Paulo Ricardo Paúl
O dia 10 de fevereiro de 2012
ficará marcado eternamente na história do Rio de Janeiro, não apenas como sendo
o dia no qual PMs, BMs e PCs tentaram fazer uma paralisação unificada,
inteiramente desorganizada e, portanto, fadada ao fracasso completo desde o seu
nascedouro; mas sobretudo pelas graves violações dos direitos (direitos
humanos) e das prerrogativas de um grupo de Bombeiros e Policiais Militares que
em razão da contrariedade por parte do governo de vários dispositivos legais
foram presos e atirados nos "porões" da penitenciária de segurança
máxima, conhecida como Bangu I, a qual é utilizada como estabelecimento para
abrigar os criminosos mais perigosos do Rio de Janeiro.
Um dia no qual os valores
democráticos foram atirados no lixo e que o estado democrático de direito foi
suspenso no Rio de Janeiro, situação que se arrastou por vários dias, só sendo
interrompida pela pronta atuação dos deputados estaduais integrantes da
comissão de direitos humanos da ALERJ, com o apoio do deputado federal Chico Alencar
e dos integrantes da comissão de direitos humanos da OAB/RJ, cidadãos
brasileiros a quem todos nós temos uma dívida de gratidão, tendo em vista de
que após o que foi feito com os PMs e os BMs, ninguém está livre de ficar
quinze horas por dia trancafiado em uma cela de Bangu I.
Prezados leitores, se não
bastassem os diversos crimes praticados contra os PMs e os BMs, o governo ainda
quer mais, quer expulsá-los das corporações com uma pressa nunca vista antes,
nem mesmo contra os piores integrantes das bandas podres das instituições. Nem
contra os assassinos, nem contra os milicianos, nem contra os que negociam com
traficantes de drogas, o governo foi tão duro. Paradoxalmente, o governo
estadual tem sido de uma crueldade extrema com os que lutam por melhores
salários, os que integram a banda boa, os que vivem dos seus vencimentos e do
bico.
A ordem parece ser no sentido
de expulsar e rápido esses "criminosos" que querem salários justos e
que lutam ordeira e pacificamente por isso desde o ano de 2007, início do
governo Sérgio Cabral (PMBD), tendo realizado quase uma centena de atos
públicos.
O governo chegou ao absurdo de
reduzir pela metade o prazo dos Conselhos de Disciplina e está fazendo a
alteração retroagir para afetar os PMs e BMs, na busca da expulsão em rito
sumário. Eles chegarão a ser ouvidos ainda em Bangu I, tamanha a urgência.
Imaginem em que condições eles prestaram declarações. O governo estadual quer
que eles sirvam de exemplo para todos os PMs e BMs do Brasil, dando um recado:
não lutem por salários dignos! Virem-se!
Não custa lembrar o axioma de
que é preferível absolver um culpado do que condenar um inocente, a extrema
pressa pode levar a condenação de vários inocentes.
Urge que a normalidade seja
retomada, que o contraditório e a ampla defesa sejam preservados e que o Rio
vivencie um estado democrático de direito.
O regime democrático, os
direitos e as garantias constitucionais, a busca pela justiça, a boa técnica
jurídica e o próprio bom senso determinam que sejam trancados (interrompidos)
todos os Processos Administrativos Disciplinares até que o IPM e o processo na
AJMERJ sejam concluídos, caso contrário, o Brasil estará escrevendo uma página
vergonhosa de autoritarismo e os governos estadual e federal poderão ser
acusados de revanchismo, considerando que os violentados desses tristes dias
que estamos vivendo não são os terroristas, os assaltantes de banco, os
sequestradores, etc; hoje as vítimas são militares, militares estaduais, para
ser exato.
E, por favor, não me venham
com a propalada independência entre as esferas, pois ela não pode se sobrepor à
cidadania plena dos PMs e dos BMs, ferida de morte pelo governo e seus
prepostos.
Faça quem tem que fazer,
tranquem os Processos Administrativos Disciplinares (PADs) e aguardem o fim das
investigações do IPM e do processo na AJMERJ.
É preferível absolver um
culpado do que condenar um inocente.
Juntos Somos Fortes!
Paulo Ricardo Paúl
Coronel de Polícia
Uma das vítimas
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