Valdemar Habitzreuter
A psicologia tem explicações
do porquê dos nossos medos, mas é a filosofia heideggeriana que, ao meu ver,
entra no cerne da questão. O medo assenta-se sobre o nada. Isto é, todo ser
humano quando nasce está aí jogado no mundo como um redondo nada. A partir
desse nada, que o constitui – sem essência alguma ainda - tem a tarefa de dar
sentido à sua vida, ser alguém, construir sua personalidade nesta existência.
Ok, tem seus momentos de
felicidade ao realizar seus projetos de vida, mas o nada o persegue e lhe tira
as perspectivas positivas de eternidade que espera da vida, e a angústia,
assim, se instala em seu ser e o persegue vida afora. Ele sabe que é um ente
finito e tudo desemboca no nada. Sabe que seus projetos, para lhe proporcionar
um futuro perene, esbarram na finitude de sua existência.
No entanto, esforça-se -
apesar de tudo acabar em nada que o angustia - por persistir na existência o
máximo que puder e ser feliz.
Para se conformar com sua
existência finita, que dia após dia se encurta cada vez mais, encara o nada
como uma forma de dar sentido existencial e procura levar uma vida autêntica
não fugindo da angústia e do medo que perpassam sua existência. É essa angústia
e esse medo da finitude que vão lhe proporcionar os ensinamentos de como pode
fazer de sua existência uma existência gostosa e feliz.
Por outro lado, aquele que
foge do medo e quer eliminar sua angústia existencial leva uma vida inautêntica
procurando toda espécie de ocupação mundana (nos prazeres fugazes e consumismo,
por exemplo) para não se lembrar de que é um ser-para-a-morte. Mas, a angústia
e o medo voltam ao cenário de sua vida assim que refletir sobre sua condição de
ente passageiro neste mundo.
Assim, a angústia e o medo
existenciais são uma oportunidade de levarmos uma vida autêntica enquanto
dura...
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 5-11-2016
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