quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Privatizações à la PT

Peter Rosenfeld
Até as paredes sabem que o PT sempre demonizou qualquer privatização séria, bem feita, por todas as razões possíveis e imagináveis.
As cenas dantescas ocorridas quando das vendas do controle de toda e qualquer empresa, há alguns anos, jamais sairão da memória das pessoas de bem.
O centro da cidade do Rio de Janeiro, onde se localizava a Bolsa de Valores, era tomado por vândalos que promoviam arruaças violentas, quebrando e depredando o que encontrassem pela frente, recebendo em pagamento, com agradecimentos do PT, alguns (ou muitos “alguns”) trocados.
O grosso das privatizações ocorreu ainda no governo F. Collor de Melo, continuando no governo do Sr. Itamar Franco e terminando no governo do Sr. F.H. Cardoso.
É evidente que houve muitas insinuações de que teria havido fraude, ou fraudes, em alguns processos. Só houve insinuações; ninguém, jamais provou algo.
A grande maioria das empresas vendidas, mesmo as que não iam nada bem das pernas, vai muito bem, obrigado.
De sugadores de dinheiro da União, passaram a ser contribuintes importantes (e adimplentes), pagando as enormidades vergonhosas de impostos, taxas e similares cobradas pelos três níveis de governo.
A diminuição das forças de trabalho, tão apregoada pelos opositores do processo, simplesmente não ocorreu pois todas as empresas privatizadas, além de terem se tornado lucrativas, acabaram contratando mais funcionários, graças a seu significativo crescimento.
Tudo aconteceu de forma contrária àquilo que o PT e seus seguidores, carinhosamente apelidados de “PeTralhas”, juravam que aconteceria.
Mas é de perguntar: por que trago isso à baila agora, tanto tempo depois daqueles turbulentos dias?
Respondo: porque o governo petista, agora (tardiamente), resolveu “privatizar” três aeroportos, pretendendo continuar o processo.
Foram leiloados os aeroportos de Guarulhos (o mais importante do Brasil), de Campinas e de Brasilia.
Há que privatizar, também e com urgência, o Tom Jobim do Rio de Janeiro, que está em frangalhos (a cidade, depois de sediar, há 20 anos, a 1ª conferência mundial de ecologia. será sede da 2ª conferência, que trará ao Rio Presidentes, Primeiros Ministros e outros Chefes de Governo). Aliás, o antigo Galeão foi convertido no então moderno Tom Jobim por causa dessa conferência.
Além de vários outros, igualmente importantes e “pedindo” ampliação e modernização.
E agora todos devem estar se perguntando: e os compradores, são sérios? Têm experiência e antecedentes “limpos”?
O que me levou a abordar o assunto, confesso, foram os comentários, inúmeros, diga-se de passagem, informando que as respostas a todas essas perguntas eram preocupantes, pois todas negativas quanto à qualidade e à experiência dos compradores.
Até agora não vi nem li qualquer referência positiva aos “compradores”.
Seria muito triste, trágico mesmo, se essas informações se confirmassem e esses aeroportos continuassem envergonhando qualquer e todos os brasileiros.
Supondo, e apenas supondo, que essas referências se confirmem, o PT teria uma arma poderosa em mãos: “as privatizações são um desastre e jamais deveriam ter sido feitas”, apregoariam aos berros!
E daí para diante, coitados dos usuários dos aeroportos brasileiros, pois as coisas ficariam muito piores do que são agora (sempre é possível piorar, jamais esqueçamos disso).
Para terminar, citarei um episódio que claramente demonstra como a mentalidade burocrática não tem limites.
O aeroporto de Porto Alegre, cujo novo terminal foi concluído há algo como 10 anos, necessita que a pista seja aumentada em algo como 1.000 metros para que nela possam operar aviões de grande porte (inclusive para a Copa de 2014).
Acontece que em uma das cabeceiras estão instaladas duas comunidades pobres (“malocas” no RS e/ou “favelas” no Rio), que teriam que ser removidas. Não o foram, impedindo, assim, que a obra fosse começada. Até hoje, nada feito.
Por outro lado, há cerca de 4/5 anos, uma empresa administradora de “shopping centers” resolveu construir uma filial na cidade. Na proximidade de onde o estabelecimento seria (foi) construído, havia uma “vila popular” enorme, com dezenas de malocas.
Era absolutamente necessário que a vila popular fosse removida.
Em curtíssimo espaço de tempo, a administração do “shopping” negociou com os moradores da favela que se mudassem para outro local. Construiu uma nova vila, infinitamente melhor do que a antiga; os moradores mudaram e o “shopping” foi construído e começou a operar há bastante tempo.
Ah, para não esquecer: o projeto de engenharia para ampliação da pista do aeroporto de P. Alegre ainda não foi entregue à administração do mesmo!
Dá para aceitar isso?
E viva a administração pública e, no caso, a Infraero!
Para finalizar, confesso que estou muito curioso para ver como se comportarão as empresas que vierem a ser “privatizadas” no modelo PT!
Será que o partido quererá ter um diretor de sua nomeação?
E, em caso positivo, o que dirão os responsáveis pela administração?
Aguardemos os próximos capítulos!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 15 de fevereiro de 2012

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