (21/6), o juiz Diego
Isaac Nigri, da 2ª Vara de Família da Comarca Regional da Barra da Tijuca,
determinou a penhora de metade do valor dos honorários do perito judicial das
contas da panificadora, pois a empresa não teria, segundo a decisão, feito o
depósito da parte que lhe cabia no pagamento.
Para as herdeiras de João, os
sócios remanescentes apresentaram um “balanço irreal” na atribuição de cotas a
que cada um teria direito. Quando o processo foi iniciado, diz a advogada
Mariana Zonenschein, que representa Roberta e a filha, os 25% da empresa que
caberiam a elas foi calculado em R$ 90 mil.
“O biscoito virou um ícone. O
balanço sequer menciona a marca, que tem, há muitos anos, licenciamento para
uso em outros produtos. Mesmo o biscoito, antes só encontrado na praia, já pode
ser comprado em supermercado”, afirmou a advogada a Folha de S. Paulo.
A Panificadora Mandarino diz,
por meio de seu advogado, que não comenta processos em andamento. João Borsoi
Neto, que representa a companhia, diz que os sócios aguardam e respeitarão o
que foi decidido pela Justiça.
“Existe um procedimento
para apurar o valor devido ao espólio de João Ponce pela sua participação na
sociedade. Nada está sendo disputado na Justiça”, disse Borsoi.
Embora tenha sido criado em
São Paulo, o Biscoito Globo logo caiu nas graças e no gosto dos cariocas. A
iguaría que faz parte da paisagem do Rio nasceu em São Paulo, no bairro do
Ipiranga (zona sul da capital paulista), onde os irmãos Milton, Jaime e João
começaram a fazer e vender os biscoitos produzidos por um primo.
O lanche preferido de 11 entre
10 banhistas nas praias do Rio aportou na Cidade Maravilhosa na década de 50,
se tornado rapidamente um ícone da cidade, servindo de inspiração para o
turismo, moda e até para outros petiscos do tipo polvilhado.
Título e Texto: Altair Alves, Diário do Rio, 27-6-2023
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