Já passou de cinco, seis, sete, oito…
Os oito anos de calote não me
tocaram como os outros “aniversários’, no sentido em que a precisa data em si,
pouco importa. Com o passar do tempo, assuntos não resolvidos só tendem a
piorar e data certa é para lembrar coisas boas e ponto. Portanto, a data certa
fica para o futuro, se (é que) temos um.
Para mim, sempre foi claro que
o nosso problema Aerus, Varig, calotes etc., é simplesmente a regra dentro da
grande exceção que é o nosso país cujo “governo” atual se alinha com o que há
de mais atrasado no mundo. Embora sejamos uma das maiores economias do planeta,
todas as outras qualidades dos países mais desenvolvidos, grandes economias ou
não, passam bem longe de nós.
Nós bem que poderíamos mudar
de nome para República Relativista do Brasil, pois a nossa autoproclamada
república nunca funcionou com a isonomia necessária para todos igualmente, isto
é, assegurando as mesmas oportunidades, direitos e obrigações alcançando a
todos, respeitando as particularidades de cada um como em qualquer estado de
direito que se preze. Aqui, tudo, direitos, deveres, valores éticos e morais,
tudo são moedas de duas faces, relativizando-se ao sabor das circunstâncias e
dos poderes de cada um.
Mas... infelizmente os últimos
doze estão a provar que a nossa vocação para o atraso não tem limites. Esse
período se destaca por ter levado ao estado da arte o que sempre foi ruim.
Para mim esses anos todos de
calote no Aerus - agora oito - não poderiam estar inseridos em nenhuma outra
época senão nos quase 12 anos do desgoverno petralha, leia-se Lula/Dilma,
coadjuvado por um judiciário indigno deste nome. Seria surpreendente se um
escândalo como a destruição de uma das mais tradicionais empresas do país, a
Varig, e o calote no fundo de pensão de seus funcionários não estivessem
acontecendo ao mesmo tempo em que se vê a destruição da maior empresa do país –
a Petrobras, dos escândalos de estádios de futebol superfaturados, da explosão
do crime – organizado e desorganizado - das inúmeras sujeiras políticas
descobertas todos os dias pela imprensa ainda “não relativizada” pelo poder dos
anúncios de empresas estatais e das outras empresas amiguinhas do BNDES.
Infelizmente a anomia reinante
no Brasil, onde grande parte do povo só parece se movimentar em função de
eventos e a outra parte, a que trabalha, cria, aprende de verdade e carrega o
país nas costas tendem a se igualar na perpetuação do caos, na medida em que
primeira não está para além do “farinha pouca, meu pirão primeiro” e a segunda
é tímida e acanhada como um elefante que não se apercebe do próprio tamanho e
da importância que tem. Tudo isso combinando e avesso a mudanças, se transforma
no adubo perfeito a fertilizar o solo, garantindo safras espetaculares de
atraso que irão nos consumir por muitas décadas ainda.
Esses oito anos de calote que
sofremos nós, ex-trabalhadores da Varig, só podem ser explicados por esta dúzia
de anos de mentiras e enganações. Os que chegaram vivos até aqui esperam que
passe logo esse tormento.
Sim, que passe… ou Pasadena?
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 05-05-2014
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