terça-feira, 31 de março de 2020

[Foco no fosso] Corona no trampolim

Haroldo Barboza

Para uma expressiva parcela de governadores, prefeitos e legisladores incompetentes e/ou desonestos, a crise do vírus veio a calhar para esconder as más decisões e os desvios de verbas.

Nas últimas três semanas de março de 2020, não enxergamos em nenhum tipo de mídia, notas sobre os problemas sociais diários que nos acompanham há décadas. Ilustremos alguns poucos.

1) Nenhum comentário sobre ruas esburacadas – menos de 10% de veículos estão transitando e conseguem se desviar das “crateras” abandonadas sem terem seus veículos danificados.

2) Nenhuma reclamação sobre postes sem lâmpadas – menos de 2% das pessoas estão saindo à noite. No máximo uma visitinha na farmácia da esquina, num trecho onde por sorte, três postes ainda oferecem claridade.

3) Zero de reclamações sobre escolas com deficiência de estruturas, aparelhos, alimentação e limpeza. Não existem alunos usando estas instalações precárias. Portanto não há reclamação.

4) Área da saúde precária – esta manchete semanal causada por falta de remédios, equipamentos, limpezas e outros vetores sumiu dos debates. Agora tudo será debitado na conta da epidemia que apenas ajudou a agilizar as deficiências enraizadas há décadas. E pior: as verbas federais emergenciais agora liberadas também sofrerão desvios para as polpudas contas bancárias destes parasitas imorais. Nesta área crítica por natureza, já nem se fala naquela água infestada de fezes que a CEDAE (RJ) despeja em nossas casas. Ela tornou-se límpida por um passe de mágica?

Diante deste cenário favorável aos alimentadores de caos, os executivos (e alguns asseclas dos legislativos) vão procurar sempre a desarmonia durante o combate a este inimigo para o assunto não sair do cenário ao longo do ano.

Suas vaidades e desejos em montar trampolins eleitorais serão mais fortes que a intenção de acabar com a tragédia que deixará profundas cicatrizes em nossa sociedade.
Título e Texto: Haroldo Barboza, Rio de Janeiro, 31-3-2020

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