segunda-feira, 15 de julho de 2013

Portugal é um bom local para ser comunista


Carlos Guimarães Pinto
Ao contrário do resto do Mundo ocidental, Portugal é um bom local para ser comunista. Talvez porque, à excepção do período 74-75, Portugal tem estado sempre distante do perigo comunista. Chegavam-nos histórias da União Soviética, mas que eram demasiado longínquas para criar as defesas em relação ao comunismo que foram criadas noutras zonas da Europa. Os comunistas, ao contrário dos seu congéneres totalitários de extrema-direita, fazem parte do sistema. A ausência prolongada de cargos governativos permitiu-lhes ainda excluir-se de qualquer decisão difícil: os comunistas são sempre o polícia bom do parlamento que exige salários e pensões mais altas, mais redistribuição, mais emprego público, mais dinheiro para a cultura e cada um dos lóbis eleitorais, mas com a possibilidade de se esconder na altura de assumir os custos dessas exigências.

Eles podem sobreviver como partido longe do governo porque tal não os afasta dos tachos necessários à sobrevivência no sistema partidário. Os comunistas beneficiam do tipo de tachos que qualquer partido aspiraria a ter: tachos permanentes não sujeitos ao escrutínio democrático. São os tachos nos sindicatos, em empresas Municipais e associações de “cidadãos” (tudo pago com dinheiro público). Eles não têm votos, mas com uma presença desproporcional nos meios de comunicação social influenciam as decisões políticas ao manipular a opinião pública e, acima de tudo, ao manipular a percepção do que é a opinião pública. Eles não têm votos, mas, tal como no PREC, dominam as manifestações de rua, fazendo crer a muitos (até aos partidos rivais) que a opinião pública quer aquilo que eles acham que deveria querer. Os partidos corruptos do centro farão sempre aquilo que acharem que lhes garante mais votos e são os comunistas, através do domínio da rua, que manipulam essa percepção. À falta de poder democrático, os comunistas dominam o maior lóbi do país, a função pública, e têm, através desse domínio, impedido qualquer reforma, contribuindo como ninguém para o empobrecimento do país. Os partidos corruptos do centro podem dominar o espaço governativo, mas são eles, os comunistas, que mais influenciam as políticas.

Mas que não se iludam aqueles que pensam que os comunistas tendo tanto a ganhar com o sistema actual, não deitariam tudo a perder em nome da ideologia. Eles são acima de tudo uma seita que acredita nos benefícios da sua ideologia totalitária, apesar de todas as evidências em contrário. Não se deixem iludir pela fachada democrática que assumem durante tempos mais serenos. Eles andam aí, prontos a aproveitar uma crise no sistema para atacar, prontos para utilizar a insatisfação em relação ao sistema que minaram por dentro durante anos para nos imporem a solução final de Cuba ou da Coreia do Norte. Não se iludam aqueles que pensam que bastava esperar que os velhos líderes morressem: há aí uma nova geração de Miguel Tiagos, criada entre as seringas da Festa do Avante, pronta a assaltar o país. É importante não baixar as defesas: o perigo do totalitarismo e escravidão comunistas não desapareceu.
Título e Texto: Carlos Guimarães Pinto, no blogue “Portugal Contemporâneo”, 15-7-2013

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