segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Helicóptero da PM “cai” e mata o jornalismo brasileiro

Luciano Ayan



O cinismo daqueles que se dizem jornalistas no Brasil tem atingido níveis estratosféricos. Há algumas semanas uma manchete dizia que um “garoto foi agredido no ônibus após tentativa de assalto”, deixando até a dúvida se o garoto agredido seria o assaltante ou a vítima. Claro, no corpo da matéria lia-se claramente que o “agressor” é que era a verdadeira vítima e que ele reagiu ao assalto.

Ontem, quando um helicóptero da Polícia Militar foi abatido por bandidos no Rio de Janeiro, na Cidade de Deus, dezenas de manchetes apareceram com títulos como os que você pode ver abaixo:





Helicóptero caiu. Queda de helicóptero.

Nenhuma das manchetes feitas nos grandes jornais retratou a realidade, a de que houve um abatimento, a de que bandidos fortemente armados derrubaram um helicóptero e mataram quatro trabalhadores, gente decente, provavelmente quatro pais de família. Que razões um jornalista, alguém que teoricamente estuda para informar as pessoas, ocultaria a informação mais relevante de todas em um caso como esse? Qual a finalidade de ocultar dos leitores a informação de que há uma guerra civil no Rio de Janeiro e que pessoas de bem estão perdendo essa guerra?

A resposta é clara: ideologia e projeto político. Esse tipo de jornalismo não é feito por profissionais sensatos, equilibrados, focados em informar. Ao contrário. O foco é justamente a desinformação. Cientes de que muitas pessoas leem apenas a manchete, eles colocam no título a informação parcial de propósito. Acima coloquei só esses quatro casos de manchetes mentirosas, mas foram muito mais. É impossível que jornalistas de diversas redações tivessem o mesmo tipo de reação diante do mesmo fato, é óbvio que isso faz parte de um projeto.

Diante disso tudo, é nosso dever como pessoas minimamente íntegras rechaçar esse tipo de profissional. O que eles fazem não é jornalismo, é panfletagem política. E se eles estão dispostos a aliviar para criminosos fortemente armados e perigosos e agir claramente contra o povo, é preciso colocá-los em seus devidos lugares. Nossa maior função é não apenas parar de lhes dar ibope, mas também começar a desprezá-los. É bom entupi-los de críticas e é bom também começarmos a valorizar o trabalho prestado pela mídia independente, aquela que é composta de bons e de maus sites, mas que é pelo menos muito mais clara no que faz.

Minhas sinceras condolências para a família dos quatro policiais brutalmente assassinados e meu sincero desejo de que um dia a justiça seja feita.
Título, Imagens e Texto: Luciano Ayan, Ceticismo Político, 20-11-2016

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