Após uma mulher escorregar numa montanha de lixo, cair e quebrar um dos braços, o condomínio decidiu adotar a medida
Patricia Lima
Quem já não tropeçou em
montanhas de lixo jogadas pelas calçadas da cidade ou teve que andar pela pista
de rolamento para escapar da visão dos rejeitos e do mal cheiro? Infelizmente,
no Rio de Janeiro, se tornou comum ver moradores de rua e catadores
de material reciclável rasgando os sacos de lixo colocados nas calçadas à
procura de garrafas pet, latinhas de alumínio e outros itens do gênero.
Na Av. Boulevard 28 de
Setembro, em Vila Isabel, Zona Norte da cidade,
trechos inteiros das calçadas ficam intransitáveis, após a passagem dos
catadores de recicláveis, que abrem todos os sacos de lixo, revolvendo e
espalhando todo o material encontrado pelo chão. A passagem pela calçada fica
inviabilizada, e os pedestres têm de andar pelo meio da rua.
Em muitas situações, mulheres
com carrinhos de bebê ou com crianças bem pequenas ficam expostas ao mal cheiro
e à contaminação sanitária. Isso sem contar os idosos, que contam com pouca
mobilidade para escapar do safari do lixo.
Mas, a desordem não faz parte, apenas, dos bairros da Zona Norte. Na Rua General Polidoro, em Botafogo, na Zona Sul da cidade, a administração de um edifício encontrou um jeito, no mínimo, peculiar e criativo de escapar ao emporcalhamento da sua frente e calçada: trancafiar as caçambas de lixo. Isso mesmo, os funcionários do condomínio após coletarem o lixo, o colocam dentro das caçambas e depois lacram o equipamento, para que catadores ou moradores de rua não rasguem os sacos e espalhem os dejetos em frente à portaria.
Foto: José Roitberg |
O pior de tudo é que, além das questões estéticas e sanitárias, a iniciativa foi amparada em um acidente. Um porteiro, de um dos edifícios da região e que não quis se identificar, relatou que há duas semanas quatro caçambas pertencentes ao condomínio foram viradas, deixando o lixo todo espalhado na calçada. Uma mulher, que passava pelo local, caiu e quebrou um dos braços. A partir de então, funcionários e administradores do edifício decidiram trancar o lixo nas caçambas, para aguardar a passagem dos caminhões da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb).
O jornalista José
Roitberg, morador de Botafogo, afirma que a realidade de outras ruas do
bairro é semelhante à da Rua General Polidoro, com diferença apenas de grau.
Para ele, a realização da coleta seletiva do lixo por parte dos moradores dos
edifícios já ajudaria bastante.
“Eu não sou contra os
catadores. Para mim, a melhor solução seria os prédios deixarem as latas e PETs
separadas ao lado do lixo para eles pegarem diretamente. Mas, a Comlurb e a
Prefeitura parecem que não se importam se os catadores espalharem lixo nas
calçadas – muitas vezes, multando os condomínios”, afirmou Roitberg.
Enquanto condomínios e poder
público não tomam providências, cariocas, fluminenses e turistas têm de encarar
as montanhas de lixo espalhadas pela cidade, com a atração de baratas e ratos.
Título e Texto: Patricia
Lima, Diário
do Rio, 28-6-2023
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