terça-feira, 27 de junho de 2023

[Aparecido rasga o verbo] Café e simpatia

Aparecido Raimundo de Souza

O café acelera o coração e o deixa prisioneiro da mulher que o prepara, principalmente, se ela usar, como coador, a própria calcinha
Thompson de Panasco – pensador de rua – Praça da Sé, São Paulo.

MAS DEPOIS não me fará mal? Esta pergunta é a que comumente surge frente a uma boa e quentinha xícara de café. A propósito, ouvem-se muitos comentários. Alguns até maldosos, outros nem tanto. Procuramos, então, analisar em poucas linhas, o que há de verdadeiro tomando um delicioso café. Percebam. Podemos prepará-lo de mil maneiras diferentes: do modo simples e comum, à pressão ou a napolitana, à turca ou a irlandês, forte ou fraco, com ou sem leite, amargo, com açúcar ou adoçante. E o que não há que com ele se use misturar? Tomamos café com leite pela manhã como dejejum; puro ou misturado durante o restante do dia. Obviamente, é a mais internacional de todas as bebidas. A razão desta preferência universal é devida (além do sabor agradabilíssimo), a uma certa tradição e as várias ocasiões nas quais é tanto delicado oferecê-lo, como saborea-lo.

Em muitas nações, à hora do café se faz tão conservantista, como para outras, o rito do chá, com a diferença de que não se fica esperando que o relógio aponte às cinco horas da tarde. Qualquer ocasião é boa para o reconfortante “cafezinho”. Nos Estados Unidos, é costume interromper o trabalho por breves segundos que são chamados “hora do café”. Em nosso país, não temos e nem os europeus, essa necessidade. Se no local de trabalho não é servido, geralmente as três da tarde (hora do lanche), em paradas de dez a quinze minutos, manda-se imediatamente buscá-lo, ou, via outra, dá-se uma fugidinha até o primeiro bar, sendo que, determinadas correntes recorrem, sabiamente, ao café solúvel. É algo indispensável, imprescindível e necessário, do qual não podemos renunciar, especialmente se estivermos em companhia de outras pessoas. Uma das principais características do café, na verdade, é aquela de ajudar a facilitar os contatos humanos.

Em uma reunião, como sempre acontece, cria-se um particular clima de cordialidade e inclinações recíprocas eliminando em toda a sua totalidade, aqueles obstáculos formais que se interpõem entre seres que não se conhecem, e, que em outros lances e situações, não teriam melhores possibilidades de aproximação. Ativante enérgico em trocentas circunstâncias, é indubitavelmente um estímulo eficaz no trabalho ou no lazer. Constitui-se, essa bebida, em agradabilíssimo intervalo a qualquer instante do dia, afastando para longe, o desânimo e a apatia que às vezes faz-se presente quando menos desejamos. Existem, entretanto, partidários que resistem, com veemência descomedida, argumentando que o café causa uma série de danos ao organismo e, ainda, que provoca o câncer, sendo, pois, nocivo e maléfico ao homem. Quando não podem criticá-lo totalmente, apegam-se a cafeína, uma substância excitante que pode desencadear alterações e ações tóxicas, seja no sistema cardiovascular, seja no aparelho digestivo.

Neste ponto, é necessário e irrecusável ter-se em conta que o café supre muitas exigências, nas quais prevalecem, as de caráter psicológico, tais como rituais, cerimônias e de hábitos instaurados, dos quais o “consumidor-final” usufrui, no curso de cada hora que avança no relógio do tempo. O café dá prazer? Sim. E bem-estar? Também! Por essa razão, dificilmente alguém conseguirá substituí-lo por outro tipo de bebida. É como o cigarro. Ou como a cachaça, ou, ainda, a cerveja. A coisa tornou-se um vício, uma “válvula de escape”, uma mania insubstituível, uma necessidade, tal como respirar, dormir, comer, fazer sexo, beber um gole d’água, etc., etc.

De outra parte, a abolição ou limitação no seu consumo, ainda que seja aconselhável, por um calhamaço de razões entrelaçadas à saúde, de dieta ou de prudência geral (como um todo), obviamente culminará com resultados negativos.

Os fatores contraproducentes podem advir por quaisquer outras imposições de rejeições à pequenos prazeres que ajudam as criaturas a viverem. Por isso mesmo (e por outras questões análogas), as maneiras regradas de gozar a existência, vão se orientando, não pelas abstenções restritivas, ou coercitivas, mas sim, indicando aos usuários de carteirinha, produtos mais adequados à resolverem, com a mesma exigência e eficiência, sem, entretanto, obrigarem a quem quer que seja, às abdicações particulares. De resto, o modo atuante e benéfico do café não deriva da cafeína. Por este motivo, a sua distinção de bebida, seja quente, suave, fortificadora e aromática, produz no organismo efeitos colaterais bastante restauradores. Hoje em dia, cotidianamente é comum, em quase todos os países o consumo do café descafeinizado.

O método usado para se conseguir esse evento é ultramoderno. Com essa técnica os especialistas conseguem eliminar a cafeína quando o café ainda está em grãos e não foi torrado. O líquido, por sua vez, não perde nenhuma das determinantes que o individualizam. Assim, sempre que o prezado e querido leitor tiver vontade, não perca tempo. Saboreie uma boa xícara bem quente, principalmente nos espaços pequeníssimos que precedem as horas de relaxamento. Por essas e por outras, pontifica-se a bebida em todas as partes do globo, como a mais barata e acessível, tanto para pobres, quanto para ricos. Na Internet, existe um cardápio bastante diversificado trazido à baila por “João Bidu”, com relação ao café. Se os meus leitores e amigos resolverem pesquisar, descobrirão que existem onze simpatias partindo dele para ajudar no amor e pasmem, até para afastar o mal.

Mesma sequência, uma série de artigos sobre o que o café atrai. Em tais escritos, os senhores encontrarão o que significa a “macumba com café”, a simpatia do “café com urina”, a obstinação do “café com canela”, e a vasta cultura dele com o “café do preto velho”. Para os mais curiosos, existem literaturas as mais diversificadas, dando conta do seu “lado espiritual”, seguido de como o seu “pó ajuda a reatar casais separados” Mesmo bater de xícaras, os assombros do “café servido em copo”, e o seu “pó misturado com sal”. Pode ser lido, igualmente, um artigo de “Milena”, onde ela esclarece sobre “O café de São Benedito e os motivos das pessoas se aterem a ele com certa regularidade”. Pois bem: depois de lido o texto de hoje do “Rasgando o verbo”, o que os caros e queridos leitores acham de partirmos, sem mais delongas, para uma boa e auspiciosa xícara com um cafezinho bem quentinho?!

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, da Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro. 27-6-2023

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