De doze em doze, de treze em treze... até quando?

José Carlos Bolognese

Estaremos nós, aposentados do Aerus e ex-trabalhadores da Varig condenados a ficar observando datas que se repetem e nada mais que isto?

Hoje, 12 de setembro, lembramos mais uma vez... façamos as contas: 77 meses de calote! Septuagésima sétima passagem pelo dia 12, uma data que já deveria fazer parte de um passado esquecido. Mas... já temos outra para ficar marcando e roendo as unhas: O cabalístico 13, número de sorte do Zagalo que, há dois meses atrás chegamos a pensar que nos premiava também, trazendo finalmente a solução para essa injustiça interminável. De certo modo ele trouxe sim, a sentença do Juiz Jamil Rosa de Jesus Oliveira, da 14ª Vara Federal de Brasília, no dia 13 de julho. Mas fica-se com aquela sensação de que faltou combinar com os russos, para usar uma lenda do futebol que diz que nem tudo o que se anuncia é o que vai acontecer. Mas, assim como as coisas não parecem mais tão róseas para os pilantras do mensalão, nós variguianos, também precisamos assegurar esse terreno conquistado para nós pelo Juiz que determina a responsabilidade da União em recompor nossa aposentadoria.

Foto: Fellipe Sampaio/STF

A imagem determinada do ministro Joaquim Barbosa com a Constituição nas mãos e as primeiras condenações dos réus no processo do Mensalão, podem estar criando lentamente um novo Brasil. Milhões de brasileiros honestos não esperam menos do que o triunfo da verdade e da justiça.

Indo a bom termo, isto é, apurando as responsabilidades, emitindo as sentenças e, mais que tudo, providenciando para que elas sejam cumpridas integralmente de acordo com a lei, pode ser que outras questões importantes sigam o bom exemplo que esperamos. Muitas dessas graves questões atormentam os brasileiros ameaçando sua própria existência. Nós, ex-trabalhadores da Varig e aposentados do Aerus, contra nosso direito e vontade, estamos infelizmente mergulhados - ainda até o pescoço - numa dessas questões.

O que se espera sobre o pós mensalão é que finalmente a justiça nesse país, deixe de ser uma mera utilidade para os poderosos e uma vaga esperança para os mais fracos. Mas ela jamais será eficiente se os que se sentem prejudicados confiarem que as instituições funcionam por si, sem serem provocadas. É nesse segundo contexto que nós, apesar do valor que sabemos ter como cidadãos, não podemos esmorecer.

Enquanto pesquisava na Internet tentando acordar meus neurônios antes de escrever, encontrei este santo que viveu no século XIII, nunca ouviu falar de Varig, Aerus ou mensalão, mas já conhecia a trama e as personagens. Se hoje ainda se faz o errado, não é por falta de conhecimento. É por maldade mesmo.

Santo Tomás de Aquino(1225-1274):

(...) aquele que tem obrigação de impedir que se furte, se o não impediu, fica obrigado a restituir o que se furtou. E até os príncipes que por sua culpa deixaram crescer os ladrões, são obrigados à restituição; porquanto as rendas com que os povos os servem e assistem são como estipêndios instituídos e consignados por eles, para que os príncipes os guardem e mantenham com justiça.

Nunca deixemos de pensar nestas palavras de Tomás de Aquino. Principalmente nos dias doze e treze de cada mês.

Abraços a todos,

José Carlos Bolognese, 12-9-2012