“É preciso salvar vidas sem arruinar
outras. A maioria tem de trabalhar, para sustentar suas famílias”, afirmou o
governador Mauro Mendes a Oeste
Cristyan Costa
Diferentemente de outros
Estados brasileiros, Mato Grosso apresenta indicadores positivos quando o
assunto é a covid-19. A atividade econômica está aquecida e a infecção
permanece sob controle. O sistema de saúde dá sinais de estabilidade, com 36%
de ocupação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 11,6% em leitos clínicos.
Dos 3.788 casos confirmados, 2.246 estão em isolamento, 1.203 se recuperaram e
há 101 mortes (MT tem 3,4 milhões de habitantes). Além disso, o coronavírus não
deu sinal em 45 municípios.
Para alcançar esse cenário,
algumas medidas tiveram de ser tomadas.
Em entrevista a Oeste, o
governador Mauro Mendes (DEM) [foto] conta que os preparativos para enfrentar o inimigo que veio do Leste iniciaram-se em março, com a compra de equipamentos de
segurança (o Estado foi o primeiro a adotar o uso obrigatório de máscaras) e
ampliação de UTIs. “Triplicamos o número na grande Cuiabá, onde a demanda é
maior”, diz Mendes. Quanto as equipes médicas, o governador informou que o
Estado abriu um edital, de modo a dar conta da demanda. Cerca de 750 novos
profissionais já foram contratados.
Ação não ficou
restrita à capital
De acordo com Mendes, está em
curso o processo de ampliação de leitos e demais unidades de saúde no interior
do Estado. “Para se ter ideia, construímos 210 novos leitos no Hospital
Metropolitano, em Várzea Grande (a 7,5 quilômetros de Cuiabá), com menos de R$
16 milhões. E são leitos definitivos, de excelente qualidade”, observa, ao
mencionar que não construiu hospitais de campanha em razão do alto custo, mas
sim ampliou a estrutura existente. Pois, no pós-pandemia, as unidades serão
desmontadas.
“Não compete ao
governo editar um decreto determinando a cada município o que pode fechar ou
não”
Sobre os testes para a
covid-19, Mendes relata dificuldade para adquiri-los em maior quantidade por
causa da escassez no mercado. Porém, garante que o Estado conseguiu mais de 30
mil unidades. Do governo federal, demais municípios foram contemplados com 50
mil unidades. “Além disso, aumentamos a capacidade de realização de testes
diários no nosso laboratório central, para dar mais agilidade nesse quesito.
Estamos em processo de aquisição de mais 100 mil testes”, afirma.
Descentralizar o poder foi
outra política adotada.
O governo estadual garantiu
autonomia às 141 cidades. Sendo assim, cada prefeito ficou responsável por
tomar suas próprias decisões e planejar o combate à covid-19. A política é
semelhante à adotada pela gestão de Minas Gerais sob o guarda-chuva de Romeu Zema (Novo). “Não compete ao governo editar um decreto determinando a
cada município o que pode fechar ou não”, observou Mendes. “O que fizemos foi
orientar os chefes do Executivo, via decreto, e delegar as decisões”.
No campo econômico,
a situação é de estabilidade
“Pegamos um Estado com R$ 3,6
bilhões em dívidas. Mas conseguimos virar o jogo e fechar 2019 com superávit de
mais de R$ 800 milhões depois de reduzir secretarias, renegociar contratos,
cortar cargos e tornar o Estado menos burocrático”, constata Mendes. Sendo
assim, a soma de todas essas medidas deu a Mato Grosso relativa tranquilidade
na área das finanças. Isso possibilitou que vários setores da atividade laboral
não quebrassem em razão dos impactos da pandemia.
“Não somos da turma
do fecha tudo, nem do abre tudo”
“Nós não tivemos retomada da
economia porque as atividades não foram totalmente proibidas. Salvo algumas
poucas cidades e em poucos setores”, afirma, ao confessar que não descartou
decretar lockdown no Estado, caso fosse preciso. Entretanto,
criticou a forma como o isolamento social radical foi implementado em outras
partes do país. Para ele, ocorreu no Brasil uma grande precipitação de agentes
públicos na adoção da medida. “Alguns fecharam antes da hora e estão liberando
quando deveriam estar fechando”, analisa.
Mendes é defensor de um
meio-termo na hora de decidir qual a melhor opção no enfrentamento à pandemia.
Segundo ele, esse é o método que a população de Mato Grosso tem aprovado,
apesar de haver vozes dissonantes no momento de implementar as medidas. “Não
somos da turma do ‘fecha tudo’, nem do ‘abre tudo’. É preciso fazer o correto,
que é salvar vidas sem arruinar outras, pois a imensa maioria das pessoas
precisa continuar trabalhando, para sustentar suas famílias”.
Título e Texto: Cristyan
Costa, revista Oeste, 7-6-2020, 9h
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