Telmo Azevedo Fernandes
Marcelo Rebelo de Sousa anda há pelo menos seis anos a defender e manobrar para que a imprensa e a comunicação social recebam apoios do Estado. A lenga-lenga é a costumeira fantochada mendaz da preocupação com a defesa da democracia e da liberdade. Como se ao longo da história a censura e o controlo político dos media não tivessem sido sempre introduzidos em nome do bem comum e do interesse nacional…
Marcelo, um dos mais ocos e
mimados políticos que conhecemos, fez dinheiro e adquiriu notoriedade em
homilias semanais nas televisões e criou uma rede de influência servindo de
gerador de notícias, casos e intrigas na imprensa. Usa e abusa de relações de
confiança com jornalistas para manobras políticas e espanta-se agora que vários
órgãos de comunicação social estejam pelas ruas da amargura.
Há dias, veio mais uma vez
dizer que é urgente um «acordo de regime» para salvar os media. Sucede que
grande parte dos media fazem parte do próprio regime conforme interessa à
oligarquia que coloniza o Estado. Há empresas de comunicação social alapadas ao
poder, veiculando recados e recebendo orientações de dirigentes políticos.
Mesmo assim, o presidente clama por ainda mais controlo público dos media. Outras vozes patetas vieram juntar-se à reivindicação: Uma diretora de um pasquim dito de referência exige a nacionalização imediata de jornais em dificuldades; um autarca acusado de peculato pela Justiça acha que o JN deve figurar na lista de Património Cultural Imaterial da UNESCO; o edil do Porto que os Chineses querem fazer transitar para a EDP e o PS quer afastar de candidato às Europeias afirma que “não se pode deixar morrer o JN” e entristece-se por a Lei não lhe permitir usar mais dinheiro dos contribuintes para apoiar os títulos da cidade. E até o bispo Linda vem fazer feia figura ao juntar-se ao entertainer Abrunhosa para enaltecer o chamado jornalismo portuense.
Que diria esta gente sobre a
nacionalização dos media ou apoios do estado à comunicação social se no Governo
estivesse André Ventura ou, elevando o exemplo para outro patamar de craveira
política, e se Passos Coelho fosse primeiro-ministro?
Sendo verdade que um pacto de
regime não alteraria o atual panorama de subserviência dos jornais ao poder, o
que é certo é que uma ainda maior dependência financeira do Estado seria o
golpe mortal para a credibilidade da imprensa portuguesa. E garantiria ainda a
ausência de incentivos para a melhoria e inovação tão necessária às empresas de
comunicação.
A componente de culpas da má
gestão empresarial na crise dos media são contingências da iniciativa privada
e, a menos que queiramos instaurar um regime fascista com tudo dentro de o
Estado e nada fora do Estado, em vez de invocar a proteção da liberdade e da
democracia em vão, convinha compreender que o estado calamitoso de muitos media
se fica a dever em grande medida à promiscuidade e conflitos de interesse entre
jornalistas, comentadores, políticos e homens de negócio do regime.
A minha crónica-vídeo de
hoje, aqui:
Título, Vídeo e Texto: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 10-1-2024
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Queda
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