Henrique Pereira dos Santos
Não tencionava escrever sobre
as jornadas mundiais da juventude, fosse sob que ponto de vista fosse.
Mas ao ler a capa do Público,
que qualifica Portugal como país "católico (mas pouco)", achei
curioso e resolvi escrever este post, depois da epifania que se seguiu à
leitura do jornal.
Fui ver qual era a razão para o Público escrever na capa esta revelação.
Sem estranheza, era uma peça
de Natália Faria, uma anticlericalista militante que escreve no Público sobre a
Igreja Católica (estive para escrever que escrevia sobre religião, mas não a
associo às questões religiosas fora do paroquial anticlericalismo militante que
existe em Portugal, sobretudo entre as elites, há mais de trezentos anos,
embora se achem sempre moderníssimos).
Toda a peça se baseia em declarações de uma senhora Teresa Toldy, que apresento de seguida:
"Teresa Maria Leal de
Assunção Martinho Toldy é doutorada em Teologia (área da Teologia Feminista)
pela Philosophisch-Theologische Hochschule Sankt Georgen (Frankfurt/Alemanha),
Mestre em Teologia (ramo de Teologia Sistemática) pela Universidade Católica
Portuguesa, Licenciada em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa.
Pós-doutorada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Professora Catedrática da Universidade Fernando Pessoa (Porto), onde ensina
Ética. Investigadora do CES integrada na Linha Temática "Democracia,
justiça e direitos humanos". Co-coordenadora do Grupo de Trabalho
POLICREDOS, juntamente com Júlia Garraio e Luciane Lucas Santos, bem como do
grupo de trabalho GPS, juntamente com Ana Cristina Santos e Madalena Duarte.
Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres, entre
2009 e 2014. Membro do Conselho Editorial da coleção e da revista da ESWTR
(Studies in Religion), associação à qual pertence. Domínios de Especialização:
Religião; Estudos feministas. Outros domínios: Cidadania. Com várias
publicações na área da religião, género e estudos feministas".
Pois bem, no essencial, embora
80% da população portuguesa se declare católica nos censos (para minha
surpresa, pensei que hoje fossem menos as pessoas a declarar-se católicas), na
verdade, de acordo com o Público, não são nada católicos.
Lapidarmente (diz Natália
Faria, que se declara jornalista, mas faltam-me estudos para me meter nessa
discussão), Teresa Toldy explica que perguntados sobre a relação entre o
pagamento de impostos e a sua filiação católica, a esmagadora maioria dos que
se dizem católicos não sabem responder, portanto, são católicos que nem
conhecem a doutrina social da Igreja, portanto não são católicos a sério.
Coitados do Santo Agostinho ou
se São Tomás de Aquino, que nunca puderam ser católicos porque nessa altura
ainda se estava muito longe de haver uma doutrina social da Igreja.
Toda a gente sabe que a parte
substancial dos dez mandamentos é sobre a Autoridade Tributária, o que quer
dizer que o facto de uma pessoa se declarar católica sem conhecer a doutrina
social da Igreja só quer dizer que, afinal, não é nada católica.
Lá ser um homem, ter um
cromossoma Y e outro X, mas declarar-se mulher, sim senhor, não há discussão
possível sobre isso, agora uma pessoa declarar-se católico é que nem pensar, é
preciso passar pelo crivo de Teresa Toldy e, consequentemente, pelo crivo do
Público.
Não é católico quem quer, era
o que mais faltava, católicos, católicos, em Portugal, são uma quase
inexpressiva minoria com que nem vale a pena contar, diz o Público e, se
calhar, diz muito bem.
Título e Texto: Henrique
Pereira dos Santos, Corta-fitas,
1-8-2023
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