Metro de Lisboa recusa publicidade da rede social gay
Manhunt
Amanda Ferreira
Quem passa pelas
estações do Metro de Lisboa já está habituado a ver as meninas em lingerie da
Triumph ou os abdominais dos espadaúdos jovens da DIM ou Armani. Mas parece que
não vai ser desta que se verá publicidade da rede social gay Manhunt com dois homens
de tronco nu na vertigem de um beijo ou até de t-shirt num abraço. A razão?
Esta publicidade pode "ferir susceptibilidades", justifica o
Metropolitano de Lisboa (ML), que recusou a campanha este mês.
![]() |
Imagem: Público |
Tudo começou há cerca de um
ano, conta Iúri Vilar, responsável em Portugal pela Manhunt, rede social
norte-americana utilizada, maioritariamente, por homens homossexuais para
combinar encontros. Tendo em conta que já existem 60 mil utilizadores no país
(seis milhões a nível mundial), Iúri contactou a Multimedia Outdoors Portugal
(MOP), empresa que gere a publicidade no ML, no sentido de fazer publicidade à
rede social e à respectiva aplicação móvel na MOP TV para "atingir as
pessoas que ainda estão no armário". (?)
O serviço de televisão interna
foi, entretanto, desactivado e só em Outubro foi assinado um contrato, segundo
o qual a Manhunt teria 15 múpis (Mobiliário Urbano Para Informação) nas
estações mais centrais, nomeadamente Rato, Saldanha, Picoas, Marquês do Pombal,
Cais do Sodré e Restauradores. "Eles [a MOP] estavam super entusiasmados
em ter esta publicidade mais 'revolucionária'", (?) evidencia Iúri. O
objectivo seria arrancar com a campanha em inícios de Dezembro
A versão final do primeiro
cartaz foi recusada num e-mail da MOP a dar conta da reprovação do ML.
"Convém dizer que esta é a publicidade que está em todo o mundo, nos EUA,
Rio de Janeiro, e que nunca houve nenhum problema", sublinha Iúri. A segunda
versão foi então enviada e a resposta, enviada por e-mail pela MOP, foi mais
concreta: "Os temas de teor sexual não estão autorizados nas redes [de
múpis]."
Homofobia ou a satisfação dos clientes?
A publicidade na rede é gerida
pela MOP, mas o "ML intervém caso entenda exercer a faculdade (...) de não
autorizar a colocação de publicidade, em determinadas circunstâncias",
refere a transportadora, em declarações enviadas ao P3. Foi este o caso:
"O ML foi solicitado a pronunciar-se sobre a campanha proposta em Janeiro
deste ano, tendo recusado a autorização na mesma semana em que recebemos o
pedido."
Iúri acusa o Metropolitano de
"discriminação e homofobia", uma crítica "totalmente
infundada", responde o ML, que salienta que a prioridade da empresa
"é a satisfação dos clientes", não sendo, "primordialmente, um
espaço publicitário". "Sempre que se coloque a dúvida de que a
natureza dos produtos ou serviços em causa ou o teor da mensagem de uma
campanha publicitária possam ferir susceptibilidades, é opção do ML não aceitar
a divulgação da mesma na sua rede, independentemente da orientação sexual do
respectivo público-alvo."
Agora Iúri, ameaçando recorrer
aos tribunais, espera que lhe seja devolvido o pagamento, embora seja cada vez
mais difícil falar com a MOP. A comercial com quem fechou o negócio não atende
o telefone. Também o P3, apesar dos insistentes contactos, não conseguiu obter
uma reacção da MOP.
Texto: Amanda Ribeiro,
Público, 31-01-2012
Resposta do Metro de Lisboa:
“Relativamente à notícia
publicada pela P3 “Metropolitano de Lisboa recusa publicidade da rede social gay Manhunt”, o Metro gostaria de esclarecer que não é, nem nunca foi, uma
empresa discriminatória e homofóbica, rejeitando claramente qualquer tipo de
discriminação em função da orientação sexual.
Importa ter presente que o
Metro não é, primordialmente, um espaço publicitário. A razão de ser desta
empresa é a satisfação dos clientes do serviço público de transporte coletivo
que assegura. Por isso, a orientação vigente na empresa - que é bem conhecida
no mercado publicitário e da PUBLIMETRO, S.A. (Grupo MOP) que é a
concessionária da exploração da publicidade no ML - tem sido no sentido de não
aceitar publicidade que não se coadune com a imagem de um serviço público, que
se dirige a uma multiplicidade de clientes, com sensibilidades várias. Sempre
que se coloque a dúvida de que a natureza dos produtos ou serviços em causa ou
o teor da mensagem de uma campanha publicitária possam ferir suscetibilidades,
é opção do ML não aceitar a divulgação da mesma na sua rede, independentemente
da orientação sexual do respetivo público-alvo. Por esta ordem de razões, o ML
também não aceita, designadamente, publicidade a determinados serviços
destinados especificamente a heterossexuais.
Reiteramos que
independentemente do público a que se destina, o que está em causa é o tipo de
serviço prestado na rede social Manhunt, tendo o Metro recusado a sua promoção.
Lastimamos que a notícia
publicada não reflita os esclarecimentos prestados à P3, tendo criado um
ambiente de suspeição em relação a uma empresa de serviço público idónea, que
nunca nos seus 50 anos de existência teve uma atitude de descriminação perante
os seus clientes.
Grifos: JP
O Sr. Iúri fala em "publicidade revolucionária", ele deixa subjacente que homossexuais são revolucionários, os outros, bem, os outros... que saco!
O Metro de Lisboa respondeu muito bem e esclareceu a diferença entre produto (uma lingerie) e "serviço" (relacionamento - inocente, claro!)
Espero duas coisas:
A primeira, que o Bloco de Esquerda não venha encher o saco, para não dizer outra coisa, do Metro de Lisboa. A ver veremos...
A segunda, que os representantes dos trabalhadores apoiem a decisão da empresa. Duvido!
Desculpem o meu atraso:
Bloco de Esquerda questiona Governo
O Bloco de Esquerda (BE) questionou, esta terça-feira, o Governo se tinha conhecimento do caso Manhunt. Num comunicado enviado à comunicação social, o BE afirma que se trata de discriminação e homofobia, "já que, como é do conhecimento de todos os utentes do Metro, o ML tem aceitado publicidade com explícita conotação sexual".
Desculpem o meu atraso:
Bloco de Esquerda questiona Governo
O Bloco de Esquerda (BE) questionou, esta terça-feira, o Governo se tinha conhecimento do caso Manhunt. Num comunicado enviado à comunicação social, o BE afirma que se trata de discriminação e homofobia, "já que, como é do conhecimento de todos os utentes do Metro, o ML tem aceitado publicidade com explícita conotação sexual".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-