Conselho Deliberativo do Vasco da Gama se reuniu na noite da última quinta-feira (29) e encontro foi marcado por polêmicas
Raphael Fernandes
O Conselho Deliberativo do
Vasco se reuniu na noite desta quinta-feira, em sessão extraordinária, para
cobrar esclarecimentos da SAF sobre as contas da empresa e o momento ruim do
futebol. Convidados, o CEO Luiz Mello e o diretor Paulo Bracks alegaram
formalmente conflito de agendas e não compareceram. Membros do Conselho de
Administração da SAF, o presidente Jorge Salgado e o vice Roberto Duque Estrada
estiveram no encontro.
Além deles, Marco Schroeder,
membro do Conselho Fiscal da SAF indicado pelo Vasco, compareceu à sessão. E
foi ele que revelou o ponto mais polêmico do encontro. Schroeder confirmou que
o Vasco SAF fez um empréstimo de US$ 5 milhões em novembro à empresa F3EA
Holding, do grupo da 777. Vale destacar que o empréstimo estava no balanço
financeiro apresentado pela SAF no final de abril.
– Foi um empréstimo da Vasco
SAF para uma empresa do grupo da 777. Começou com US$ 5 milhões, no final do
ano já estava em US$ 3 milhões. Agora em abril chegou a US$ 1 milhão, com a
devolução. Mas a origem do empréstimo é a Vasco SAF para uma empresa da 777 –
explicou Marco Schroeder.
Desse valor, US$ 4 milhões já foram devolvidos, com juros. No entanto, o empréstimo foi realizado sem o conhecimento de membros do Conselho de Administração da SAF, o que causou muito incômodo. Salgado e Duque Estrada falaram que a SAF se comprometeu, caso isso volte a acontecer, que o tema passará pelo conselho e haverá novas regras de governança.
O presidente do Conselho
Deliberativo, Carlos Fonseca, criticou a forma como o empréstimo ocorreu, disse
que os limites foram excedidos e ressaltou que isso pode até configurar em
quebra de contrato.
– Em relação ao empréstimo, eu
não sei exatamente se a frase que vou falar é dura, mas existe uma figura que é
a do abuso de poder de controle. A realização desse empréstimo, sem que ocorra
uma política definida para esse tipo de operação, sem que tenha passado pelo Conselho
de Administração da SAF… não sei se as responsabilidades estão corretamente
colocadas, porque não sei se foi uma ação da diretoria executiva da SAF ou se
foi uma ação exigida pelo controlador da SAF. Mas isso pode configurar abuso de
poder do controle. Isso pode materializar, sim, que o compromisso de aporte não
tenha sido cumprido. Porque pode ter sido feito o aporte e retirado o recurso
em seguida em um processo de simulação. Acho que caberia uma manifestação
expressa nesse sentido. Não sou adepto da relação divergente e de briga, gosto
da conversa, mas temos em determinados momentos mostrar onde estão nossos
limites. E aqui, claramente, houve um excesso desse limite – disse Fonseca.
Diante das críticas por conta
do ao empréstimo da SAF para empresa da 777, Roberto Duque afirmou, na reunião,
que a operação não foi levada ao conhecimento do Conselho de Administração da
SAF, e que o clube associativo protestou. A SAF se comprometeu a criar regras
de governança específicas para casos como esses.
Fala
de Salgado incomoda
Um outro ponto polêmico da
sessão foi a fala do presidente Jorge Salgado, que se disse realizado com o
momento do Vasco. Em meio às críticas dos conselheiros à gestão da 777 e ao
momento do futebol, a declaração pegou muito mal.
– Eu me sinto bastante
realizado por ter cumprido esse mandato e estar entregando um clube forte,
competitivo, com as finanças rigorosamente em dia, sem nenhum compromisso
olhando para trás – disse Salgado.
Por outro lado, após a
reunião, o vice-presidente do Vasco, Carlos Roberto Osório, foi na contramão de
Salgado e fez críticas à gestão da SAF.
– Nem nos nossos piores
pesadelos poderíamos imaginar essa situação que estamos vivendo no Campeonato
Brasileiro. No momento a prioridade absoluta deve ser a melhora do desempenho
do futebol. A Vasco SAF tem que acertar na contratação do técnico e dos
reforços na janela para garantir a temporada. Na área corporativa todos nós
entendemos que a gestão executiva da SAF deve ser avaliada e responsabilizada
pela conduta e resultados em todas as áreas. Empresa profissional funciona
assim – disse Osório.
Mais
dinheiro para o futebol
Durante a sessão do Conselho
Deliberativo, nesta quinta, o vice-presidente do Vasco, Roberto Duque Estrada,
informou que o Conselho de Administração da SAF autorizou um aumento no
orçamento do futebol solicitado pelo diretor Paulo Bracks para a janela de
transferências. Os valores e as datas, no entanto, não foram detalhados.
Críticas
a Luiz Mello
Ao longo de toda reunião,
ficou clara a insatisfação da maioria dos conselheiros em relação aos primeiros
meses da SAF à frente do Vasco. Não foram poucas as críticas ao futebol, à
gestão e ao marketing da empresa.
O trabalho do CEO Luiz Mello,
que não tem um bom relacionamento com dirigentes do clube associativo, foi
muito questionado. Mello, inclusive, recebeu uma moção de repúdio do Conselho
Deliberativo por ter recusado dois convites dos conselheiros para prestar
esclarecimentos.
Além disso, foram citadas as
questões do termo de posse, que ele teria assinado como sócio do Flamengo, a
falta de transparência nas finanças e o momento do futebol. Por ampla maioria,
a moção foi aprovada. Apenas 10 conselheiros foram contra, e outros três se
abstiveram. A sessão reuniu mais de 100 conselheiros.
A moção, no entanto, não tem
nenhum efeito prático. É apenas uma manifestação política que mostra
formalmente que o clube não está satisfeito com o CEO da SAF.
Fonte: Globo Esporte
Título e Texto: Raphael
Fernandes, Vasco
Notícias, 30-7-2023, 10h56
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