sábado, 5 de novembro de 2016

Por que o medo?

Valdemar Habitzreuter
A psicologia tem explicações do porquê dos nossos medos, mas é a filosofia heideggeriana que, ao meu ver, entra no cerne da questão. O medo assenta-se sobre o nada. Isto é, todo ser humano quando nasce está aí jogado no mundo como um redondo nada. A partir desse nada, que o constitui – sem essência alguma ainda - tem a tarefa de dar sentido à sua vida, ser alguém, construir sua personalidade nesta existência.



Ok, tem seus momentos de felicidade ao realizar seus projetos de vida, mas o nada o persegue e lhe tira as perspectivas positivas de eternidade que espera da vida, e a angústia, assim, se instala em seu ser e o persegue vida afora. Ele sabe que é um ente finito e tudo desemboca no nada. Sabe que seus projetos, para lhe proporcionar um futuro perene, esbarram na finitude de sua existência.

No entanto, esforça-se - apesar de tudo acabar em nada que o angustia - por persistir na existência o máximo que puder e ser feliz.

Para se conformar com sua existência finita, que dia após dia se encurta cada vez mais, encara o nada como uma forma de dar sentido existencial e procura levar uma vida autêntica não fugindo da angústia e do medo que perpassam sua existência. É essa angústia e esse medo da finitude que vão lhe proporcionar os ensinamentos de como pode fazer de sua existência uma existência gostosa e feliz.

Por outro lado, aquele que foge do medo e quer eliminar sua angústia existencial leva uma vida inautêntica procurando toda espécie de ocupação mundana (nos prazeres fugazes e consumismo, por exemplo) para não se lembrar de que é um ser-para-a-morte. Mas, a angústia e o medo voltam ao cenário de sua vida assim que refletir sobre sua condição de ente passageiro neste mundo.

Assim, a angústia e o medo existenciais são uma oportunidade de levarmos uma vida autêntica enquanto dura...
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 5-11-2016

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