Nivaldo Cordeiro
Lendo o artigo de Rubem
Ricúpero, publicado ontem na Folha de São Paulo ("Perdão pela
crise"), é que me dei conta do tamanho da desonestidade intelectual dos
escribas engajados na causa socialista. Escritos como o de Rubem Ricúpero são
cortinas de fumaça que buscam precisamente esconder a origem da presente crise,
que tem na Grécia seu momento mais trágico.
Rubem Ricúpero quer fazer crer
a seus leitores que a crise é resultado de um erro técnico (não precisado por
ele) e da soberba dos economistas. Ele também acusa uma indefinida
"liberalização financeira" como sua causa imediata e, com isso, tenta
fazer crer que é uma crise do capitalismo, fundada na luta de classes:
"Não foi a falha de imaginação ou inteligência a culpada da imprevisão. A
causa é a ideologia, o disfarce de interesses de classe e setores sob roupagem
científica". Qual ideologia? Para o
ideólogo Ricúpero, a de mercado.
Aqui temos uma dupla
desonestidade, pois se há um elemento de luta de classe no processo, são as
classes letradas vendidas ao socialismo que, engendrando decisões financeiras
fundadas no mefistofélico Keynes, tentam desesperadamente construir uma
sociedade falsamente igualitária, supondo que não existe a lei da escassez. Mas
ela existe e nem toda emissão de moeda do mundo será capaz de suspendê-la.
Tentar colocar o problema como sendo a luta de classes em termos marxistas, de
ricos contra pobres, é um abuso teórico. São os engenheiros sociais, patronos
do socialismo, os que lutam para reconstruir a realidade em outros termos, ou
uma Segunda Realidade, em acesso de loucura que não passa de uma rebelião
contra o mundo como ele é.
É desonesto também atribuir a
crise ao capitalismo. Os teóricos socialistas que tomaram conta do Estado
fizeram todas as estripulias proibidas pelas manuais de livre mercado e como a
corda arrebentou tentam agora dizer que é culpa do mercado. Ora, culpa mesmo é
de quem emitiu moeda sem lastro, quem elevou os gastos do Estado à
estratosfera, quem regulou cada um dos mercados, que tributou no limite da asfixia
de que trabalha e produz, a começar pelo mercado de trabalho. Aliás, os EUA
sairão bem dessa crise precisamente porque são o país que menos regulou este
mercado. A Europa, bem vemos, a pátria do socialismo fabiano, se afunda mais e
mais.
Se há uma luta de classes
nesse processo é dos que se fizeram donos do Estado sob promessas falsas e
passaram a roubar impunemente os produtores de riquezas. Do sindicato dos
charlatães socialistas contra os que labutam noite e dia.
É preciso repudiar textos como
esse de Rubem Ricúpero, porque não passam de panfletos enganadores da opinião
pública. A crise é do socialismo, não do capitalismo.
Título e Texto: Nivaldo
Cordeiro, 21-02-2012
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