quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Metro de Lisboa nega propaganda de rede social homossexual

Metro de Lisboa recusa publicidade da rede social gay Manhunt
Amanda Ferreira
Quem passa pelas estações do Metro de Lisboa já está habituado a ver as meninas em lingerie da Triumph ou os abdominais dos espadaúdos jovens da DIM ou Armani. Mas parece que não vai ser desta que se verá publicidade da rede social gay Manhunt com dois homens de tronco nu na vertigem de um beijo ou até de t-shirt num abraço. A razão? Esta publicidade pode "ferir susceptibilidades", justifica o Metropolitano de Lisboa (ML), que recusou a campanha este mês.
Imagem: Público
Tudo começou há cerca de um ano, conta Iúri Vilar, responsável em Portugal pela Manhunt, rede social norte-americana utilizada, maioritariamente, por homens homossexuais para combinar encontros. Tendo em conta que já existem 60 mil utilizadores no país (seis milhões a nível mundial), Iúri contactou a Multimedia Outdoors Portugal (MOP), empresa que gere a publicidade no ML, no sentido de fazer publicidade à rede social e à respectiva aplicação móvel na MOP TV para "atingir as pessoas que ainda estão no armário". (?)


O serviço de televisão interna foi, entretanto, desactivado e só em Outubro foi assinado um contrato, segundo o qual a Manhunt teria 15 múpis (Mobiliário Urbano Para Informação) nas estações mais centrais, nomeadamente Rato, Saldanha, Picoas, Marquês do Pombal, Cais do Sodré e Restauradores. "Eles [a MOP] estavam super entusiasmados em ter esta publicidade mais 'revolucionária'", (?) evidencia Iúri. O objectivo seria arrancar com a campanha em inícios de Dezembro
A versão final do primeiro cartaz foi recusada num e-mail da MOP a dar conta da reprovação do ML. "Convém dizer que esta é a publicidade que está em todo o mundo, nos EUA, Rio de Janeiro, e que nunca houve nenhum problema", sublinha Iúri. A segunda versão foi então enviada e a resposta, enviada por e-mail pela MOP, foi mais concreta: "Os temas de teor sexual não estão autorizados nas redes [de múpis]."

Homofobia ou a satisfação dos clientes?
A publicidade na rede é gerida pela MOP, mas o "ML intervém caso entenda exercer a faculdade (...) de não autorizar a colocação de publicidade, em determinadas circunstâncias", refere a transportadora, em declarações enviadas ao P3. Foi este o caso: "O ML foi solicitado a pronunciar-se sobre a campanha proposta em Janeiro deste ano, tendo recusado a autorização na mesma semana em que recebemos o pedido."
Iúri acusa o Metropolitano de "discriminação e homofobia", uma crítica "totalmente infundada", responde o ML, que salienta que a prioridade da empresa "é a satisfação dos clientes", não sendo, "primordialmente, um espaço publicitário". "Sempre que se coloque a dúvida de que a natureza dos produtos ou serviços em causa ou o teor da mensagem de uma campanha publicitária possam ferir susceptibilidades, é opção do ML não aceitar a divulgação da mesma na sua rede, independentemente da orientação sexual do respectivo público-alvo."
Agora Iúri, ameaçando recorrer aos tribunais, espera que lhe seja devolvido o pagamento, embora seja cada vez mais difícil falar com a MOP. A comercial com quem fechou o negócio não atende o telefone. Também o P3, apesar dos insistentes contactos, não conseguiu obter uma reacção da MOP.
Texto: Amanda Ribeiro, Público, 31-01-2012

Resposta do Metro de Lisboa:
“Relativamente à notícia publicada pela P3 “Metropolitano de Lisboa recusa publicidade da rede social gay Manhunt”, o Metro gostaria de esclarecer que não é, nem nunca foi, uma empresa discriminatória e homofóbica, rejeitando claramente qualquer tipo de discriminação em função da orientação sexual.
Importa ter presente que o Metro não é, primordialmente, um espaço publicitário. A razão de ser desta empresa é a satisfação dos clientes do serviço público de transporte coletivo que assegura. Por isso, a orientação vigente na empresa - que é bem conhecida no mercado publicitário e da PUBLIMETRO, S.A. (Grupo MOP) que é a concessionária da exploração da publicidade no ML - tem sido no sentido de não aceitar publicidade que não se coadune com a imagem de um serviço público, que se dirige a uma multiplicidade de clientes, com sensibilidades várias. Sempre que se coloque a dúvida de que a natureza dos produtos ou serviços em causa ou o teor da mensagem de uma campanha publicitária possam ferir suscetibilidades, é opção do ML não aceitar a divulgação da mesma na sua rede, independentemente da orientação sexual do respetivo público-alvo. Por esta ordem de razões, o ML também não aceita, designadamente, publicidade a determinados serviços destinados especificamente a heterossexuais.
Reiteramos que independentemente do público a que se destina, o que está em causa é o tipo de serviço prestado na rede social Manhunt, tendo o Metro recusado a sua promoção.
Lastimamos que a notícia publicada não reflita os esclarecimentos prestados à P3, tendo criado um ambiente de suspeição em relação a uma empresa de serviço público idónea, que nunca nos seus 50 anos de existência teve uma atitude de descriminação perante os seus clientes.
Grifos: JP

O Sr. Iúri fala em "publicidade revolucionária", ele deixa subjacente que homossexuais são revolucionários, os outros, bem, os outros... que saco!
O Metro de Lisboa respondeu muito bem e esclareceu a diferença entre produto (uma lingerie) e "serviço" (relacionamento - inocente, claro!)
Espero duas coisas:
A primeira, que o Bloco de Esquerda não venha encher o saco, para não dizer outra coisa, do Metro de Lisboa. A ver veremos...
A segunda, que os representantes dos trabalhadores apoiem a decisão da empresa. Duvido!


Desculpem o meu atraso:
Bloco de Esquerda questiona Governo
O Bloco de Esquerda (BE) questionou, esta terça-feira, o Governo se tinha conhecimento do caso Manhunt. Num comunicado enviado à comunicação social, o BE afirma que se trata de discriminação e homofobia, "já que, como é do conhecimento de todos os utentes do Metro, o ML tem aceitado publicidade com explícita conotação sexual". 

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