segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A faxina

José Manuel

Tirei o fim de semana, em especial o domingo, dia 5 de outubro, para fazer uma faxina, pois a minha casa estava imunda de tanta sujeira acumulada durante doze anos.
Pelo menos nesta primeira fase, estou de quarto, de sala e de alma lavada.

Resolvi começar pelo quarto, pois não aguentava mais a poeira acumulada, as ideias nem funcionavam mais, a alergia piorando, os lençóis e as fronhas também  já não eram trocadas há anos e o ar estava irrespirável.

Durante doze anos, os fungos e os ácaros foram-se acumulando por toda a casa e já não havia lugar onde eles não estivessem presentes.

Os insetos, como baratas, traças e outros menos cotados, fizeram a festa ao longo deste tempo.

Além da poeira e do mofo que se produziu por conta disso tudo, o quarto era um ninho de fezes produzidas por esses parasitas imundos e fétidos.

O problema é que ao longo do tempo em que eles estiveram presentes, eu não conseguia ter forças, pois quanto mais eu tentava limpar, quanto mais eu reagia, mais eles se alastravam.
Durante esse tempo que quero esquecer, foi como se uma parede de vidro me tivesse isolado do mundo. 

Para piorar a situação, o meu salário também foi sendo sugado por outros tipos de vermes, o que não me deixava ter mais forças para fazer frente a tamanho descalabro.

Havia parasitas de todos os tipos me assediando, seja na vida pessoal, seja no trabalho, que eles quase também destruíram, na sua sanha por comida farta e parasitagem estabelecida.
Enfim, a minha vida até este  domingo, 5 de outubro, era um verdadeiro caos e já me sentia como alimento desses fantasmas comedores de almas.
A morte já iminente, com o filminho rodando e me assustando, me fez num ainda sopro de vida reagir, recolher as forças caídas e iniciar uma faxina geral para acabar com os parasitas, os vermes e os fantasmas sugadores que assolavam a minha casa.

A sala também era outro foco de fezes e fungos, com muitos ratos indo e voltando da cozinha, fazendo os seus ninhos prazerosamente no sofá, poltronas, enfim onde houvesse um ambiente favorável à sua imensa vontade de usufruir e destruir.

Nem as minhas gatas pretas, a “Sorte”, que fica no ambiente do meu trabalho, e a  "Tizzy", que fica em casa, conseguiam dar conta do recado, tamanho era o número de ratos que neste momento ainda tentam infestar esses ambientes perto da cozinha.

Foi uma boa faxina, mas não terminal, pois o quarto e a sala já estão limpos, mas se faz urgente uma assepsia com desinfetantes potentes, pois ainda há resquícios de infestação principalmente na área da comida.

A cozinha, os banheiros a área de serviço e a varanda terão uma forte faxina no dia 26 de outubro, porque foram colocados raticidas em áreas suspeitas de contaminação na casa e temos que esperar o efeito para a realização da limpeza.

Também foram encontrados muito cupins se alimentando dos meus bens, com a sua parcial destruição.

A cozinha é a que está pior, pois é fonte de alimento e as fezes de ratos estão por todos os compartimentos onde podem se esconder.

Mas no próximo domingo, 26 de outubro, agora que estou mais fortalecido pela primeira vitória, com certeza a faxina será forte e vou acabar de vez com esses parasitas que me sugam há mais de doze anos.

É claro que vou caprichar, e além da desinfecção terá que ser feita também uma dedetização preventiva com  químicas violentas, para que nada do que se apoderou antes tenha a possibilidade de retornar algum dia.

Aqueles parasitas, roedores e vermes que porventura resistam a tal limpeza, e eu sei que alguns conseguem resistir, vão ser aprisionados em contêiner especial e os enviarei para a casa do Caribe, onde uns barbudos e fumadores de charuto, hospedam em sua mansão na sua ilha seus colegas criadores de ratos.


Como são ratos especiais acostumados a comer de tudo e saquear o patrimônio privado e especialmente o público, lá  nessa ilha estarão perto dos paraísos fiscais, onde poderão visitar o produto dos seus saques, apenas a alguns minutos de avião roubado, é claro.

Espero que os ratos que eu mandar para a ilha, contaminem de vez os políticos de lá, para que esse tipo de contágio e corrupção passiva, ativa e alimentar não se espalhe mais pelo mundo e não faça mais vítimas do que já fizeram em 61 anos. Basta!

Pena que a sua ilha não está em uma linha vulcânica e que uma enorme erupção faça dela uma vizinha da Atlântida, ali bem pertinho.
O povo seria avisado antes e a tempo de ir correndo para Miami, onde seria muito bem recebido. 
Título e Texto: José Manuel, 6-10-2014

10 comentários:

  1. Meu caro amigo José Manuel, se houver prêmio para metáfora esclarecida, pode contar que o 1º já é seu. Ví com todas as letras, o ácido sulfúrico sendo derramado e já saindo aquela fumacinha que indica a reação. Excelente limpeza!!! Que não sobre pedra sobre pedra para que outras estruturas possam ser erguidas e venham à ter de fato, a serventia de abrigo, segurança e descanso. Evoé !!! Jonathas Filho

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  2. Há muito tempo, num Reino distante, havia um Rei que não acreditava na bondade de Deus. Tinha, porém, um súdito que sempre lhe lembrava dessa verdade. Em todas situações dizia:

    - Meu Rei, não desanime, porque Tudo que Deus faz é Perfeito. Ele nunca erra!"

    Um dia, o Rei saiu para caçar juntamente com seu súdito, e uma fera da floresta atacou o Rei. O súdito conseguiu matar o animal, porém não evitou que sua Majestade perdesse o dedo mínimo da mão direita.

    O Rei, furioso pelo que havia acontecido, e sem mostrar agradecimento por ter sua vida salva pelos esforços de seu servo, perguntou a este:

    - E agora, o que você me diz? Deus é bom? Se Deus fosse bom eu não teria sido atacado, e não teria perdido o meu dedo.

    O servo respondeu:

    - Meu Rei, apesar de todas essas coisas, somente posso dizer-lhe que Deus é bom, e que mesmo isso, perder um dedo, é para seu bem! Tudo que Deus faz é Perfeito. Ele Nunca erra !!!

    O Rei, indignado com a resposta do súdito, mandou que fosse preso na cela mais escura e mais fétida do calabouço. Após algum tempo, o Rei saiu novamente para caçar e aconteceu dele ser atacado, desta vez por uma tribo de índios que viviam na selva. Estes índios eram temidos por todos, pois se sabia que faziam sacrifícios humanos para seus deuses.

    Mal prenderam o Rei, passaram a preparar, cheios de júbilo, o ritual do sacrifício. Quando já estava tudo pronto, e o Rei já estava diante do altar, o sacerdote indígena, ao examinar a vitima, observou furioso:

    - "Este homem não pode ser sacrificado, pois é defeituoso! Falta-lhe um dedo!"

    E o Rei foi libertado. Ao voltar para o palácio, muito alegre e aliviado, libertou seu súdito e pediu que viesse em sua presença. Ao ver o servo, abraçou-o afetuosamente dizendo-lhe:

    - Meu Caro, Deus foi realmente bom comigo! Você já deve estar sabendo que escapei da morte justamente porque não tinha um dos dedos. Mas ainda tenho em meu coração uma grande duvida: Se Deus é tão bom, por que permitiu que você fosse preso da maneira como foi? Logo você, que tanto o defendeu!?

    O servo sorriu e disse:

    - Meu Rei, se eu estivesse junto contigo nessa caçada, certamente seria sacrificado em teu lugar, pois não me falta dedo algum! Portanto, lembre-se sempre :

    Tudo o que o Mestre dos mestre faz é perfeito ; ele não erra nunca.

    Sidnei Oliveira
    Assistido Aerus
    Rio de janeiro - RJ

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  3. Bravo, José! Muito bom. Esta faxina vai ser completa no dia 28...
    Habitz

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  4. Tem um pequeno errinho no texto. Favor retificara a data de 26 de setembro para 26 de outubro. Obrigado

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  5. excelente
    joguei na ventania
    ​robusto abraço

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  6. Meu caro missivista, com o meu mais profundo respeito, permita-me dizer-lhe que a sua faxina, embora cheia de boas intenções e benfeita, não conseguirá limpar definitivamente a sua casa. Eu cá na minha tive o mesmo problema. Antes de começar, lembrei de um já velho conceito de organização e limpeza que um mestre me ensinou: O 5S! Assim, analisei a infestação que a minha casa sofrera e comecei a limpeza, sempre apreciando o resultado.

    Qual não foi a minha surpresa ao ver que quando empregava um tipo de veneno, os ratos rapidamente fugiam e, enquanto eu pensava que os havia eliminado, no outro dia eles apareciam misturados e escondidos no meio de outras pragas.

    Intrigado, procurei na história das faxinas e constatei que até quando usaram armas contra eles, na tentativa de eliminá- los, eles, escorraçados mas espertos, conseguiram fugir. Depois, misturados com cobras, aranhas e toda a sorte de aves de rapina, voltaram!

    Depois de ler tudo isso e analisar novamente minha casa, cheguei à triste conclusão: posso usar todo o meu arsenal de inseticidas, quiçá até usar armas novamente, que não conseguirei exterminá-los. A razão? Os meus móveis são ordinários: o assoalho, que um dia teve e ostentou valor, está podre! Corroído por umidade, mofo e vermes…
    A minha casa não presta mais!
    Penso até que nunca prestou e a culpa foi minha por querer coisas baratas.
    O que é barato não dura. Não resiste aos ataques de vermes… Acho que não soube valorizar o que Deus me deu. Talvez porque nunca tenha derramado meu sangue para consegui-lo.
    Meus pêsames…
    Sinto que a sua casa é igual à minha!
    Flavio Guerra

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  7. Estamos juntos nessa faxina!

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    Respostas
    1. Vou fazer minha parte aqui da Alemanha e tem muita gente querendo ajudar... Especialmente os da pioneira..

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  8. Vou ajudar aqui da Alemanha!
    Eloi

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